Home Futebol Fluminense consegue travar o River Plate com bom jogo coletivo e sem abrir mão do ataque

Fluminense consegue travar o River Plate com bom jogo coletivo e sem abrir mão do ataque

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa o empate entre as equipes comandadas por Roger Machado e Marcelo Gallardo

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.
PUBLICIDADE

O empate contra o sempre favorito River Plate de Marcelo Gallardo pode não ter sido o resultado que parte da torcida do Fluminense esperava. No entanto, é possível dizer sem medo de errar que a equipe de Roger Machado não sentiu a pressão do poderoso adversário, não abriu mão do seu estilo de jogo e ainda poderia ter saído do Maracanã com a vitória se Angileri não tivesse travado chute de Lucca no último momento. Há como se questionar algumas das escolhas do treinador tricolor (principalmente as saídas dos jovens Kayky e Luiz Henrique) durante a partida disputada nesta quinta-feira (22), mas o ponto conquistado no Maracanã contra um dos grandes favoritos ao título na Copa Libertadores da América é sim um bom resultado e pode fazer a diferença na briga por uma vaga nas oitavas de final. Resultado que Junior Barranquilla e Santa Fe podem não conquistar contra o River Plate.

Apesar da boa atuação, é preciso dizer que o Fluminense não começou a partida muito bem. Aos 10 minutos, Yago Felipe errou passe na intermediária, Montiel lançou Borré pela direita e o goleiro Marcos Felipe cometeu penalidade completamente desnecessária em cima do atacante do River Plate. O mesmo Montiel cobrou bem e abriu o placar no Maracanã. Ainda que o escrete comandado por Roger Machado tenha sentido um pouco o peso da partida, os jogadores foram se achando aos poucos no 4-2-3-1 básico e que colocava muita velocidade pelos lados com Luiz Henrique e Kayky. Do outro lado, Marcelo Gallardo repetia o seu 4-1-3-2 costumeiro com De la Cruz jogando logo atrás de Borré e Julián Álvarez e com Casco vigiando bastante as descidas do Tricolor das Laranjeiras pelo lado esquerdo da equipe argentina. O Flu conseguiu equilibrar a partida depois de demorar para se recuperar do gol sofrido.

River Plate vs Fluminense - Football tactics and formations

PUBLICIDADE

Roger Machado armou o Fluminense num 4-2-3-1 com bastante velocidade pelos lados do campo. Só que Marcelo Gallardo posicionou Casco como um lateral adcional pelo lado esquerdo do River Plate com o objetivo de ter mais um jogador no setor para vigiar as subidas de Calegari e Kayky ao ataque.

O River Plate quase balançou as redes mais uma vez aos oito minutos do segundo tempo, mas Marcos Felipe se redimiu da falha na primeira etapa e salvou gol quase certo de Borré. Essa foi a senha para Roger Machado mexer na equipe do Fluminense. Há como questionar a saída de Kayky do jogo (para a entrada de Gabriel Teixeira). Ainda mais quando o garoto de 17 anos parecia estar disputando uma partida das categorias de base. Impressionante como o jovem da camisa 37 não sentiu o peso e o tamanho do adversário. Por outro lado, Roger acertou em cheio com a entrada de Cazares no lugar de Nenê. O meia equatoriano deu outro ânimo ao meio-campo do Fluminense com muita movimentação, boa leitura dos espaços e passes milimétricos. Exatamente como o que deixou Fred na cara de Armani no lance do gol de empate do Tricolor das Laranjeiras aos 20 minutos do segundo tempo. Cazares foi um dos melhores do Flu em campo. Sem exagero.

O que se via no Maracanã era um jogo correto de um Fluminense que não se intimidou com o River Plate e que chegou a equilibrar as ações no meio-campo. Mesmo com algumas alterações meio afobadas de Roger Machado. Luiz Henrique era outro que fazia boa partida e fazia boa dupla com Egídio no lado esquerdo e Fred (que pode ter saído por conta do cansaço ou do temor de alguma lesão) impunha respeito quando recebia a bola no ataque e acionava Cazares, Gabriel Teixeira e companhia nas transições ofensivas em alta velocidade. Essa postura do escrete das Laranjeiras contrastava com uma certa lentidão e baixa intensidade do River Plate. Este que escreve não foi o único que viu a equipe de Marcelo Gallardo abusar da lentidão nas trocas de passe e nas transições ofensivas e defensivas. Nem mesmo a alteração para um 4-3-3 mais nítido com as entradas de Simón, Beltrán e Girotti mudaram esse panorama.

Fluminense vs River Plate - Football tactics and formations

PUBLICIDADE

Cazares deu muito mais velocidade e dinâmica ao meio-campo do Fluminense ainda que Roger Machado tenha sacado Kayky e Luiz Henrique cedo demais. O River Plate, por sua vez, pecava pela lentidão nas transições e nas trocas de passe. Nem mesmo a alteração para algo mais próximo de um 4-3-3 resolveu esse problema.

Ainda que este que escreve não tenha concordado com algumas das escolhas de Roger Machado para o jogo, é preciso dizer que o Fluminense teve uma boa atuação coletiva. Tirando os erros individuais e os pequenos ajustes que ainda se fazem necessários no sistema defensivo do Tricolor das Laranjeiras, a equipe como um todo bateu de frente com o River Plate e aproveitou bem a noite abaixo da média do adversário desta quinta-feira (22) para colocar seu plano em prática. Faltou mais capricho (e também um pouco de sorte) nas conclusões a gol e no último passe. De qualquer maneira, o saldo é bastante positivo. O Fluminense conquistou um resultado importante contra uma das melhores equipes do continente. Resultado esse que pode não ser alcançado pelo Santa Fe e pelo Junior Barranquilla nas próximas rodadas. Além disso, Roger Machado encontrou em Cazares uma ótima opção para dar mais mobilidade e velocidade ao time carioca.

Difícil também não exaltar a fase de Fred no ataque do Fluminense. Mesmo sem o vigor físico de outros anos, o camisa 9 do Tricolor das Laranjeiras ainda é um dos grandes atacantes em atividade no país. Enquanto teve fôlego, foi um dos atletas mais perigosos do time de Roger Machado e preocupação constante da zaga do River Plate. Subiu de produção com a entrada de Cazares e mostrou que ainda pode ser extremamente útil numa equipe cheia de jovens da base.

CONFIRA OUTRAS ANÁLISES DA COLUNA PAPO TÁTICO:

PUBLICIDADE

Erros individuais, falta de confiança e outra derrota nos pênaltis: os pecados do Palmeiras na Recopa Sul-Americana

Virada do Flamengo sobre o Vélez Sarsfield não pode esconder os problemas crônicos da equipe; entenda

SIGA LUIZ FERREIRA NO TWITTER