Home Futebol Portugal deslancha apenas no segundo tempo e deixa a sensação de que ainda depende demais do talento individual

Portugal deslancha apenas no segundo tempo e deixa a sensação de que ainda depende demais do talento individual

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a vitória do time de Fernando Santos sobre a Hungria e a tarde de recordes de Cristiano Ronaldo

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.
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Este que escreve já falou em outra oportunidade sobre a ótima geração de jogadores de Portugal. Nomes como Rúben Dias, Willian Carvalho, Diogo Jota, Rafa Silva, João Félix, Bruno Fernandes e vários outros se juntaram a Cristiano Ronaldo, Pepe e João Moutinho numa equipe que promete chegar longe na Eurocopa e na próxima edição da Copa do Mundo. No entanto, as últimas apresentação da seleção comandada por Fernando Santos deixaram a sensação de que a equipe ainda depende demais do talento individual e entrega muito menos do que seu (enorme) potencial permite. É bom que o torcedor mais afoito e empolgado não se deixe enganar pelo resultado final na Puskás Arena. A vitória por três a zero sobre a Hungria nesta terça-feira (15), na estreia lusitana na Eurocopa foi muito mais sofrida do que parece. Mesmo com CR7 quebrando recordes na Eurocopa e sendo decisivo mais uma vez.

Portugal começou a partida pressionando seu adversário e ocupando bem os espaços no terço final. E nem poderia ser diferente. Cristiano Ronaldo se movimentava bastante entre as linhas do 5-3-2 da Hungria e Diogo Jota saía da esquerda para o meio no 4-2-3-1/4-2-4 já conhecido de Fernando Santos. O escrete lusitano tinha a posse da bola, mas encontrava muitas dificuldades para furar o eficiente bloqueio defensivo da seleção comandada pelo italiano Marco Rossi. E quando conseguia, Diogo Jota, CR7, Bernardo Silva e companhia falhavam clamorosamente nas conclusões a gol ou pecavam muito no último passe. É bem verdade que os jogadores portugueses se mostravam mais nervosos do que o normal por conta do peso da estreia na Eurocopa e da enorme quantidade de torcedores na Puskás Arena. Mesmo assim, a equipe de Fernando Santos entregava muito menos do que poderia entregar.

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Hungria vs Portugal - Football tactics and formations

Fernando Santos armou Portugal no seu 4-2-3-1/4-2-4 usual com Diogo Jota, Bernardo Silva e Bruno Fernandes se juntando a Cristiano Ronaldo no ataque. Só que a equipe lusitana não conseguia transformar a superioridade em gols diante de uma Hungria que se fechava com cinco jogadores na frente da área do bom goleiro Gulácsi.

Os números do SofaScore (ver no tweet no final da matéria) mostram que Portugal foi MUITO superior em todos os quesitos. Mesmo assim, finalizar apenas onze vezes a gol (com apenas sete no alvo) é um número relativamente baixo para quem teve 70% de posse de bola durante os noventa minutos. A partir do momento em que Cristiano Ronaldo e Diogo Jota começaram a se movimentar mais entre as linhas do 5-3-2 de Marco Rossi, as chances começaram a aparecer com mais frequência. E toda essa movimentação criava mais volume de jogo. Ainda mais com as ultrapassagens de Raphaël Guerreiro e Semedo no corredor aberto pelos pontas portugueses. Do outro lado, o escrete húngaro tentava acionar Ádam Szalai e Roland Sallai através de passes longos às costas de Pepe e Rúben Dias, mas sem muito sucesso. Portugal dominava amplamente as ações no campo, mas ainda faltava balançar as redes.

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Portugal controlou o jogo e teve seu quarteto ofensivo mais solto e buscando os espaços na última linha da Hungria. As chances só apareceram quando Diogo Jota, Bernardo Silva, Cristiano Ronaldo e Bruno Fernandes começaram a se movimentar mais e abrir o corredor para as subidas dos laterais ao ataque. Foto: Reprodução / SPORTV / GE

O panorama da partida só mudou quando Fernando Santos sacou Bernardo Silva (muito mal no jogo) para a entrada de Rafa Silva aos dezesseis minutos do segundo tempo. E o meia-atacante do Benfica deu muito mais mobilidade ao escrete lusitano jogando a partir do lado direito e buscando o meio para acionar Cristiano Ronaldo. Além da assistência para Raphaël Guerreiro abrir o placar aos 38 minutos da segunda etapa, o camisa 15 ainda sofreu o pênalti que CR7 converteu para se isolar como o maior artilheiro da história da Eurocopa e ainda participou da belíssima jogada do terceiro gol português. Impossível não notar o semblante de alívio dos comandados de Fernando Santos depois do apito final. Vale destacar aqui também as entradas de André Silva e Renato Sanches nos lugares de Diogo Jota e Willian Carvalho numa variação para um 4-3-3 ainda mais ofensivo.

Portugal vs Hungria - Football tactics and formations

A Hungria tentou se fechar ainda mais no seu campo com as mexidas do técnico Marco Rossi, mas Portugal manteve o domínio territorial e melhorou muito seu desempenho com as entradas de Renato Sanchez, André Silva e (principalmente) Rafa Silva. O jogador do Benfica foi fundamental nos três gols da partida disputada na Puskás Arena.

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Todo mundo sabe que Portugal possui um dos elencos mais talentosos dessa Eurocopa e que a equipe de Fernando Santos pinta sim como favorita ao título. O problema, no entanto, é que o escrete lusitano segue entregando muito menos do que pode entregar dentro de campo. Por outro lado, este colunista ainda enxerga na estratégia escolhida pelo técnico Fernando Santos uma tentativa conseguir mais equilíbrio entre os setores, mas que deixa a equipe lusitana sem muitas ideias ofensivas além de passar a bola para Cristiano Ronaldo. É verdade que Portugal correu poucos riscos diante de uma Hungria mais fechada e pragmática, mas é preciso lembrar que essa equipe tem plenas condições de apresentar um jogo coletivo mais intenso e com mais ideias. O adversário desta terça-feira (15) foi o primeiro teste. Os próximos (Alemanha e França) serão muito mais complicados.

Este que escreve ainda tenta encontrar as palavras para descrever tudo aquilo que Cristiano Ronaldo representa para o futebol mundial. Além de ter se tornado o maior artilheiro da história da Eurocopa (com 11 gols marcados) é também o jogador que mais venceu partidas na história da competição (doze no total). Mesmo com 36 anos, CR7 ainda é o principal nome da sua seleção e aquele de quem mais se espera na equipe portuguesa.

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