Home Futebol Fabi Simões, Isa Haas e Shashá ditam o ritmo da vitória histórica das Gurias Coloradas sobre o São Paulo

Fabi Simões, Isa Haas e Shashá ditam o ritmo da vitória histórica das Gurias Coloradas sobre o São Paulo

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Maurício Salgado e Lucas Piccinato na emocionante partida deste domingo (22) no Morumbi

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

A classificação história das Gurias Coloradas para as semifinais do Brasileirão Feminino foi marcada por uma série de fatores vistos em partidas históricas do nosso velho e rude esporte bretão. Virada no final da partida, duelo tático intenso na beira do gramado, muitas chances desperdiçadas, muito nervosismo por parte de Internacional e São Paulo e (é claro) a redenção e a consagração de quem fez com que o resultado acontecesse. No caso, Fabi Simões, Isa Haas e Shashá foram importantíssimas na vitória por 3 a 1 em partida disputada nesse domingo (22) em pleno Morumbi. Não somente pelo trabalho coletivo e pela boa execução da estratégia de Maurício Salgado, mas por chamarem a responsabilidade quando o cenário pedia muito mais dedicação e entrega do que obediência tática. Pior para o São Paulo de Lucas Piccinato, que deixa a impressão de que poderia ter jogado muito mais do que jogou dentro de seus domínios.

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A derrota no jogo realizado no Beira-Rio (na semana passada) obrigava o Internacional a sair mais para o ataque para tentar a vitória no tempo normal ou a igualdade no confronto que levaria a decisão para a marca de cal. Diante disso, o técnico Maurício Salgado apostou num 4-4-2 que fechava o lado direito com Isa Haas, mantinha Mari Pires por dentro e soltava Rafa Travalão para encostar em Fabi Simões na frente. O objetivo aqui era fechar o lado esquerdo do São Paulo, de onde Micaelly partia para encontrar Duda e Gláucia no campo ofensivo. A marcação no meio-campo e a pressão na saída de bola funcionaram nos primeiros minutos da primeira etapa. A equipe de Lucas Piccinato tinha que apelar para as bolas longas ou iniciar as jogadas com o recuo de uma das atacantes para dar opção de passe. O grande problema é que as Gurias Coloradas pouco pisavam na área tricolor e não conseguiam arrastar a zaga adversária para trás e abrir espaços.

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Internacional vs Sao Paulo - Football tactics and formations

Maurício Salgado apostou num 4-4-2 com Isa Haas mais pela direita com Mari Pires vindo por dentro para reforçar a marcação pelos lados e ganhar criatividade no meio. Embora levasse vantagem, as Gurias Coloradas pouco pisavam na área do São Paulo e sofriam com erros em tomadas de decisão.

Aos 21 minutos, Micaelly cobrou falta da esquerda, a bola passou por toda a defesa do Internacional e acertou a trave antes de Gislaine mandar para as redes de peixinho. Qualquer outra equipe poderia baixar a concentração, mas o Internacional manteve seu plano de jogo e seguiu pressionando a defesa do São Paulo com Rafa Travalão e Shashá mais próximas de Fabi Simões, Isa Haas e Djeni mais por dentro e Mari Pires se alinhando às volantes numa mudança de formação para algo bem próximo de um 4-3-3 com linhas bem avançadas. Nesse ponto, as dificuldades que o escrete de Lucas Piccinato tinha para fechar espaços entre a defesa e o meio-campo já estavam escancaradas pela movimentação do trio ofensivo das Gurias Coloradas e pela pressão forte na saída da equipe do Morumbi.. Aos 34 minutos, Fabi Simões aproveitou bola rebatida da zaga para empatar o jogo no Morumbi e recolocar o Internacional na disputa pela vaga.

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Após sofrer o gol de Gislaine, Maurício Salgado mudou a formação do Internacional para um 4-3-3 com as laterais Leidi e Ari mais espetadas e com Rafa Travalão e Shashá mais próximas de Fabi Simões. O São Paulo sentiu a mudança e teve dificuldades na marcação. Foto: Reprodução / SPORTV / GE

O problema é que as Gurias Coloradas começaram a ter muitos erros em tomadas de decisão e a abrir buracos enormes na frente de Bruna Benites e Sorriso (aliás, mais uma partidaça da camisa 4 das Gurias Coloradas num contexto bem desfavorável). Depois de um jogo muito estudado e com substituições questionáveis realizadas por Maurício Salgado e Lucas Piccinato, Fabi Simões, Isa Haas e Shashá resolveram chamar a responsabilidade com muita fibra e determinação. As entradas de Mileninha e Wendy eram pedidas por este que escreve e por mais uma série de pessoas que acompanhavam a partida. Mas o que ninguém entendia era a maneira como o São Paulo se comportava na partida. Micaelly, Carol, Jaqueline e Naná encontravam espaços generosos na intermediária ofensiva, mas todo o time de Lucas Piccinato parecia estar uma rotação abaixo daquilo que a partida pedia. E ninguém pode reclamar de falta de chances para matar o jogo…

O Internacional manteve sua postura no segundo tempo, mas a equipe de Maurício Salgado abriu espaços demais na frente da sua defesa. O São Paulo, por sua vez, parecia completamente desconcentrado e não aproveitou as chances que teve para matar o confronto. Foto: Reprodução / SPORTV / GE

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O calor era forte e o cansaço era grande, mas as Gurias Coloradas permaneceram concentradas e aproveitaram muito bem as chances que tiveram. Aos 40 minutos, Djeni colocou a bola na cabeça de Ari (que mostrou muita polivalência jogando nas duas laterais). O gol da camisa 22 levava a decisão da vaga nas semifinais para as penalidades, mas ainda havia tempo para mais uma redenção. Após cobrança de escanteio do São Paulo, Isa Haas (que foi um monstro no meio-campo do Internacional) pegou a sobra e lançou Wendy na direita. A camisa 9 viu Shashá (que jogava na LATERAL-ESQUERDA após as mexidas de Maurício Salgado) se lançando pelo meio nas costas da zaga. A atacante chutou rasteiro e ainda teve forças para pegar o rebote após a bola bater na trave esquerda de Carla. Era o gol que colocava as Gurias Coloradas nas semifinais do Brasileirão Feminino. E com toda a justiça, diga-se de passagem.

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Difícil não perceber aqui a grande atuação das jogadoras citadas por este colunista no título desta humilde análise. Fabi Simões foi uma gigante no ataque. Força física para vencer duelos e habilidade para quebrar as linhas. Isa Haas foi bem tanto no lado como por dentro e ainda distribuiu bons passes. E Shashá resumiu bem o que é uma atleta polivalente. Executou diversas funções com a mesma qualidade e determinação. Fora as boas atuações de Sorriso, Djeni, Ari e companhia contra um São Paulo que tinha a vantagem debaixo do braço, criou oportunidades, mas pecou demais pela desconcentração e pela falta de repertório tático de Lucas Piccinato. Há como se compreender a postura mais cautelosa debaixo do calorão da capital paulista e o jogo mais reativo. O que ninguém entende são as inúmeras falhas nas tomadas de decisão por parte de Micaelly, Jaqueline e companhia. A falta de concentração nos momentos decisivos foi evidente.

As Gurias Coloradas mostraram força mental e muita vontade para superar um forte adversário fora de casa. Ainda que a atuação coletiva não tenha sido das melhores, é um baita resultado sem sombra de dúvidas. E vale destacar que o Internacional de Maurício Salgado mostrou mais repertório e mais variações do que o São Paulo de Lucas Piccinato nas duas partidas das quartas de final do Brasileirão Feminino. O resultado, por sua vez, acabou premiando a equipe que esteve mais determinada e focada. Futebol é isso, pessoal.

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