Home Futebol Corinthians atropela o Santiago Morning sem dó nem piedade e segue firme na busca de mais uma Libertadores

Corinthians atropela o Santiago Morning sem dó nem piedade e segue firme na busca de mais uma Libertadores

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como o time de Arthur Elias construiu a goleada em cima do escrete chileno

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Quatro vitórias em quatro jogos, impressionantes TRINTA E QUATRO gols marcados (média de 8,5 por partida) e nenhum sofrido além de uma clara superioridade técnica e tática contra todos os adversários até o momento. Esse é um breve resumo da campanha do Corinthians de Arthur Elias na Libertadores Feminina. E a vítima da vez foi o Santiago Morning (equipe da ótima lateral Javiera Roa e que arrancou um empate com o Avaí/Kindermann na primeira fase) que, ao contrário do que alguns podem pensar, não se trata de nenhuma “carne assada”, como diziam os mais antigos. Só que a equipe de Gabi Nunes, Vic Albuquerque, Tamires, Yasmin e Adriana (a melhor em campo na humilde opinião deste que escreve) jogou como se fosse por música. Velocidade nas transições, bom posicionamento ofensivo e a já conhecida pressão pós-perda dos times de Arthur Elias. Uma aula de futebol no Estádio José Amalfitani.

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A estratégia do Santiago Morning só deu certo até os 11 minutos de partida em Buenos Aires. Bastou que o sistema defensivo falhasse pela primeira vez para que o Corinthians mostrasse as suas credenciais com Grazi servindo Gabi Nunes no lance do primeiro gol. Depois disso, o escrete comandado por Arthur Elias utilizou a já bem conhecida força do seu ataque posicional para marcar mais três vezes com Gabi Nunes (mais uma vez), Grazi e Crivelari (num chutaço de trivela que merecia ser emoldurado). O Corinthians mantinha atacava em bloco, com muito volume de jogo e muita movimentação no terço final. Se Tamires se lança como “ponta”, Adriana joga mais por dentro. Se Grazi avança para a área, Gabi Nunes recua para esperar o rebote. Tudo isso e muito mais. E ainda havia Gabi Zanotti e Andressinha dando o tom das jogadas qualificando a saída de bola com uma qualidade absurda.

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O Coritnhians atacava com pelo menos sete jogadores e colocava muita intensidade nas transições. Tamires e Adriana trocavam de posição a todo instante e Grazi fez ótima partida jogando como uma espécie de “segunda atacante” logo atrás de Gabi Nunes. Foto: Reprodução / YouTube / Conmebol Libertadores

É bem verdade que o Santiago Morning colaborou demais com o Corinthians ao conceder verdadeiras crateras entre as linhas do 4-3-3/4-3-1-2 da técnica Paula Navarro. A ideia da equipe chilena era povoar o meio-campo com o recuo da atacante Daniela Pardo como uma espécie de “falsa nove”, mas o que se viu foi uma desorganização muito grande entre os setores. A vida das “Bohemias” ficou ainda mais complicada quando Gabi Nunes abriu o placar. A concentração e o ânimo da equipe foram para o espaço em poucos minutos. Tanto que o Corinthians balançou as redes quatro vezes em apenas 12 minutos, praticamente acabando com qualquer chance de reação do seu adversário. E com tantos espaços pela frente, fica extremamente complicado segurar o ímpeto de uma equipe que tem Tamires armando o jogo, Adriana se lançando e Gabi Nunes abrindo espaços na frente. O atropelamento foi real.

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O Santiago Morning facilitou demais a vida do Corinthians ao conceder espaços generosos na frente da linha defensiva e errar demais nos botes. Bastou colocar um pouco de intensidade nas movimentações para que os gols saíssem sem muitas dificuldades. Foto: Reprodução / YouTube / Conmebol Libertadores

Também é preciso dizer que, mesmo com a “ajuda” do Santiago Morning, o time do Corinthians tem todos os méritos na goleada por 7 a 0 (fora o baile). Se as comandadas de Arthur Elias atacam em bloco, a pressão pós-perda e as linhas de marcação adiantadas foram outras armas da equipe paulista na partida deste domingo (14). Tudo para forçar o erro na saída de bola das suas adversárias e bloquear as linhas de passe no meio-campo. Se Gabi Nunes e Adriana apertam a marcação no lado esquerdo, Grazi dá profundidade pelo meio e Crivelari abre o campo no lado direito. Além disso, Tamires, Andressinha e Gabi Zanotti também se aproximam da jogada para dar o bote ou oferecer opção de passe no caso da bola roubada. Foi exatamente dessa maneira que saiu o quarto gol do Corinthians. Pressão na portadora da bola, jogada em profundidade e “ponta” pegando a sobra. Organização e boa execução dos movimentos.

Gabi Nunes e Adriana forçam o erro das adversárias. Bola roubada e jogada em profundidade. Cruzamento feito para o meio da área e Crivelari pega a sobra. O quarto gol do Corinthians nasceu dessa marcação mais adiantada e do ótimo posicionamento das jogadoras. Foto: Reprodução / YouTube / Conmebol Libertadores

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É preciso dizer que a partida foi completamente resolvida nos primeiros 45 minutos. Só que Arthur Elias aproveitou a vantagem no placar para descansar algumas de suas jogadoras e manter o volume de jogo. A goleada de 7 a 0 poderia ter sido maior se Vic Albuquerque não tivesse desperdiçado penalidade mais para o final da partida. Mesmo assim, o time do Corinthians mostrou a sua superioridade mais uma vez e sem sofrer sustos. Sempre atacando e defendendo em bloco, com uma saída em alta velocidade para o ataque e com um volume de jogo impressionante para o nível do futebol jogado aqui na América do Sul. Opções no banco de reservas não faltam. Seja para mudar o desenho tático da equipe ou apenas para trocar “seis por meia dúzia”. Não há como não colocar o time do Corinthians como franco favorito ao título da Copa Libertadores da América Feminina. Este que escreve nunca vai se cansar de elogiar.

Mas ser favorito é uma coisa. Vencer é outra. Arthur Elias e suas atletas fazem um trabalho incrível no Corinthians e jogam um futebol que enche os olhos nos aspectos técnicos e táticos. Só que é preciso calças as “sandálias da humildade”. Ainda mais numa competição traiçoeira como a Libertadores. Ainda faltam dois jogos para a “Glória Eterna”. O Timão está no caminho certo. É manter o foco e o bom desempenho dentro de campo.

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