Home Futebol Roger Machado recebe Fluminense consistente na defesa e insinuante no ataque; confira a análise

Roger Machado recebe Fluminense consistente na defesa e insinuante no ataque; confira a análise

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a chegada do novo treinador e o legado deixado por Marcão no comando do Tricolor das Laranjeiras

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

A campanha do Fluminense no Campeonato Brasileiro de 2020 surpreendeu muita gente. Foram 18 vitórias, dez empates e dez derrotas, com 55 gols marcados e 42 sofridos. Ótimos números para quem não fazia parte dos candidatos a uma vaga no G6 antes da competição começar. Não é difícil concluir que o trabalho iniciado no início da temporada por Odair Hellmann teve sua continuidade com Marcão rendeu ótimas notícias para o torcedor. A principal delas não poderia ser outra senão a vaga na próxima edição da Copa Libertadores da América. O Fluminense é hoje uma equipe consistente na defesa, bastante coesa no meio-campo e muito insinuante no ataque. Ainda mais com a união da experiência de nomes como Fred e Nenê e a juventude da molecada formada em Xerém. É esse o Tricolor das Laranjeiras que Roger Machado recebe de Marcão. Um time que tem condições de chegar bem longe.

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Não é exagero afirmar que Marcão (além de dar continuidade ao bom trabalho de Odair Hellmann) conseguiu transformar o Fluminense num time extremamente competitivo e muito difícil de ser batido. A equipe das Laranjeiras mostrou uma ótima capacidade de adaptação às adversidades de cada jogo ou desse contexto louco em que vivemos atualmente. E toda essa resiliência pode ser muito bem aproveitada por Roger Machado no comando do Flu. Ainda mais quando o time já utiliza alguns dos seus conceitos aplicados em outras equipes: defesa forte e consistente, meio-campo dinâmico, muita intensidade nas transições e muita mobilidade no ataque. Tudo para fechar espaços na defesa e acelerar em alta velocidade nos contra-ataques. É bem verdade que o Fluminense de Marcão fazia perseguições mais longas na defesa, mas tudo era feito sem que a equipe perdesse a organização na frente da sua área.

O Fluminense de Marcão manteve a consistência defensiva dos tempos de Odair Hellmann aplicando pequenas perseguições na frente da área. Os pontas recuavam para ajudar na marcação, Nenê recuava para armar as jogadas e o atacante de referência sempre estava pronto para receber o passe na frente. Foto: Reprodução / Premiere

É bom lembrar que o Fluminense também tem um jeito muito particular de atacar dependendo de quem esteja em campo. Contra o Ceará, por exemplo, Luiz Henrique, Lucca, John Kennedy e Nenê formaram o quarteto ofensivo. Todas as jogadas ofensivas tinham o camisa 77 como referência. Se ele caía mais pelo lado do campo (onde tinha mais espaço para acionar os companheiros de equipe), os demais se reorganizavam para manter o desenho tático básico (o 4-2-3-1 costumeiro de Marcão). Se Nenê recebia o passe mais por dentro, Luiz Henrique e Lucca abriam o campo e John Kennedy atacava o espaço que surgia a partir dessa movimentação dos pontas do Fluminense. É algo que Roger Machado pode aproveitar na montagem de uma equipe ainda mais agressiva e insinuante nos contra-ataques. Ainda mais com tantos atletas promissores surgindo nas categorias de base do Tricolor das Laranjeiras.

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Nenê recebe a bola no meio-campo e rapidamente os pontas Luiz Henrique e Lucca abrem o campo e John Kennedy se prepara para atacar o espaço que vai surgir na zaga adversária. O Fluminense de Marcão era envolvente e insinuante no ataque e sabia muito bem como abrir defesas. Foto: Reprodução / Premiere

Mas o Fluminense ainda tem Fred. E não é nenhum absurdo afirmar que o veterano atacante ainda tem condições de colocar a sua experiência a serviço de uma equipe que sabe o que deve fazer com a bola. Méritos de Marcão, que encontrou lugar para ele e para Nenê na equipe sem que esta perdesse velocidade nas transições. Ainda que o camisa 9 não tenha mais condições de suportar tanta intensidade durante os noventa minutos. E ainda há o garoto Martinelli, talvez o melhor jogador revelado na base tricolor nesses últimos anos. Com ele em campo, o Fluminense se arma numa espécie de 4-1-4-1 que ocupa o campo de ataque e que tem em Fred uma referência ofensiva que abre espaços nas defesas dos seus oponentes com movimentos simples. Contra o Bahia, por exemplo, Fred abriu o jogo e Nenê entrou em diagonal a partir do lado esquerdo enquanto Lucca e Luiz Henrique davam profundidade à jogada de ataque.

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Fred recebe no lado do campo, Martinelli avança e Luiz Henrique e Lucca arrastam a defesa adversária. Enquanto isso, Nenê aproveita o espaço criado pela movimentação dos atacantes do Fluminense para entrar em diagonal e se posicionar para receber o cruzamento. Boa dinâmica colocada por Marcão. Foto: Reprodução / TV Globo

O Fluminense pode ter passado por maus momentos entre a saída de Odair Hellmann e a adaptação completa dos jogadores às ideias de jogo propostas por Marcão. Diante disso, não é difícil concluir que Roger Machado (embora se utilize de vários dos conceitos apresentados anteriormente) também vá precisar de um certo tempo para se adaptar e aproveitar o legado deixado pelos seus antecessores. Ainda que seus últimos trabalhos não tenham sido tão consistentes apesar do início promissor. Caso do Bahia bicampeão estadual em 2019 e 2020 e finalista da Copa do Nordeste na última temporada. Por outro lado, a sua identificação com o Fluminense e a sua amizade com Marcão pode ser determinantes no seu sucesso à frente da equipe. Ainda mais quando se nota que o Tricolor das Laranjeiras já possui um jeito de jogar bem definido. Roger Machado recebe um Flu bem treinado e bastante coeso em todos os setores. Sem exageros de nenhuma parte.

É mais do que natural que todo treinador queira colocar a sua “marca” em cada equipe que comande. É assim em todo lugar do mundo e no Fluminense não será diferente. Odair Hellmann e Marcão iniciaram o trabalho e Roger Machado terá a missão de dar continuidade a todo esse processo. Ele vai sim implementar seus conceitos e fazer adaptações com relação ao que ele pensa sobre futebol. Mas é preciso deixar bem claro que essa é uma união extremamente promissora e que pode dar muitos frutos.

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