Home Futebol Prévia tática: os trunfos do Palmeiras de Abel Ferreira e do Santos de Cuca na busca pela Glória Eterna

Prévia tática: os trunfos do Palmeiras de Abel Ferreira e do Santos de Cuca na busca pela Glória Eterna

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca a expectativa pela grande final da Copa Libertadores da América

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.
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Toda prévia tática requer muita análise das duas equipes envolvidas e um certo exercício de “adivinhação” por parte de quem se propõe a elaborar uma reportagem desse tipo. É praticamente impossível saber o que se passa na cabeça dos treinadores e entender todas as variáveis envolvidas num jogo de futebol. Ainda mais quando o que está em jogo é a grande final da Copa Libertadores da América. O Palmeiras de Abel Ferreira e o Santos de Cuca foram dois times que surpreenderam muita gente nesses últimos meses e chegam à decisão do dia 30 de janeiro prometendo fazer aquele que com certeza será o jogo mais emocionante da história do confronto. E como esse colunista é um ser extremamente teimoso, vamos analisar a trajetória dos dois finalistas em busca da Glória Eterna e entender como Palmeiras e Santos chegaram aonde chegaram (e com todos os méritos possíveis).

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Quando se analisa o confronto que vale o título da Libertadores, a primeira coisa que salta aos olhos é a qualidade do trabalho realizado pelos dois técnicos na escolha das estratégias e na adaptação ao contexto de cada equipe. Nesse quesito, Cuca vem dando aulas de como se monta um time competitivo com poucas peças e na “beira do caos” (abraços para Ney Franco). Sem poder contratar jogadores e sofrendo com sanções da FIFA, o treinador do Santos transformou sua equipe num adversário extremamente difícil de ser batido e que “comprou” as suas ideias de jogo. As perseguições individuais estão lá, mas em menor distância para não cansar os jogadores e as transições são feitas em alta velocidade. Tudo para não deixar o adversário respirar. Além disso, o (excelente) quarteto ofensivo formado por Soteldo, Kaio Jorge, Lucas Braga e Marinho (o melhor jogador do país na atualidade) tem dado o que falar.

Marinho recebe a bola na direita, abre o corredor para as descidas de Pará e tem pelo menos quatro opções de passe na frente. Destaque para a chegada de Diego Pituca como o volante que pisa na área no 4-2-3-1/4-4-2 utilizado por Cuca no Santos. Foto: Reprodução / YouTube / Conmebol Libertadores

Toda essa dinâmica do quarteto ofensivo do Peixe ganha ainda mais profundidade e amplitude com as subidas dos laterais Pará e Felipe Jonatan ao ataque (nos corredores abertos por Marinho e Soteldo) e com a chegada de Diego Pituca na frente. Aliás, o camisa 21 do Santos é um dos jogadores mais subestimados da equipe da Vila Belmiro. Além de desempenhar papel importantíssimo na marcação (ao lado de Alison), o volante tem muita qualidade no passe, inteligência para ler e atacar espaços e ainda arranja tempo para marcar seus golzinhos. Como o primeiro da vitória sobre o Boca Juniors. Soteldo abre o campo, Lucas Braga e Kaio Jorge arrastam a marcação e Pituca aparece na entrada da área com liberdade para aproveitar a sobra e balançar as redes. Boa parte do equilíbrio defensivo e da saída de bola qualificada do Peixe são responsabilidade direta de um Diego Pituca cada vez mais seguro e confiante.

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E do outro lado da decisão temos o Palmeiras de Abel Ferreira. O treinador português não tem muito tempo de clube (sua contratação foi anunciada oficialmente no dia 30 de outubro do ano passado), mas já conseguiu deixar a sua “marca” na equipe alviverde. Talvez seu melhor momento no comando do Verdão tenha sido a vitória por 3 a 0 sobre o River Plate na Argentina. Por mais que o Palmeiras tenha jogado mal na partida de volta (e quase perdido a vaga na final), foi possível notar ali vários dos seus conceitos. Saída de bola no chão alternada com as ligações diretas para Luiz Adriano e Rony no ataque, muita marcação e pressão pós-perda e uma leitura tática quase perfeita do seu adversário. A sacada de deixar Marcos Rocha como terceiro zagueiro e posicionar Gabriel Menino como ala pela direita foi fundamental na construção da grande vitória em cima do River Plate de Marcelo Gallardo.

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Abel Ferreira prendeu Marcos Rocha na zaga e posicionou Gabriel Menino como ala pela direita num 3-4-2-1 que colocou Marcelo Gallardo no bolso. A vitória de 3 a 0 do Palmeiras sobre o River Plate foi a melhor atuação coletiva dos comandados do treinador português. Foto: Reprodução / YouTube / Conmebol Libertadores

É claro que o escrete alviverde ainda apresenta certas dificuldades para se adaptar ao estilo de jogo e à exigência física que Abel Ferreira exigem das suas equipes. Tanto que alguns jogadores do elenco vêm sofrendo com lesões nessas últimas semanas. E por mais que o 3-4-2-1 tenha funcionado contra o River Plate, é bem possível que as escalações das duas equipes nos reservem surpresas no dia 30 de janeiro. Com Marcos Rocha atuando como terceiro zagueiro, Abel Ferreira conseguiria tirar a superioridade numérica do quarteto ofensivo do Peixe, mas deixaria espaços para Alison e Diego Pituca distribuírem passes. Do outro lado, Cuca pode adiantar as linhas da sua equipe para forçar o erro na saída de bola do Palmeiras, mas daria campo para as descidas de Rony e Luiz Adriano. Como se vê, toda decisão dos treinadores tem sua consequência natural dentro de campo. Não é fácil.

Palmeiras vs Santos - Football tactics and formations

Cuca e Abel Ferreira tem escolhas difíceis para fazer. Qual time que entra em campo no sábado (30)? A base das vitórias nas semifinais serão mantidas? A postura dos jogadores em campo serão diferentes? Jogar de maneira mais reativa ou adiantar as linhas? Toda decisão dos treinadores traz consequências dentro de campo.

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Este que escreve iniciou essa análise afirmando que toda prévia tática requer muito estudo e também um exercício muito grande de adivinhação. Abel Ferreira pode voltar para o 4-2-3-1 com Raphael Veiga no meio-campo no lugar de Danilo ou até mesmo de Marcos Rocha (com Gabriel Menino sendo deslocado para a lateral). Por sua vez, Cuca pode apostar na entrada do jovem Bruninho para dar ainda mais profundidade ao ataque e aproveitar sua estatura nos cruzamentos para a área. Ou na entrada de mais um volante ao lado de Alison e Diego Pituca para reforçar a marcação e vigiar o forte ataque palmeirense. O que é certo nessa história toda é que nenhum de nós é o Professor Xavier. Não há como entrar na mente dos dois treinadores. Ainda mais quando todos os segredos de Palmeiras e Santos estão sendo guardados a sete chaves para a grande final marcada para o próximo dia 30 de janeiro no Maracanã.

Há como se esperar sim um grande jogo. Daqueles que entram para a história do futebol mundial. Sem exageros. Ainda mais diante da qualidade dos dois elencos, da história que Palmeiras e Santos carregam consigo e do duelo tático entre Abel Ferreira e Cuca à beira do gramado. Seja quem for o vencedor, a Glória Eterna estará em ótimas mãos. Sejam elas alviverdes ou alvinegras. Que vença o melhor!

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