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Fernando Tatis vs Trevor Bauer e outras polêmicas recentes na MLB

As polêmicas parecem estar rodando a MLB a todo instante

Thais May Carvalho
Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero e mestranda de Ciências da Comunicação na Universidade de São Paulo, sou colaboradora do Torcedores.com desde 2020. Escrevo sobre diversas modalidades, com foco mais voltado para futebol americano, beisebol, surfe, tênis, futebol, hóquei no gelo e basquete.
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Na última série contra os Dodgers, Fernando Tatis bateu nada menos do que 5 home runs em Los Angeles. No entanto, não foram só suas comemorações que chamaram a atenção nas redes sociais. Antes de bater um HR na sexta entrada do jogo de sábado, seu segundo do dia sobre Trevor Bauer, Tatis parece olhar por um segundo os sinais que Will Smith estava passando para seu arremessador.

O comentário atento de um fã no Twitter foi suficiente para que os times e os torcedores repercutissem o caso por diversos dias. Em sua conta, Bauer retuitou o vídeo e ainda disse “Se você precisa saber tanto saber qual arremesso está vindo, pergunte ao papai educadamente da próxima vez @tatis_jr. Você sabe que eu não tenho medo.”. Tatis não deixou o comentário passar ileso, e respondeu “Tranquilo, filho”, com uma foto dele segurando uma criança com o rosto do arremessador.

Em seu canal do YouTube, Bauer falou mais sobre o caso: “Estou bravo com as celebrações e os bat flips e todas essas coisas? Não. No entanto, se você começar a olhar para os sinais, se começar a fazer essas coisas de segunda linha, é quando as pessoas ficam irritadas. O policiamento do beisebol em si, é aqui que aconteceria… não há regra que diga que você não pode olhar para trás… não há regra que diga que eu não posso enfiar uma bola rápida em suas costelas.”.

Para aqueles que não acompanham a MLB de perto, o que Fernando Tatis fez não é ilegal, mas vai contra as regras não escritas do jogo. Dave Roberts, técnico dos Dodgers, disse que não viu o que aconteceu, mas “quando você fala sobre espiar, não é assim que você joga beisebol. Eu não sei, eu não analisei ou vi isso. Tenho um grande respeito pelo Fernando como jogador… mas se for esse o caso, isso ficará registado.”.

Os Padres falaram em defesa de Tatis, alegando que se você congelar uma imagem, qualquer interpretação é possível. Eric Hosmer também afirmou: “Não acho que Tati estava olhando para os sinais. Eu nunca o vi fazer isso. Certamente não vi ontem à noite.”.

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No jogo de domingo, Los Angeles não tentou “se vingar” do possível roubo de sinal. Na verdade, Tatis conseguiu mais um home run, dessa vez sobre Dustin May e sem nenhuma polêmica. O máximo que aconteceu foi o organista dos Dodgers tocar a música “The Sign”, da banda Ace of Base.

POLÊMICAS ESTÃO POR TODO LADO NA MLB

Se Tatis olhou ou não o sinal do catcher é difícil de saber. Mas a verdade é que a MLB parece sempre estar rodeada de polêmicas, e nos últimos anos isso ficou em bastante evidência. Entre eles estão o escândalo de roubo de sinais dos Astros e dos Red Sox (esses sim ocorreram) e, o mais recente deles, o uso de substâncias ilegais por arremessadores.

Em suas redes sociais, Trevor Bauer tem alertado que os pitchers estão utilizando produtos químicos que aumentam a quantidade de giros por minuto da bola, o que dificulta a vida dos rebatedores. Um dos casos mais comentados é o de Gerrit Cole, que foi de um arremessador comum em Pittsburgh para um candidato a Cy Young nos Astros. Seu “spin rate”, que ficava na casa dos 2100 em 2015, foi para mais de 2500 depois de chegar em Houston. Ele atribui a melhora aos conselhos de Justin Verlander, mas Bauer afirma que é praticamente impossível ter um aumento tão grande na rotação, a não ser que você esteja usando alguma substância, como o alcatrão.

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Em 2020, o Los Angeles Angels demitiu seu gerente de vestiário, pois ele estaria vendendo uma substância grudenta para arremessadores da MLB. Em sua defesa, Brian Harkins mostrou mensagens de texto de Cole pedindo ajuda com “a situação pegajosa”. Ele também diz que a liga possui evidências de que outros jogadores fazem o mesmo, como Justin Verlander, Max Scherzer, Felix Hernández, Corey Kluber e Adam Wainwright. Na verdade, estima-se que até 75% dos arremessadores façam isso, e há alegações de que times contrataram químicos para desenvolver sua própria substância para atrair os jogadores. 

De forma geral, a quantidade de rotações nos arremessos vem aumentando e o desempenho dos rebatedores está caindo ano a ano na MLB, o que pode indicar essa prática generalizada. Levando tudo isso em consideração, em março deste ano, a liga disse que vai aumentar a investigação sobre o uso de substâncias pegajosas. Eles avaliarão a quantidade de giros dos arremessos e inspecionarão as bolas usadas nos jogos.

Para Bauer, essas medidas não surtirão nenhum efeito. “Se eu lançar um arremesso e ele for jogado para fora (do jogo), testado e depois tiver uma substância estranha nele, como eles sabem que veio de mim e não da luva do catcher ou da luva do terceira base? Ou em um foul ball, o que aconteceria se acertasse o cabo do bastão onde um rebatedor tem alcatrão ou qualquer outra substância que ele queira, o que é completamente legal desde que não vá muito longe no bastão? Como eles vão dizer que fui eu e me culpar por usar uma substância estranha quando ela poderia ter vindo de qualquer outro lugar que é legal?”.

Se os rebatedores recorreram à tecnologia para roubar sinais, os arremessadores estão utilizando a química para melhorar seus arremessos. É como diz o ditado, se você não está trapaceando, você não está tentando.

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