Home Futebol Palmeiras mostra consistência e vence um Grêmio preguiçoso e sem ideias no “primeiro round” da final da Copa do Brasil

Palmeiras mostra consistência e vence um Grêmio preguiçoso e sem ideias no “primeiro round” da final da Copa do Brasil

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a vitória do escrete de Abel Ferreira e as escolhas ruins de Renato Gaúcho

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Nada resume melhor a atuação do Grêmio no jogo de ida da final da Copa do Brasil do que a palavra preguiça. Pelo menos na humilde opinião deste que escreve. A impressão que ficou da derrota (justa) para o Palmeiras neste domingo (28) foi a de que o técnico Renato Gaúcho não conseguiu fazer sua equipe jogar com um mínimo de intensidade dentro de seus domínios. Mesmo jogando com um a mais em campo durante boa parte do segundo tempo. Depois de um início razoável, o Tricolor Gaúcho não fez nada além de cruzar bolas na área e buscar as ligações diretas para Diego Souza no comando de ataque. Muito pouco para um elenco com tantos bons jogadores e para enfrentar um adversário que fez uma partida correta e consistente. No quesito ideias de jogo, suas aplicações e criatividade com a posse da bola, Abel Ferreira venceu Renato Gaúcho com uma boa margem nesse “primeiro round” da decisão da Copa do Brasil de 2020.

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Este que escreve já havia revelado sua expectativa por um duelo mais estudado e muito brigado no meio-campo na prévia tática publicada no último sábado (27). Mas o que impressionava era a falta de mobilidade do Grêmio de Renato Gaúcho. Matheus Henrique e Maicon até que tentavam acelerar o jogo, mas esbarravam na péssima atuação do trio de meias do 4-2-3-1 preferido do técnico gremista. Do outro lado, o Palmeiras de Abel Ferreira se guardava mais no seu campo e explorava bem os lados do campo. Principalmente o esquerdo, com as descidas de Viña e Wesley em cima do lento Victor Ferraz e do sobrecarregado Paulo Miranda. O único gol do jogo saiu em cobrança de escanteio de Raphael Veiga. Gustavo Gómez (o melhor em campo na opinião deste colunista) aproveitou o cochilo da defesa do Grêmio e soltou um míssil de cabeça que Paulo Victor não conseguiu segurar. Resultado justo no primeiro tempo.

Se Zé Rafael dava boa dinâmica ao meio-campo do Palmeiras e Luiz Adriano levava a defesa gremista à loucura com sua intensa movimentação, Jean Pyerre e Pepê foram os piores em campo. O camisa 10 do Tricolor Gaúcho jogou recuado demais e parecia em outra rotação. Não é absurdo dizer que a equipe de Renato Gaúcho sentiu muito a falta dos seus passes precisos no terço final. E o camisa 25 dava a impressão de estar com a cabeça no seu novo clube. E diante desse cenário, Renato Gaúcho pouco fez para mudar o ânimo de um Grêmio sem ideias e até mesmo com uma certa preguiça de pensar em algo além de levantar bolas na área. As orientações dadas aos jogadores à beira do gramado deixavam bem claro que o técnico do Imortal não sabia de onde tirar soluções para resolver os problemas da equipe. Enquanto isso, o Palmeiras seguiu mandando no jogo. Pelo menos até a tola expulsão de Luan aos onze minutos do segundo tempo.

Com um a menos, Abel Ferreira reorganizou o Palmeiras numa espécie de 5-3-1 com Marcos Rocha atuando como zagueiro (ao lado de Empereur e Gustavo Gómez), Mayke fechando o lado direito e Gabriel Verón tentando segurar a bola no ataque. Enquanto isso, Renato Gaúcho emplacou uma espécie de 3-2-5 com uma linha de atacantes formada por Ferreirinha (jogador que merece mais chances no time titular), Churín, Diego Souza, Isaque e Pepê. Mesmo assim, o panorama não mudou. O Grêmio seguiu levantando bolas na área (de acordo com as orientações do seu treinador), não conseguiu acelerar as trocas de passe e continuou completamente estático. Essa postura facilitou e muito a vida de um Palmeiras ligado em cada bola e que aproveitou demais a atuação ruim do seu adversário. Abel Ferreira foi preciso nas substituições e soube explorar todas as (muitas) deficiências do seu adversário na noite desse domingo (28).

Minha querida avó Laurita costumava dizer que “o preguiçoso trabalha mais do que o trabalhador”. O Grêmio de Renato Gaúcho pode até ser o campeão da Copa do Brasil dentro do Allianz Parque, já que o próprio Palmeiras perdeu a chance de encaminhar o título em Porto Alegre (lembrando que Luiz Adriano e Rony desperdiçaram oportunidades incríveis de balançar as redes). No entanto, se realmente quiser atingir esse objetivo, o técnico gremista precisa abandonar o discurso de críticas à arbitragem e observar seus últimos meses de trabalho com muita atenção e cuidado. O Tricolor Gaúcho se transformou numa equipe reativa ao extremo e que parece ter “preguiça de pensar”, de encontrar soluções para vencer as defesas adversárias e fazer algo além de levantar bolas na área. E Renato tem boa parcela de culpa nisso. Principalmente por maquiar as atuações ruins da equipe gaúcha com sua fanfarronice e suas bravatas.

Apesar de tudo, a disputa do título da Copa do Brasil ainda está aberta e o Grêmio tem elenco e condições de vencer o Palmeiras de Abel Ferreira (que também não fez grande partida em Porto Alegre) em São Paulo. Só que Renato Gaúcho terá que deixar a preguiça de lado e usar os dias que antecedem a partida de volta para corrigir os problemas da sua equipe e encontrar soluções. O deserto de ideias na sua equipe é evidente.

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