Home Futebol 45 anos de Ronaldo: veja como foi a carreira do ‘Fenômeno’

45 anos de Ronaldo: veja como foi a carreira do ‘Fenômeno’

Lembrado como um dos maiores atacantes da história do futebol, Ronaldo teve carreira fenomenal dentro das quatro linhas e incríveis histórias de superação contra graves lesões

Thiago Chaguri
Apaixonado por esporte desde criança, acompanho diversas modalidades por acreditar na magia e nas boas histórias que seus protagonistas e torcedores proporcionam. Além do entretenimento, admiro também as pluralidades táticas e estratégicas.

Nascido no Rio de Janeiro no dia 18 de setembro de 1976, mas registrado somente quatro dias depois, 22, Ronaldo Nazário de Lima foi um dos maiores jogadores de todos os tempos do futebol. Apelidado de ‘Fenômeno’, possui no currículo duas conquistas de Copa do Mundo (1994 e 2002) e foi eleito o melhor jogador do mundo em três oportunidades, nos anos de 1996, 1997 e 2002.

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Em sua carreira, marcou 414 gols em 616 jogos, registrando média de 0,67 tentos por partida. Eleito pela revista France Football para o “Time dos Sonhos”, o centroavante tornou-se profissional no Cruzeiro. Destaque por onde passou, atuou posteriormente pelo PSV da Holanda, Barcelona, Internazionale de Milão, Real Madrid, Milan e pendurou as chuteiras no Corinthians.

O “protótipo do jogador perfeito”

Para falar de um dos maiores atacantes que o mundo já viu, vale citar uma frase de um dos maiores goleiros da história. Quando perguntado sobre Ronaldo, o italiano Gianluigi Buffon fez a seguinte declaração : “Quem mais me causou problemas foi Ronaldo, o brasileiro. Era o protótipo do jogador perfeito: tinha potência, velocidade, intuição, técnica, rapidez, era um jogador que te deixava de boca aberta. Parecia criado em um laboratório. Não podia acreditar que um ser humano tivesse tantos dons”.

Cria da escolinha de Futsal do São Cristóvão, foi descoberto pelo grande Jairzinho, “o Furacão”. O ex-atacante do Botafogo e seleção brasileira é o único jogador da história a marcar gols em todos os jogos da campanha de uma seleção campeã de Copa do Mundo. O feito ocorreu em 1970, quando trouxe o tricampeonato mundial junto do lendário esquadrão verde e amarelo comandado por Pelé, além de craques como Rivellino, Gerson, Tostão, Carlos Alberto Torres e grande elenco.

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Ronaldo aproveitava-se de seus arranques e explosão aliados a velocidade, inteligência e habilidade para deixar os adversários para trás. Impressionava a forma e a rapidez com que conduzia a bola próxima a seus pés, distribuindo dribles curtos, rápidos, plásticos e objetivos, sempre em direção ao gol. Era comum vê-lo aplicar dribles entre as pernas adversárias (“rolinho”, “canetinha”, dentre outras denominações, depende como é chamado em sua região) e o elástico, popularizado pelo icônico Roberto Rivellino.

Curiosamente, não apenas seus marcadores sofreram com tais habilidades. Dono de uma frieza impressionante, Ronaldo também tinha outra característica muito marcante: driblar goleiros. Esperava os arqueiros tomarem suas decisões para poder fintá-los. Anotou inúmeros gols desta forma, com cortes secos e ‘pedaladas’, fingindo ir para um lado e rapidamente mudando de direção para desconsertá-los.

Seu estilo de jogo destoava do centroavante tradicional. Antigamente, os jogadores da posição, em sua maioria, limitavam-se a atuar dentro da grande área, esperando os companheiros servi-los para realizar seu ofício. Ronaldo muitas vezes saía dessa zona para buscar a bola na intermediária e, algumas vezes até, no meio-campo.

A promessa que encantou a Europa

Algumas dessas diversas características ele já apresentara no começo da carreira jogando pelo Cruzeiro (1993-1994), que lhe rendeu uma vaga no elenco do tetracampeonato da Copa do Mundo pela seleção brasileira, em 1994. Isso aos 17 anos. Esta ascensão meteórica fez despertar o interesse europeu.

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O sucesso no velho continente começou pelo PSV da Holanda (1994-1996), onde mostrou seu faro de gol e aprimorou seu porte físico, destacando-se e chamando a atenção do mundo por seu marcante estilo de jogo.

A consolidação do craque aconteceu no Barcelona já em seu primeiro ano, em 1996. Com a maior visibilidade que o clube catalão proporcionava, pode mostrar o quão diferenciado era com suas arrancadas incríveis, objetividade e precisão nas finalizações.

A transformação em ‘fenômeno’ e a quase aposentadoria precoce

Ronaldo aportou na Itália em 1997 para atuar pela Internazionale de Milão. Na terra do Calcio, tradicional por revelar defensores sempre lembrados entre os grandes do esporte, desfilou lances plásticos, reunindo todas as principais qualidades de sua carreira.

No jogo mais importante de sua passagem pelos nerazzurri, a final da Copa da Uefa de 1998 (atual Liga Europa), Ronaldo foi o protagonista do título. O atacante infernizou a defesa adversária. Acertou bola no travessão, percorreu vários setores do meio campo, distribuiu bons passes e aplicou dribles incríveis em Alessandro Nesta, incluindo um elástico desconcertante que deixou o zagueiro no chão. Além das jogadas citadas, também deixou sua marca. Num lance antológico, gingou e driblou o goleiro Luca Marchegiani, posteriormente empurrando a bola às redes para dar números finais à goleada da Inter sobre a Lazio por 3 a 0.

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Maravilhada pela eleição do atacante como o melhor jogador da final, a imprensa italiana se rendeu ao brasileiro e classificou sua atuação como “fenomenal”. A partir dali, Ronaldo ficou conhecido como “il Fenomeno” (o Fenômeno), apelido que transformou-se numa espécie de sobrenome.

No entanto, além de encarar ótimos marcadores no futebol italiano, o brasileiro passou a enfrentar seu maior adversário: as lesões. Algumas tão graves a ponto de médicos especialistas dizerem que sua carreira poderia ser encerrada.

O mundo do futebol foi abalado por tais acontecimentos na época. Em novembro de 1999, houve um rompimento no tendão do joelho direito. No dia 12 de abril de 2000, enfim ocorreu o tão aguardado retorno aos gramados após cinco meses parado. Aos 13 do segundo tempo, o brasileiro entrou no lugar do romeno Adrian Mutu.

Porém, sua reestreia durou somente seis minutos. Aos 19, num lance na entrada da área contra a Lazio, válido pela Copa Itália, Ronaldo sofreu a lesão mais preocupante da carreira: um rompimento na estrutura mais sensível do mesmo joelho. Foram longos quinze meses de recuperação e muitas incertezas pairavam sobre o craque, se ele iria aposentar-se precocemente ou se realmente teria condições de voltar aos campos no futuro.

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Retorno fenomenal e campeão

Esforço, dedicação e esperança, além do minucioso tratamento possibilitaram seu retorno triunfal ao futebol. No ano de 2002, quatro anos após o vice para a França – episódio marcado pela convulsão que sofrera horas antes da final, o impossibilitando de atuar em condições normais – Ronaldo teve novamente a chance de disputar outra final de Copa do Mundo.

Nesta oportunidade, ele transformou uma carreira “praticamente encerrada” pelas lesões e a contestação de sua convocação por parte de torcida e imprensa numa triunfal volta por cima. Mostrando seu poder de fogo, foi o artilheiro (8 gols em 7 jogos) da competição e anotou os gols decisivos pela semifinal contra a Turquia e na grande final contra a Alemanha. Junto de Rivaldo, Ronaldo foi um dos protagonistas do tão sonhado pentacampeonato para o Brasil.

Passagem pelos “Galáticos” do Real Madrid e fim do ciclo europeu no Milan

No mesmo ano, na maior negociação financeira da história do futebol até aquele momento, transferiu-se para o Real Madrid por 45 milhões de euros. Atuou pelos merengues de 2002 a 2007. Ainda em sua primeira temporada, Ronaldo ganhou o prêmio de melhor jogador do mundo da Fifa pela terceira vez, sendo as duas oportunidades anteriores nos anos de 1996 pelo Barcelona e 1997 pela Internazionale de Milão.

Durante sua passagem, o elenco do clube espanhol contou com alguns dos principais jogadores da época, como o campeão da Copa do Mundo de 1998 Zinédine Zidane, o inglês David Beckham, o português Luís Figo, seu amigo e companheiro na conquista do penta Roberto Carlos, além de um dos maiores ídolos da história dos madrilenhos, o espanhol Raúl González. O elenco estrelado foi apelidado de “Os Galáticos”.

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Artilheiro por onde passou, o atacante teve na capital espanhola seus últimos anos de alto nível na Europa.

Seu retorno à Itália ocorreu em 2007. Entretanto, não foi para o lado azul da cidade, onde havia se tornado ídolo anos atrás. Ronaldo foi negociado para o arquirrival Milan, seu último clube no velho continente.

Teve uma passagem com poucas partidas e gols (sendo um exatamente contra seu ex-clube, a Internazionale). Novamente, sofreu outro rompimento no tendão do joelho, desta vez no esquerdo. O antigo drama e opiniões se repetiram, dizendo que o Fenômeno não teria condições de se reerguer e possivelmente diria adeus ao futebol por estar em uma idade mais avançada, com 31 anos.

Ronaldo e Corinthians – parceria fenomenal dentro e fora dos campos

Sem clube, Ronaldo fez a primeira parte do tratamento na França e veio ao Brasil para a reta final de sua recuperação. Treinou por três meses no Flamengo. O craque esperava atuar por seu time do coração, entretanto, não houve acerto por falta de acordo entre as partes.

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Sabendo da situação, o Corinthians resolveu apostar alto e investiu. O clube paulista estava se reerguendo após a queda para a segunda divisão. Ronaldo esperava se reerguer e voltar a fazer o que mais amava. Portanto, os elos entre clube e jogador se formaram, ambos com intuito de renascerem ainda mais fortes.

Após uma reunião entre Andrés Sanchez – presidente do Corinthians na época – e Ronaldo, os detalhes foram acertados. Em uma ‘improvável’ situação, Sanchez surpreendeu e confirmou, no dia 09 de dezembro de 2008, a contratação do atacante. A apresentação oficial ocorreu no dia 12, no Parque São Jorge.

A intenção do mandatário corintiano não se resumiu somente a uma jogada de marketing para alavancar a marca e o setor financeiro do clube. Andrés ainda acreditava no protagonismo dentro das quatro linhas. E deu certo.

Fora de campo, o Corinthians foi assunto no mundo inteiro e atraiu grandes parceiros comerciais, tornando-se a camisa mais valiosa do país. No gramado, Ronaldo, mesmo longe de suas condições físicas ideais, provou novamente sua força de vontade acima do comum. Sua capacidade e perseverança o ajudaram a ressurgir das cinzas e se consolidar como o principal nome do time.

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Sem aquela explosão e velocidade de outrora, atuou mais fixo dentro da grande área, atraindo a marcação adversária para abrir espaços aos companheiros. Mostrou o quão diferenciado foi por sua inteligência, habilidade e instinto artilheiro com gols decisivos pela equipe paulista. O três vezes melhor do mundo foi o melhor jogador das conquistas do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil, ambas em 2009.

Ronaldo encerrou sua carreira em fevereiro de 2011 com ótimos números e uma combinação perfeita de vários elementos que o tornaram um jogador ímpar, que nos faz usar o imaginário para pensarmos quais outros grandes feitos o ‘Fenômeno’ teria conquistado se não tivesse encarado tantas lesões na carreira.

Conquistas na carreira

Principais prêmios individuais

Melhor Jogador do Mundo – Fifa: 1996, 1997 e 2002

Bola de Ouro – Revista France Football: 1997 e 2002

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Chuteira de Ouro – Uefa: 1997

Melhor Jogador – Copa do Mundo: 1998

Melhor Jogador – Mundial de clubes: 2002

Eleito para o “Time dos Sonhos” – Revista France Football: 2020

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Gols

Seleção Brasileira: 62 em 98 jogos

Por equipes

Real Madrid: 104 em 177 jogos

Internazionale de Milão: 59 em 99 jogos

PSV: 54 em 57 jogos

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Barcelona: 47 em 49 jogos

Cruzeiro: 44 em 47 jogos

Corinthians: 35 em 69 jogos

Milan: 9 em 20 jogos

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Títulos

Seleção Brasileira

2 Copa do Mundo (1994 e 2002)

1 Copa das Confederações (1997)

2 Copa América (1997 e 1999)

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1 Medalha de Bronze Olímpica (Atlanta-1996)

Clubes

Cruzeiro (1993-1994): Copa do Brasil (1993) e Campeonato Mineiro (1994)

PSV (1995-1996): Copa da Holanda (1996)

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Barcelona (1996-1997): Supercopa da Espanha (1996), Recopa Europeia e Copa do Rei (1997)

Internazionale de Milão (1997-2002): Copa da Uefa (1998)

Real Madrid (2002-2007): Mundial de Clubes (2002), 2 Campeonatos Espanhóis (2003 e 2007) e Supercopa da Espanha (2003)

Corinthians (2009-2011): Copa do Brasil e Campeonato Paulista (2009)

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