Home Futebol Virada sobre o Lyon não esconde a desorganização do Paris Saint-Germain e nem as escolhas ruins de Mauricio Pochettino

Virada sobre o Lyon não esconde a desorganização do Paris Saint-Germain e nem as escolhas ruins de Mauricio Pochettino

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação do quarteto Messi, Neymar, Mbappé e Di María no jogo deste domingo (19) pela Ligue 1

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Antes de mais nada, é preciso dizer que o Lyon de Boateng, Lucas Paquetá, Bruno Guimarães e Shaqiri jogou bola suficiente para sair do Parc des Princes com pelo menos um ponto. Além disso, há como questionar o pênalti sofrido (e convertido) por Neymar aos 20 minutos do segundo tempo. Este que escreve não marcaria a falta de Gusto dentro da área. Mas fato é que a impressão que ficou da partida deste domingo (19) foi a de que o talento individual acabou salvando a pele de um Paris Saint-Germain ainda sem um padrão mais definido de jogo e de um Mauricio Pochettino ainda atônito e sem saber direito o que fazer com tantas estrelas à sua disposição. Por mais que se compreenda que a temporada ainda está no início e que treinador e atletas ainda precisam de tempo para que o entendimento mútuo. Mas é preciso deixar claro que estamos falando de jogadores do nível de Neymar, Mbappé, Messi, Marquinhos, Di María e Wijnaldum. Nomes que são soluções em qualquer time do mundo.

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É preciso dizer que muita gente se animou com o fato de Mauricio Pochettino ter mandado o PSG a campo com seu “quarteto mágico” logo de início. O problema, no entanto, estava na disposição tática da equipe parisiense. Mbappé jogava como referência móvel na área, Neymar ficava mais pelo lado esquerdo e Messi vinha por dentro. De todos eles, apenas Di María fazia o balanço defensivo voltando pelo lado direito. Enquanto isso, o Lyon se fechava num 4-2-3-1 que lembrava um 5-3-2 em determinados momentos com o recuo de Shaqiri pela direita para se somar ao lateral Guto na perseguição a Neymar e Mbappé. Na prática, o Paris Saint-Germain só funcionava quando atacava em bloco e fechava os espaços entre os setores com as subidas de Kehrer e Nuno Mendes pelos lados e Herrera e Gueye por dentro. Mesmo assim, Mauricio Pochettino ainda mostrava muitas dificuldades para encontrar o posicionamento correto para Messi, Neymar e Mbappé. A falta de organização ofensiva era visível.

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Shaqiri voltava pela direita como um quinto defensor nos momentos em que o Paris Saint-Germain tinha a posse da bola. Mas as jogadas só saíam quando o escrete de Mauricio Pochettino atacava em bloco e ganhava profundidade com Mbappé arrastando a zaga do Lyon. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

Mas o grande problema do PSG era a recomposição defensiva. Isso porque Messi, Neymar e Mbappé (o famigerado Trio MNM) pouco ajudava na marcação e dava espaço para que Bruno Guimarães, Luas Paquetá (um dos melhores em campo) e Caqueret acionassem os atacantes do Lyon com bolas mais longas e ainda aparecessem no campo ofensivo, pisando na área e testando Donnarumma. Pode parecer pouco diante de um adversário tão estrelado como é o Paris Saint-Germain, mas a estratégia de Peter Bosz funcionava bem qunado a bola passava do meio-campo. Exatamente como aconteceu no lance do único gol do Lyon na partida deste domingo (19). Ekambi recebe lançamento pela esquerda e avança sem ser incomodado. Enquanto isso, Lucas Paquetá se lança no espaço aberto pela movimentação de Slimani e Shaqiri e só escora para as redes. O contra-ataque “de manual” mostrava a força do time de Peter Bosz e escancarava os problemas defensivos do escrete comandado por Mauricio Pochettino.

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Ekambi recebe belo lançamento pela esquerda e avança sem ser incomodado pela defesa do PSG. Apenas Di María, Gueye e Herrea faziam a recomposição quando Lucas Paquetá se lançava no espaço aberto pela movimentação dos atacantes do Lyon para abrir o placar. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

O gol de empate do Paris Saint-Germain (em pênalti no mínimo questionável sofrido e convertido por Neymar) deu ânimo novo ao time de Mauricio Pochettino. O problema é que o treinador do PSG sacou Lionel Messi (justo ele) do jogo para a entrada de Hakimi na ponta-direita do seu ainda desorganizado 4-2-3-1. Ao invés de ajustar o posicionamento da sua equipe, o comandante do escrete parisiense ter escolhido a alternativa “mais fácil” para a irritação de todos aqueles que estavam vendo a partida. A entrada de Icardi no lugar de Di María fez com que Neymar e Mbappé fossem ocupar a faixa do campo em que se sentem mais confortáveis. Por mais que essa nova formação tenha sido bem sucedida ao buscar o gol da virada, a impressão que ficou foi a de que a vitória do PSG só saiu porque o Lyon recuou demais após levar o gol de empate e não porque Mauricio Pochettino melhorou o desempenho da sua equipe. Acabou que Icardi salvou a pele do técnico argentino. Pelo menos por enquanto.

Icardi entrou no lugar de Di María e foi jogar no comando de ataque do 4-2-3-1 de Mauricio Pochettino. Wijnaldum se somou a Neymar na criação das jogadas com Hakimi e Mbappé pelos lados. O recuo excessivo do Lyon no final da partida acabaria sendo fatal. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

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Por mais que o Paris Saint-Germain tenha vencido a partida e mantido a vantagem na liderança do Campeonato Francês, é praticamente impossível fechar os olhos e ignorar o fato de que Mauricio Pochettino vem mostrando sérias dificuldades para encaixar os talentos que tem à sua disposição. É plenamente compreensível que o treinador argentino esteja buscando a formação mais equilibrada e que a chegada de Messi, Wijnaldum e Hakimi exiga tempo, paciência e treinamento para que o encaixe destes numa equipe aconteça de forma mais coesa e consistente. O que ninguém entende (e defende) é a maneira como Mauricio Pochettino escalou o PSG hoje. Mbappé não rende jogando mais enfiado, Neymar ficou deslocado do jogo enquanto jogava pelo lado e Di María ficou sobrecarregado na recomposição. O encaixe do “quarteto mágico” na equipe parisiense será tema de coluna especial aqui no TORCEDORES.COM em breve. Mas já é possível dizer que as coisas não estão bem do jeito que estão.

É possível que o Paris Saint-Germain ganhe mais consistência a partir do momento em que Neymar for recuperando a melhor forma física. O entrosamento da equipe com Messi é outro ponto importante nessa equação, já que o argentino tem tudo para se transformar na grande estrela e até ofuscando um pouco o brasileiro. Seja como for, Mauricio Pochettino tem peças suficientes para fazer o PSG crescer de maneira exponencial. É por isso que a busca pelo equilíbrio é tão importante nesse início de temporada.

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