Home Futebol São Paulo ganha nova roupagem, domina a partida, mas chances perdidas cobram seu preço diante da Chapecoense

São Paulo ganha nova roupagem, domina a partida, mas chances perdidas cobram seu preço diante da Chapecoense

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as novas ideias de Hernán Crespo e a atuação da equipe tricolor na partida deste domingo (3), na Arena Condá

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Este que escreve compreende as críticas ao trabalho de Hernán Crespo no São Paulo. Por mais que o elenco esteja despedaçado pelas péssimas condições físicas de nomes importantes e que algumas escolhas no mínimo questionáveis tenham sido feitas durante a temporada, o treinador argentino mostrava uma certa dificuldade para se adaptar ao contexto de cada partida e via o Tricolor Paulista empilhar atuações coletivas ruins. Quem não viu o empate contra a Chapecoense neste domingo (3) pode até pensar que esse panorama se repetiu, mas não foi o caso. Crespo mudou o São Paulo de modo a deixar seu time mais agressivo e mais intenso no ataque. O que faltou foi capricho e aprimoramento nas finalizações a gol. Foram pelo menos quatro grandes chances criadas durante a partida na Arena Condá. E esses erros cobraram seu preço na forma de um resultado frustrante diante de tudo que o Tricolor Paulista produziu contra o último colocado do Campeonato Brasileiro.

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Hernán Crespo retornou ao esquema com três zagueiros para implementar seu novo jeito de jogar no São Paulo. E a ideia era simples. Luciano, Rigoni e Éder (os três atacantes da equipe) jogavam mais por dentro e empurravam a zaga da Chapecoense para trás durante todo o tempo e ganhavam o suporte de Rodrigo Nestor, Liziero e Léo (que esteve muito bem fazendo a saída de bola e acionando o sistema ofensivo com os famosos “passes de ruptura”) nas jogadas de ataque. Na prática, o 3-4-3 virava um 2-3-5 com a subida dos alas Galeano e Wellington quase até a linha de fundo. Isso obrigava a Chape a “estacionar um ônibus” na frente da área do goleiro Keiller com os pontas Bruno Silva e Mike se somando à última linha. Às vezes cinco, às vezes até seis jogadores tentavam conter o ataque do Tricolor Paulista. Mas sem muito sucesso, já que o escrete comandado por Pintado mostrava muitas dificuldades para fechar o espaço nessa última linha e entre seu setores. O São Paulo dominava a partida.

Rigoni, Éder e Luciano jogaram mais por dentro, Galeano e Wellington abriam o campo e Rodrigo Nestor, Liziero e Léo faziam a bola chegar no terço final com bons passes em profundidade. O São Paulo encontrava muita facilidade para entrar na área da Chapecoense. O time se movimentava bem e tinha muito volume de jogo. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

O gol de Rigoni (marcado aos 35 minutos primeiro tempo após bela jogada de Liziero) dava a a impressão de que o São Paulo não teria muitos problemas para conquistar os três pontos. Ainda mais quando a Chapecoense se lançou ao ataque de maneira completamente desordenada e abria espaços generosos na sua defesa. Espaços esses que foram bem aproveitados pelo Tricolor Paulista dentro da proposta de Hernán Crespo em pelo menos quatro contra-ataques bem encaixados. O problema estava nas finalizações a gol. Rigoni desperdiçou duas chances incríveis de aumentar o placar na Arena Condá por puro preciosismo. Por mais que o trio ofensivo escolhido pelo treinador argentino desse muita mobilidade, o que se via na prática era uma equipe que tropeçava nas próprias pernas e nos erros individuais mais uma vez e que demorava para “matar o jogo” de uma vez e ganhar um pouco de tranquilidade. Faltava concentração para executar bem o plano de jogo do seu treinador e aproveitar as chances criadas.

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Do outro lado, a Chapecoense voltava do intervalo com duas mudanças (Rodrigo Silva e Kadu nos lugares de Anselmo Ramon e Ignácio) e com suas linhas mais adiantadas, mas sem conseguir acertar o passe diante da compactação defensiva do São Paulo. Vale destacar aqui que Rigoni e Calleri desperdiçaram ótimas oportunidades de balançar as redes antes que Denner tabelasse com Geuvânio pelo lado esquerdo e antes da bola sobrar para Mike empurrar para o gol vazio. O empate diante da não mais do que esforçada Chapecoense nada mais era do que o castigo para uma equipe que seguiu se impondo no campo adversário e que encontrava muitos espaços para criar suas jogadas de ataque dentro dessa nova proposta de jogo de Hernán Crespo, mas que falhava miseravelmente nas conclusões a gol. Tirando mais um gol bem anulado de Calleri e um chute de longe de Rodrigo Nestor, o São Paulo não fez nada além de levantar bolas na área da Chape até o apito final. Resultado muito ruim para o Tricolor Paulista.

O São Paulo seguiu dominando o jogo mesmo depois de levar o gol de empate da Chapecoense. A formação proposta por Hernán Crespo conseguiu dar mais agressividade e intensidade ao ataque tricolor, mas o time acabou pagando o preço das finalizações erradas e da falta de concentração nos momentos decisivos. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

É possível compreender e cobrar Hernán Crespo por conta da falta de soluções coletivas para o São Paulo nesses últimos jogos. Mas é preciso deixar muito claro que o técnico argentino foi o menor dos culpados na partida deste domingo (3). É impossível desconectar o empate frustrante contra a Chapecoense das inúmeras oportunidades desperdiçadas pelo escrete tricolor durante todos os noventa e poucos minutos. É óbvio que o São Paulo ainda precisa de ajustes em todos os setores, mas é preciso reconhecer que Crespo conseguiu encontrar meios para fazer seu time jogar com mais consistência e fazer a bola chegar no ataque com um mínimo de qualidade. Faltou concentração para manter o plano de jogo e mais capricho nas finalizações a gol. Ainda mais quando o time comandado por Pintado concedia tantos espaços entre seus setores. Com a confiança em baixa por conta das chances perdidas e do gol de empate, o time passou a trocar passes e a levantar bolas na área a esmo.

Seja como for, ficou claro que Hernán Crespo encontrou um caminho interessante para suprir a saída de Daniel Alves e as constantes ausências de Benítez do time titular por conta dos seus crônicos problemas físicos. E por mais que o sentimento depois da partida contra a Chapecoense seja de frustração, repetir a estratégia mais vezes e dar confiança ao elenco é fundamental nesse momento do Campeonato Brasileiro. Há como o São Paulo jogar mais e melhor dentro dessa nova roupagem trazida por Crespo.

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