Home Futebol Seleção Olímpica (finalmente) consegue transformar posse de bola em superioridade e passa por cima da Sérvia

Seleção Olímpica (finalmente) consegue transformar posse de bola em superioridade e passa por cima da Sérvia

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa o último teste da equipe comandada por André Jardine antes da disputa dos Jogos Olímpicos

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.
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Para quem viu uma atuação apagada e hesitante contra a bem organizada equipe de Cabo Verde, a apresentação da Seleção Olímpica na vitória (fácil) sobre a Sérvia por 3 a 0 nesta terça-feira (8), no Estádio Rajko Mitic, em Belgrado, foi realmente um alívio por conta de uma série de fatores. O escrete comandado por André Jardine finalmente conseguiu transformar a posse de bola e a movimentação no terço final em volume de jogo. Além disso, Gabriel Martinelli e (principalmente) Malcom mostraram boa desenvoltura e se mostraram bastante úteis numa equipe que tem clara predileção pelo futebol mais ofensivo. É bem verdade que a Seleção Olímpica ainda precisa de alguns ajustes no seu sistema defensivo e também de um pouco mais de objetividade no ataque. Mesmo assim, a equipe brasileira já mostrou que tem todas as condições de fazer uma ótima Olimpíada em Tóquio.

As únicas mexidas de André Jardine na equipe que entrou em campo no último sábado (5) foram as entradas do goleiro Brenno e dos atacantes Gabriel Martinelli e Malcom nos lugares de Cleiton, Rodrygo e Antony respectivamente. Na prática, o desenho tático da Seleção Olímpica não mudou. Gabriel Menino seguiu fechando por dentro e Guilherme Arana avançava como um “quinto atacante” na inversão do 4-4-2 para o 3-2-5 quando o escrete canarinho tinha a bola. Por mais que a marcação da Sérvia não tenha sido tão intensa como a realizada pela equipe de Cabo Verde, um dos pontos que mais chamaram a atenção foram as ultrapassagens de Gabriel Menino no corredor aberto por Malcom no lado direito. O golaço marcado por Guilherme Arana aos 33 minutos da primeira etapa, inclusive, nasceu dessa movimentação e da profundidade dada por Pedro, Claudinho e Gabriel Martinelli no início da jogada.

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Malcom abre o corredor para Gabriel Menino e os atacantes da Seleção Olímpica dão a profundidade que a jogada pedia. Guilherme Arana ataca o espaço e acerta um belo chute para abrir o placar em Belgrado. Ótimo jogo coletivo da equipe comandada por André Jardine diante da Sérvia. Foto: Reprodução / TV Globo

Embora a Sérvia tenha ameaçado a meta brasileira em poucas oportunidades, o posicionamento defensivo da equipe chamou um pouco a atenção por conta do perfilamento corporal e pelos espaços que apareceram entre o meio-campo e a última linha. Principalmente no que se refere à participação dos volantes Gerson e Bruno Guimarães à cobertura dos laterais Gabriel Menino (depois Guga) e Guilherme Arana. É verdade que o time como um todo não comprometeu, mas esse problema é algo que pode ser explorado pelos adversários nos Jogos Olímpicos. Além disso, a falta de concentração em determinados momentos também preocupa. Por mais que o adversário desta terça-feira (8) não tenha sido tão intenso e agressivo nas suas transições (como muita gente esperava), ficou evidente que André Jardine ainda precisa de ajustes na cobertura e consistência contra equipes mais organizadas e de nível técnico mais alto.

Apesar do bom volume de jogo e da desenvoltura do sistema ofensivo, a Seleção Olímpica ainda peca demais na recomposição defensiva. Por mais que a Sérvia quase não tenha ameaçado a meta brasileira, esse problema no posicionamento pode fazer estragos significativos em Tóquio. Foto: Reprodução / TV Globo

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Se o sistema defensivo ainda precisa de ajustes, o ataque brasileiro mostrou muito mais desenvoltura, fluidez e volume de jogo do que contra Cabo Verde. Vale destacar aqui a movimentação de Malcom (o melhor em campo na opinião deste que escreve) por todo o terço final e sempre procurando o espaço entre as linhas da Sérvia. Não demorou muito para que Gerson, Bruno Guimarães, Pedro, Claudinho e Gabriel Martinelli aparecessem mais na partida. O camisa 9 da Seleção Olímpica, inclusive, marcou dois gols em jogadas que nasceram dessa movimentação no terço final e dessa troca de passes típica do “jogo de posição” implementado por André Jardine na equipe brasileira. Atrair o adversário, abrir espaços e atacar esses espaços. Além disso, a dinâmica de Guilherme Arana como lateral ofensivo chamou a atenção pela facilidade que o camisa 6 tinha para aparecer no ataque. Ótima apresentação da equipe.

Malcom circulava por toda a intermediária e abria espaços para as chegadas dos demais companheiros de ataque na Seleção Olímpica. O camisa 21 foi um dos jogadores que melhor aproveitou a oportunidade recebida por André Jardine junto com Pedro, Gabriel Martinelli e Guilherme Arana. Foto: Reprodução / TV Globo

As partidas contra Cabo Verde e Sérvia nos apresentaram uma Seleção Olímpica extremamente ofensiva, mas que ainda precisa lidar com uma série de problemas quando o assunto é a recomposição da equipe. O desequilíbrio no balanço defensivo ficou bem nítido em determinados momentos. Assim como a queda na concentração para ler movimentos, fechar espaços na frente da sua área e encontrá-los na área adversária. Parece simples, mas esse é um processo que demanda dedicação, treinamento e atenção por parte de quem executa os movimentos dentro de campo. Mesmo assim, é bem difícil não ter esperanças na conquista do bicampeonato olímpico com uma geração recheada de grandes valores. Pedro, Nino, Guilherme Arana, Gabriel Menino, Gerson, Bruno Guimarães, Malcom, Rodrygo e vários outros jovens que têm todas as condições de darem enormes alegrias ao torcedor brasileiro num futuro nem tão distante assim.

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Sobre os Jogos de Tóquipo, a tendência é que André Jardine escolha seus 18 nomes dentro dos observados nas partidas contra Cabo Verde e Sérvia. Mas o grande ponto positivo do jogo desta terça-feira (8) foi a desenvoltura com que a Seleção Olímpica conseguiu transformar posse de bola em superioridade. Era isso que faltava para uma equipe que tem clara predileção pelo ataque. Falta ainda encontrar o equilíbrio entre os setores para que o time de André Jardine finalmente deslanche.

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