Home Futebol Força mental do Red Bull Bragantino foi importantíssima na conquista do Brasileirão Feminino Série A2; confira a análise

Força mental do Red Bull Bragantino foi importantíssima na conquista do Brasileirão Feminino Série A2; confira a análise

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca a atuação da equipe de Camila Orlando contra o Atlético-MG de Hoffmann Túlio nesta terça-feira (7)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.
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A conquista da Série A2 do Brasileirão Feminino pelo Red Bull Bragantino ficou marcada por uma série de fatores. Os principais deles foi a concentração e a força mental de uma equipe que pode ter falhado em mostrar um futebol mais eficiente contra um organizado e envolvente Atlético-MG (e nesse ponto, precisamos reverenciar o trabalho feito por Hoffmann Túlio) nas duas partidas da finalíssima. Jogadoras como Karol Alves (a grande heroína do Massa Bruta com grandes defesas no tempo normal e na decisão por penalidades), Ariel (artilheira da Série A2), Priscila, Raquel, Taba e várias outras foram importantíssimas na execução do modelo de jogo proposto por Camila Orlando e na adaptação às mais diferentes situações da partida. Por mais que as Vingadoras tenham mostrado mais volume ofensivo nas duas partidas da final, é preciso dizer que o Red Bull Bragantino foi mais feliz nos momentos decisivos. O título da Série A2 do Brasileirão Feminino está em boas mãos.

Isso porque, mesmo com dificuldades para conter Iara, Soraya, Sofia Sena e Aninha, o Massa Bruta conseguia se segurar na defesa aplicando bem as perseguições individuais e fechando as linhas de passe do Atlético-MG no terço final. A grande diferença da atuação da equipe de Camila Orlando com relação ao jogo de ida estava na disposição tática das jogadoras e em alguns pontos específicos. Ao invés da variação com três zagueiras, o Red Bull Bragantino se organizava num 4-1-4-1 com perseguições um pouco mais curtas, mantendo mais o posicionamento inicial. O problema estava na parte ofensiva. Por mais que o Massa Bruta tenha equilibrado as ações no campo, a equipe de Camila Orlando encontrava muitas dificuldades para furar o bloqueio defensivo do Atlético-MG. O escrete comandado por Hoffmann Túlio, por sua vez, mantinha a consistência defensiva e fazia a bola chegar no ataque com bastante velocidade e qualidade com Aninha, Ilana, Iara e Sofia Sena.

O Red Bull Bragantino encontrou muitas dificuldades para furar a defesa do Atlético-MG e acabou apelando para as ligações diretas. Já as Vingadoras mostravam mais consistências e intensidade nas transições. Foto: Reprodução / Eleven Sports

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O grande mérito da equipe de Camila Orlando foi “segurar a onda” e manter o plano de jogo mesmo quando suas adversárias tentavam se impor na base da força física e da rapidez nas transições para o ataque. A goleira Karol Alves fez grande defesa em chute de Sofia Sena logo aos quatro minutos de partida. Esse lance indicaria uma postura mais agressiva por parte das Vingadoras, mas fato é que o Red Bull Bragantino conseguiu equilibrar mais a partida adiantando as suas linhas e valorizando mais a posse da bola. Raquel quase acertou o ângulo de Amanda aos 34 minutos após cobrança de escanteio e só. A primeira etapa ficou marcada pela igualdade no placar e nas estratégias dos dois treinadores. Nesse último quesito, no entanto, o Massa Bruta parecia mais concentrado e mais forte mentalmente. Afinal de contas, segurar o ímpeto ofensivo das Vingadoras não é tarefa fácil. E o contexto do jogo explica essa postura mais cautelosa do que o normal.

O segundo tempo só não foi uma repetição do primeiro porque o Atlético-MG aumentou o nível da intensidade nas jogadas de ataque e pressionou bastante a defesa do Red Bull Bragantino. Ilana e Sofia Sena levaram bastante perigo ao gol de Karol Alves em chutes de média e longa distância e a arbitragem anulou (corretamente) o gol de Marta após verificar a saída da bola em cruzamento da direita. As substituições promovidas por Camila Orlando reorganizaram o Massa Bruta num 4-4-2 mais nítido, mas as perseguições mais curtas foram mantidas. Já as Vindagoras buscavam ocupar o espaço entre as linhas e explorar bem os lados do campo com os avanços constantes de Leila e Ilana ao ataque. Mesmo assim, a impressão que ficou desse segundo tempo foi a de que o Red Bull Bragantino parecia mais concentrado e menos afobado. E toda essa força mental se mostraria importantíssima na decisão por penalidades após o apito final que decidiria o campeão da Série A2 do Brasileirão Feminino.

As substituições promovidas por Camila Orlando reorganizaram o Red Bull Bragantino num 4-4-2 mais nítido e de muita marcação. O Atlético-MG de Hoffmann Túlio tentava ocupar o espaço entre as linhas e forçava o jogo pelos lados. Foto: Reprodução / Eleven Sports

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A última chance do tempo normal (um chute de Guedes de dentro da área) parou nas mãos de Karol Alves. E a goleira do Red Bull Bragantino defendeu o pênalti cobrado por Ilana e ainda veria Flávia Gila certar o travessão pouco depois de Brenda parar nas mãos de Amanda. E caberia justamente a Ariel converter a cobrança que daria o título ao Massa Bruta após dois jogos cheios de alternativas, ótimas ideias táticas sendo colocadas em prática e muita vontade de levar essa taça. Vale muito destacar o belíssimo trabalho feito por Hoffmann Túlio no Atlético-MG. Sua equipe tem uma boa proposta de jogo, gosta de ter a posse da bola e coloca muita intensidade nas transições buscando o quarteto (às vezes quinteto) ofensivo. Camila Orlando, por sua vez, trabalhou diferentes estilos no Red Bull Bragantino. Alternou formações com três jogadoras na última linha, apostou num jogo mais posicional bem interessante e contou com a concentração das suas atletas quando foi necessário.

Justo o grande pecado do Atlético-MG. Vale lembrar que as Vingadoras tiveram a chance de vencer o jogo de ida, mas Flávia Gil desperdiçou um pênalti ainda no primeiro tempo. E falhou também na partida desta terça-feira (7). Fora as oportunidades desperdiçadas durante os mais de 180 minutos da decisão. Enquanto isso, o Red Bull Bragantino de Camila Orlando se mantinha firme, concentrada e focada. Marcas de uma equipe merecidamente campeã.

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