Home Futebol Movimentação constante de Chay entre as linhas do Vitória foi o grande trunfo do Botafogo; entenda

Movimentação constante de Chay entre as linhas do Vitória foi o grande trunfo do Botafogo; entenda

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação das equipes comandadas por Marcelo Chamusca e Ramon Menezes no jogo desta quarta-feira (30)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Este que escreve já colocou mais de uma vez aqui mesmo no TORCEDORES.COM que o futebol não é um esporte de difícil compreensão. Dependendo de cada situação e de cada contexto, ele pode ser muito mais intuitivo do que planejado, cabendo ao treinador encontrar a melhor maneira de explorar os pontos fortes da sua equipe e as deficiências do seu adversário. Foi mais ou menos isso que Marcelo Chamusca fez nos 2 a 0 do seu Botafogo sobre o Vitória de Ramon Menezes. A maneira como o treinador do Glorioso montou sua equipe na partida desta quarta-feira (30) foi determinante para o fim da sequência negativa na Série B (duas derrotas e um empate nas últimas três rodadas). Difícil não enxergar na movimentação de Chay e de todo o sistema ofensivo do Botafogo o ponto forte de um time que soube usar os problemas coletivos de um Vitória sem brio, sem intensidade e sem criatividade ao seu favor.

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Muita gente se surpreendeu quando a escalação do Vitória foi divulgada. Talvez pensando em proteger seu sistema defensivo e soltar os laterais Raul Prata e Pedrinho para o ataque, Ramon Menezes apostou num 3-4-2-1 que deixava o veterano Dinei como referência na frente e os velozes Soares e Ronan atacando o espaço gerado pela movimentação do camisa 9 do Leão. Na prática, no entanto, a equipe baiana sentiu demais a falta de velocidade nas transições ofensivas e defensivas e se transformou em presa fácil para o 4-2-3-1 de Marcelo Chamusca. Os volantes Luis Oyama (um dos melhores em campo na opinião deste colunista) e Pedro Castro ajudavam o quarteto ofensivo a empurrar a defesa do Vitória para trás, Rafael Navarro fazia muito bem o trabalho de pivô e Chay aproveitava bem os espaços entre o trio de zagueiros e os volantes Gabriel Bispo e Pablo Siles. O domínio do Botafogo no jogo era evidente.

Vitoria vs Botafogo - Football tactics and formations

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O 3-4-2-1/5-4-1 de Ramon Menezes foi facilmente superado pelo 4-2-3-1/4-4-2 de Marcelo Chamusca. A movimentação de Chay entre as linhas do Vitória e o apoio constante de laterais e volantes foram as principais armas ofensivas de um Botafogo mais organizado e ligado na partida.

Só que o Botafogo também pecava pelas falhas nas finalizações a gol e nas tomadas de decisão quando o time conseguia levar a bola até a intermediária do Vitória. Os espaços existiam e eram generosos. No entanto, por mais que Rafael Navarro Chay, Ronald e Diego Gonçalves se movimentassem constantemente na frente de Marcelo Alves, Wallace Reis e Mateus Moraes, ainda faltava o acabamento nas jogadas. Tirando uma bola na trave colocada logo no primeiro lance da partida, o Botafogo pouco ameaçou a meta do goleiro Ronaldo. O panorama no segundo tempo melhorou um pouco, já que o quarteto ofensivo voltou para o jogo mais ligado e mais atento a cada espaço que conquistava na intermediária do Leão. Difícil não notar uma certa afobação nos comandados de Marcelo Chamusca por conta da sequência ruim no Brasileirão da Série B e dos erros de passe na transição do meio-campo para o ataque.

O Botafogo seguia explorando os espaços entre as linhas do Vitória com muita movimentação do seu quarteto ofensivo, mas ainda falhava na conclusão das jogadas. O time de Marcelo Chamusca tomou conta do meio-campo e concedeu poucas chances. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

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Mesmo assim, o único gol da partida saiu num lance no melhor estilo “sem querer querendo”. Chay recebeu passe em profundidade de Daniel Borges e foi para a linha de fundo. Dificil dizer se o camisa 14 do Glorioso teve a intenção de cruzar para a área (buscando Rafael Navarro ou Diego Gonçalves) ou se realmente quis surpreender o goleiro Ronaldo (que acabou vacilando no lance). Seja como for, o início da jogada mostra bem como o Chay explorou bem os espaços entre as linhas e os buracos na zaga do Vitória e como a equipe comandada por Ramon Menezes abusou do pragmatismo no jogo disputado em Volta Redonda. Isso porque o escrete de Marcelo Chamusca também tinha problemas na cobertura defensiva que foram muito pouco explorados pelo ataque do Leão. Tanto que a equipe só levou perigo ao gol de Douglas Borges duas vezes em toda a partida (em chute de Pedrinho e cabeçada de Mateus soares).

O início da jogada que originou o gol do Botafogo já mostrava a falta de ímpeto ofensivo do Vitória e a movimentação de Chay entre as linhas do escrete de Ramon Menezes. Mesmo com o gol “sem querer querendo”, o Glorioso dominou do inicio ao fim. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

O fim da sequência de resultados ruins no Brasileirão da Série B não esconde as dificuldades que o time de Marcelo Chamusca teve para chegar ao gol adversário. Na prática, o Botafogo foi bem pouco agressivo contra um Vitória que deu a impressão de estar completamente satisfeito com o pontinho conquistado fora de casa (mesmo estando na zona do rebaixamento e vindo de duas derrotas consecutivas na competição). O já mencionado 3-4-2-1/5-4-1 de Ramon Menezes não reforçou o frágil sistema defensivo do Leão e tampouco conseguiu congestionar o meio-campo. E isso tudo sabendo que Marcelo Chamusca tem predileção por um 4-2-3-1 que se desdobra num 4-2-4 em vários momentos. Repetimos: os espaços na defesa alvinegra (principalmente às costas dos laterais Daniel Borges e Guilherme Santos) eram generosos, mas o Vitória não teve força e nem intensidade para utilizá-los a seu favor.

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Embora ainda precise melhorar muito na Série B, a impressão que fica é a de que Marcelo Chamusca parece ter encontrado a formação ideal para o Botafogo encarar a maratona de jogos no seu retorno à elite do Brasileirão. Chay tem a força e a dinâmica necessária para ser o elo de ligação entre o meio-campo e o ataque alvinegro e ainda marcar seus golzinhos. Boa notícia num cenário que não se mostrava tão agradável assim para a equipe de General Severiano nesses últimos dias.

https://twitter.com/Footstats/status/1410419785343684610

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