Home Futebol Contexto da partida foi fundamental na vitória fácil da Seleção Brasileira sobre a Venezuela; entenda

Contexto da partida foi fundamental na vitória fácil da Seleção Brasileira sobre a Venezuela; entenda

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a vitória da equipe comandada por Tite sobre “La Vinotinto” na rodada de abertura da Copa América

Por Luiz Ferreira em 14/06/2021 00:05 - Atualizado há 2 anos

Lucas Figueiredo / CBF

É verdade que a Seleção Brasileira teve todos os méritos na construção da vitória fácil sobre a Venezuela na rodada de abertura da (polêmica) edição de 2021 da Copa América. Os 3 a 0 nasceram de toda a variação tática colocada pela equipe comandada por Tite diante de um adversário que já sofreria bastante se tivesse entrado em campo com sua força máxima. No entanto, o surto de COVID-19 no elenco venezuelano tornou a missão do técnico José Peseiro muito mais complicada. O contexto que envolvia a partida desse domingo (13) na Arena Mané Garrincha acaba sendo fundamental para se entender como Neymar, Richarlison e companhia conseguiram superar “La Vinotinto” com muito mais facilidade do que na vitória magra do escrete canarinho sobre a mesma equipe na terceira rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo. Na prática, o que se viu foi uma Venezuela que tentou não sofrer uma goleada histórica.

HIGHLIGHTS BRASIL 3 - 0 VENEZUELA | COPA AMÉRICA 2021 | 13-06-21

Conforme já adiantado aqui na coluna PAPO TÁTICO, Tite apostou alto nessa Copa América ao optar pelos jogadores considerados titulares para tentar o bicampeonato da competição. Com a Seleção Brasileira organizada no 4-3-3/4-1-4-1 (com Lucas Paquetá e Fred se aproximando do trio ofensivo e Renan Lodi aparecendo no ataque como um autêntico ponta-esquerda), o escrete canarinho dominou completamente uma Venezuela completamente desfigurada e apenas tentou se defender do jeito que dava. O gol de Marquinhos (marcado aos 22 minutos do primeiro tempo após cobrança de escanteio da esquerda) apenas consolidava o enorme abismo técnico e tático entre as duas equipes e a clara superioridade dos comandados de Tite com e sem a posse da bola. Fosse a Seleção Brasileira um pouco mais caprichosa nas conclusões a gol, a equipe poderia ter ido para o intervalo com uma boa vantagem no placar.

Venezuela vs Brasil - Football tactics and formations

A Seleção Brasileira dominou as ações no campo com extrema facilidade jogando no 4-3-3/4-1-4-1 preferido de Tite. A Venezuela tentou se fechar no seu campo com uma linha de cinco defensores na frente da área e explorar os contra-ataques, mas acabou esbarrando nas próprias limitações técnicas e táticas.

Por mais que a equipe comandada por Tite seja realmente MUITO superior ao adversário deste domingo (13), precisamos reconhecer que o contexto da partida teve influência clara em tudo o que vimos dentro de campo. Por conta do surto de COVID-19 no elenco venezuelano, o técnico José Peseiro precisou convocar quinze novos jogadores para formar um time minimamente coeso para enfrentar uma pedreira logo na rodada de abertura da Copa América. É lógico que a Seleção Brasileira não tem nada a ver com o assunto e fez aquilo que se esperava dela (ainda que jogando em ritmo de treino) e venceu a partida sem muitas dificuldades. Só que a postura da Venezuela em quase todos os noventa e poucos minutos só prova a tese deste colunista. Não havia tempo para treinamentos e para entrosar a “nova” equipe. O jeito era se defender do jeito que dava e torcer por um contra-ataque que acabou não acontecendo.

A postura extremamente conservadora da Venezuela está diretamente relacionada com o contexto da partida. Sem tempo para treinos, o técnico José Peseiro precisou “improvisar” e optar por uma postura mais reativa diante de um adversário muito mais forte. Foto: Reprodução / YouTube / Copa América

Tite aproveitou o domínio completo da Seleção Brasileira para tester novas variações. O seu 4-3-3/4-1-4-1 costumeiro deu lugar ao 4-4-2/4-2-4 com as entradas de Vinícius Júnior, Everton Ribeiro, Alex Sandro, Gabigol e Fabinho num segundo tempo de amplo domínio. Neymar fez o segundo convertendo penalidade sofrida por Danilo aos dezesseis minutos e comandou o escrete canarinho jogando com muito mais liberdade do que em outros tempos. Ao invés de ficar mais preso do lado esquerdo, o camisa 10 procurou o espaço entre as linhas adversárias e distribuiu bons passes no campo ofensivo. O mesmo Neymar aproveitou bola enfiada de Alex Sandro aos 43 minutos e colocou a bola no peito de Gabigol no lance que fechou o marcador na Arena Mané Garrincha. A Seleção Brasileira fazia aquilo que se esperava dela diante de uma Venezuela completamente desfigurada: venceu, convenceu e não levou sustos.

Brasil vs Venezuela - Football tactics and formations

Tite aproveitou a fragilidade do seu adversário para testar outras variações táticas na Seleção Brasileira. O ofensivo 4-3-3/4-1-4-1 do primeiro tempo deu lugar para um 4-4-2/4-2-4 vertical e de boa mobilidade no terço final com Neymar circulando por todo o campo e Gabigol abrindo espaços na frente.

A Seleção Brasileira já levaria ampla vantagem sobre uma Venezuela completa e sem desfalques de qualquer tipo. O surto de COVID-19 no elenco de “La Vinotinto” deixou as coisas ainda mais fáveis para a equipe comandada por Tite. E esse é o motivo pelo qual precisamos entender o contexto da partida e de toda a Copa América. Não é difícil concluir que a tônica da competição será essa. Equipes sofrendo com desfalques aos montes e tendo que fazer convocações às pressas para conseguir honrar os compromissos e entrar em campo. Não existe a possibilidade de se ignorar um contexto desses nesta humilde análise. Ainda mais quando estamos falando da mesma Venezuela que criou vários problemas para a Seleção Brasileira na Copa América de 2019 e nas Eliminatórias da Copa do Mundo. Difícil não concluir que o jogo fica completamente prejudicado e comprometido diante de uma situação como a da Venezuela.

Aliás, é preciso dizer que essa Copa América tem muito mais chance de ficar marcada pelos surtos de COVID-19 nas delegações (e pela defesa cega de um “protocolo” que nunca funcionou) do que pelo futebol jogado dentro de campo. E isso sem falar no regulamento completamente esdrúxulo da competição. O que se vê no final de tudo é o esforço hercúleo da entidade para acabar com qualquer reputação de um torneio que já foi um dos mais agradáveis e bacanas do mundo. Essa é a nossa (triste) realidade.

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