“Oh, sweet Caroline! Good times never seem so good! I’ve been inclined to believe it never would…” Os bons tempos podem estar de volta lá pelos lados da Inglaterra como o grande Neil Diamond canta na sua imortal “Sweet Caroline”. A equipe comandada por Gareth Southgate sofreu, mas conseguiu vencer a valente e aplicada Dinamarca de Kasper Hjulmand e se garantir na decisão da Eurocopa. Não se trata de pouca coisa. A última final que o English Team disputou aconteceu há 55 anos, na partida contra a então Alemanha Ocidental no mesmo Wembley que vai receber a partida contra a Itália neste domingo (11). Todos aqueles que acreditavam que os bons tempos não voltariam nunca mais, agora estão vendo a Inglaterra de Harry Kane, Sterling, Luke Shaw, Walker, Rice, Mason Mount, Pickford, Maguire e companhia se colocar mais do que preparada para fazer história no Velho Continente.
FT | England win!#ENG were the much better side in extra time, but they ultimately only got the winner after a dubious penalty – #DEN just didn't have the energy to come back into this one after that.
England reach their first-ever EURO final!#EURO2020 #ENGDEN pic.twitter.com/bMxUzpHddO
— Sofascore (@SofascoreINT) July 7, 2021
Por mais que o favoritismo estivesse do lado inglês, a Dinamarca não se intimidou com o adversário e nem com os quase 65 mil torcedores presentes no Estádio de Wembley. A equipe de Kasper Hjulmand criou pelo menos três boas chances antes de abrir o placar com o jovem (e extremamente promissor) Damsgaard em cobrança de falta aos 29 minutos do primeiro tempo. Com Braithwaite jogando um pouco mais pela direita (talvez para explorar o espaço que aparecia às costas de Luke Shaw), o escrete dinamarquês bloqueava bem o espaço de ação de Mason Mount e as descidas de Saka e Sterling em diagonal na direção do gol de Schmeichel (o filho) no 5-4-1/3-4-2-1 usual de Kasper Hjulmand. A Inglaterra, por sua vez, não se abalou com o primeiro gol sofrido em toda a Eurocopa e viu Harry Kane crescer demais na partida e chamar a responsabilidade com muita movimentação entre as linhas adversárias.
Kasper Hjulmand manteve seu 5-4-1/3-4-2-1 com muita velocidade nas transições e mobilidade no terço final com Damsgaard, Dolberg e Braithwaite tentando bagunçar o forte sistema defensivo da Inglaterra. Luke Shaw e Walker não encontravam tanto espaço para apoiar o ataque.
Dentro de todo esse cenário complicado e adverso, o grande mérito da equipe comandada por Gareth Southgate foi, sem qualquer dúvida, a concentração. Por mais que o primeiro gol sofrido pelo English Team em toda a Eurocopa pudesse causar um estrago sério na estratégia desenhada para a partida desta quarta-feira (7), a Inglaterra manteve o planejamento desenhado por Gareth Southgate, executou com ainda mais perfeição os movimentos do 4-2-3-1 e foi empurrando a Dinamarca para seu campo. Com Saka e Sterling mais ligados nos passes em profundidade e com Harry recuando para atrair a marcação de Christensen, Kjaer e Vestergaard e abrir espaços na frente da área. O gol de empate saiu aos 38 minutos da primeira etapa a partir dessa movimentação do capitão do English Team e essa estratégia foi mantida durante todo o jogo em Wembley sempre com muita organização e intensidade em cada ação.
A Inglaterra não se abalou com o empate e manteve a estratégia que consistia na movimentação constante do quarteto ofensivo. Com Harry Kane mais solto e circulando entre as linhas da Dinamarca, os espaços começaram a aparecer na intermediária. Foto: Reprodução / SPORTV / GE
A segunda etapa nos mostrou uma Inglaterra muito mais inteira fisicamente e muito mais concentrada do que a Dinamarca. O problema, no entanto, estava no acabamento das jogadas. De acordo com o SofaScore, a equipe de Gareth Southgate finalizou nove vezes, mas apenas três foram na direção do gol de Kasper Schmeichel. Um jogo de mais estudo e mais cautela, é verdade, mas que deixava bem claro qual era a seleção que estava em condições melhores de propor o jogo em Wembley. Com a prorrogação, o English Team seguiu pressionando e conseguiu o gol da classificação num pênalti completamente “mandrake” em Sterling após toque de Merle que só o árbitro holandês Danny Makkelie viu. Harry Kane parou em Schmeichel da primeira vez, mas não desperdiçou o rebote. Um dos vice artilheiros da Eurocopa com quatro gols, o “furacão” da camisa 9 mostrou que a má fase ficou para trás e que é muito mais do que “apenas” um centroavante goleador.
🏴 Goals for England at major tournaments:
⚽️1⃣0⃣ Gary Lineker
⚽️1⃣0⃣ Harry Kane
⚽️0⃣9⃣ Alan Shearer
⚽️0⃣7⃣ Wayne Rooney#EURO2020 | #ENG pic.twitter.com/XK5W06xBNv— UEFA EURO 2024 (@EURO2024) July 7, 2021
Este que escreve não marcaria o pênalti em cima de Sterling. Ao mesmo tempo, ficam os questionamentos sobre a não utilização do VAR em casos como esses. Seja como for, o gol de Harry Kane foi a senha para que Gareth Southgate mudasse um pouco sua estratégia e recuasse um pouco mais as linhas da sua equipe num bloco um pouco mas baixo do que o habitual para ganhar espaço para acionar a sua dupla de ataque. Trippier substituiu Grielish e se somou a Walker no lado direito numa espécie de 5-3-2 com Henrderson, Kalvin Phillips e Phil Foden fechando a entrada da área e de olho nos avanços da Dinamarca. Muita compactação, muita atenção na cobertura dos espaços e muita dedicação para suportar a pressão ensaiada pelo escrete de Kasper Hjulmand nos últimos 15 mintuos de bola rolando em Wembley. A Inglaterra se garantia na primeira final de Eurocopa de sua história. E com muitos méritos.
Após o gol de Harry Kane, Gareth Southgate fechou a Inglaterra num 5-3-2, negou espaços aos atacantes dinamarqueses e administrou o resultado até o apito final. A equipe comandada Kasper Hjulmand não teve forças para reagir e tentar o empate. Foto: Reprodução / SPORTV / GE
Por mais que alguns tenham “cornetado” a atuação pragmática ao extremo da Inglaterra de Gareth Southgate há alguns dias, é preciso reconhecer que a equipe cresceu muito de produção a partir das oitavas de final. As vitórias sobre Alemanha, Ucrânia e Dinamarca (talvez a melhor história de toda essa Eurocopa) mostram bem isso. É como se todos os jogadores e comissão técnica já estivessem prontos para dar o próximo passo e, tal como Neil Diamond cantou tantas vezes, toda uma geração de torcedores estava inclinada a acreditar que os bons tempos jamais voltariam. Difícil dizer se a trilha sonora de uma possível conquista será a sempre deliciosa “Sweet Caroline”, mas é possível dizer que a canção se encaixa muito bem em toda a trajetória do escrete comandado por Gareth Southgate. O nível de maturidade desse time da Inglaterra atingiu níveis altíssimos e é o grande trunfo contra a poderosa Itália.
Essa Eurocopa nos fez lembrar (de uma maneira até cruel) como era bom vibrar pelos nossos clubes e seleções nos estádios. Este colunista, inclusive, sente uma espécie de “inveja positiva” (se é que isso existe) de todos os que podem fazer a festa no mítico estádio de Wembley. Inglaterra e Itália fazem a grande decisão da Eurocopa no domingo (11) num daqueles jogos que prometem justificar o uso da belíssima canção de Neil Diamond de uma vez por todas.
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