Home Futebol Jorge Sampaoli precisa decidir o que quer fazer da vida logo de uma vez

Jorge Sampaoli precisa decidir o que quer fazer da vida logo de uma vez

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa o empate sem gols entre Atlético-MG e Fluminense em partida disputada nesta quarta-feira (10)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Antes que alguém mais desavisado pergunte, o título desta humilde análise é sim uma crítica a Jorge Sampaoli. Nem tanto pelo empate sem gols contra o Fluminense, em jogo disputado nesta quarta-feira (10), no Maracanã, mas pela péssima campanha do Atlético-MG nos jogos disputados fora de casa nesse Campeonato Brasileiro (a equipe só conquistou 19 dos 54 pontos disputados) e pelas expectativas frustradas do torcedor do Galo nessa temporada. Esperava-se muito de Sampaoli nessa temporada. Ainda mais sabendo que o treinador argentino teria apenas o Brasileirão para se preocupar numa temporada marcada pela incerteza e pela pandemia de COVID-19. Mas o que se vê nessas últimas rodadas é uma equipe sem tanta identidade e que encontra sérias dificuldades para executar seu já bem conhecido plano de jogo. Muito pouco para quem pediu tanto ao longo dos últimos meses.

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Sem Keno (lesionado), o técnico Jorge Sampaoli repetiu seu 4-3-3 costumeiro (com ataque posicional) escalando Vargas à direita, Eduardo Sasha mais centralizado e Savarino entrando em diagonal a partir da esquerda para abrir o corredor para Guilherme Arana. E como era de se esperar (até mesmo pelo estilo de jogo das duas equipes), o Atlético-MG iniciou a partida no Maracanã empurrando o Fluminense para trás e valorizando bastante a posse de bola. Do outro lado, Marcão repetia seu 4-2-3-1 costumeiro com Nenê e Fred como referências, muita velocidade nas transições para o ataque e muita organização defensiva (herança clara dos tempos em que Odair Hellmann era o técnico da equipe carioca). O Tricolor das Laranjeiras se fechou no seu campo e apenas observou o Atlético-MG trocar passes e mais passes na frente da área sem incomodar o goleiro Marcos Felipe.

Fluminense vs Atletico-MG - Football tactics and formations

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O Atlético-MG iniciou a partida valorizando a posse da bola, mas sem incomodar o Fluminense. Jorge Sampaoli repetiu seu 4-3-3 costumeiro, mas viu sua equipe esbarrar na boa marcação do Fluminense e trocar passes a esmo na frente da área. Savarino e Vargas jogavam pelos lados com Eduardo Sasha vindo mais por dentro.

A dificuldade percebida na equipe de Jorge Sampaoli para fazer o simples chegou a impressionar até mesmo os fãs mais ardorosos do trabalho do argentino. É compreensível que o treinador queira basear seu jogo na troca de passes e na intensidade nas transições. O problema aqui é que o Atlético-MG parece “travar” diante de equipes bem armadas defensivamente. Não é por acaso que o Galo tenha finalizado tão pouco no empate sem gols com o Fluminense. De acordo com o SofaScore (ver tweet abaixo), a equipe de Sampaoli finalizou oito vezes com apenas uma bola indo na direção do gol de Marcos Felipe (um chute de Guilherme Arana já nos acréscimos). É verdade que Keno vem fazendo muita falta e ainda existe a esperança que Hulk resolva esse problema no comando de ataque. Por outro lado, o badalado Eduardo Vargas ainda “não estreou” no Atlético-MG. Mais uma péssima partida do chileno.

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Não é exagero afirmar que o Fluminense poderia ter saído do Maracanã com os três pontos, já que Fernando Pacheco e Michel Araújo obrigaram o goleiro Èverson a trabalhar nos minutos finais da partida. Vale destacar aqui que Marcão notou que a recomposição defensiva no Atlético-MG não era das melhores e tratou de colocar sangue novo em campo na segunda etapa. Tudo para pegar a defesa do seu adversário adiantada e aproveitar o espaço que surgia a partir das subidas de Guga e Guilherme Arana ao ataque. Sampaoli ainda tentou dar fôlego ao Galo com as entradas de Calebe, Diego Tardelli, Nathan e Marrony, mas não conseguiu mudar o panorama. O Atlético seguia trocando passes na frente da área sem conseguir concluir a gol. É bem verdade que a equipe mineira teve (pelo menos) três boas chances na segunda etapa. Mas o número baixo de finalizações a gol preocupa bastante. Dentro e fora de campo.

Atletico-MG vs Fluminense - Football tactics and formations

Sampaoli mandou Calebe, Diego Tardelli, Nathan e Marrony para o jogo, mas viu o Atlético-MG seguir falhando nas conclusões a gol e sofrendo nos contra-ataques. Do outro lado, o Fluminense de Marcão manteve a boa consistência defensiva e poderia até ter levado os três pontos pra casa nos acréscimos.

A trajetória de Jorge Sampaoli no futebol é vitoriosa e seu trabalho é reconhecido mundialmente. Mas é bem complicado não observar seu trabalho no Atlético-MG com um certo ar de frustração. Primeiro, pelo elenco montado ao longo dos últimos meses. E depois, pelo simples fato da equipe mineira estar APENAS disputando o Campeonato Brasileiro enquanto que seus adversários diretos na briga pelo título concentravam suas forças em outras competições. É bem verdade que a temporada e o contexto são completamente atípicos e que toda análise deve levar em consideração esses dois fatores que influenciaram no futebol praticado em todo o planeta. E talvez seja exatamente o motivo que nos leve a concluir que Sampoali mereça sim mais tempo no comando do Atlético-MG. No entanto, a impressão que fica é a de que o argentino não sabe bem o que deseja para sua equipe. Ou o que deseja para seu próprio futuro.

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O Atlético-MG ainda tem chances (remotas) de levar o título do Brasileirão, mas há quem diga que o melhor a se fazer é focar nas próximas competições, fazer uma limpeza no elenco do Galo e corrigir os problemas da equipe antes do início da próxima temporada. É exatamente por isso que Jorge Sampaoli precisa decidir o que quer da vida. Ou foca nos últimos três jogos do Brasileirão ou já pensa no seu futuro. Ainda mais com o Olympique de Marselha de olho.

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