O meia Celsinho revelou em entrevista para o jornal O GLOBO sua indignação com o resultado do julgamento do STJD que devolveu os pontos perdidos ao Brusque.
Utilizando a palavra “decepção”, o meia do Londrina disse que não entende porque esta decisão foi tomada e por quais motivos o STJD está “compactuando” com essa situação ao invés de lutar contra à decisão em primeira instância.
Por fim, Celsinho condenou os argumentos utilizados pelos auditores do tribunal desportivo e cravou que a decisão não ganha mais peso por ter sido realizada justamente na semana da Consciência Negra, comemorada neste sábado (20).
Caso de racismo na Série B
O caso ocorreu no dia 28 de agosto no jogo Brusque x Londrina. Nas arquibancadas ainda sem a presença da torcida, o microfone ambiente da transmissão detectou o presidente do Conselho Deliberativo do Brusque falando a seguinte frase: “vai cortar esse cabelo, seu cachopa de abelha”, caso registrado na súmula da partida.
Na primeira instância houve punição dura ao Brusque com a perda de três pontos e o pagamento de multa. Depois de recorrer da decisão, o julgamento foi realizado na última quinta-feira (18), onde houve a reversão da decisão inicial.
Sem unanimidade, os auditores do STJD mantiveram a punição de 360 dias à José Antônio Putermann, mas devolveram os pontos perdidos ao Londrina por entenderem que o clube não teve culpa.
Veja aspas de Celsinho ao jornal O Globo
“O resultado do julgamento foi uma decepção muito grande. Como eu já venho dizendo, o STJD tinha a oportunidade de seguir com aquilo que já vinha sendo feito em relação ao criminoso (dirigente) e até mesmo em relação à instituição Brusque. No nosso ponto de vista já era uma punição branda, mas que de alguma forma era um passo para que não cometessem mais esse crime. E ontem (quinta-feira) foi uma decepção muito grande porque o STJD tinha essa oportunidade de caminhar, de lutar contra esse crime e eles acabaram fazendo totalmente ao contrário. Ao invés de nós evoluirmos nesse quesito, nós acabamos retrocedendo.”
“Isso aí trouxe uma desilusão muito grande porque nos dias de hoje nós precisamos de pessoas que apoiem, de pessoas que realmente lutem contra isso e ontem realmente foi mais um espelho de que realmente não é isso. Então foi uma decepção muito grande. “
“No meu ponto de vista é um retrocesso absurdo. Em um momento em que nós tínhamos a real certeza que funcionaria a Justiça e a pena seria aplicada, não sei de forma justa, mas que ela seria aplicada, a gente acaba retrocedendo, dando um passo atrás, ao invés do contrário. Isso acaba de certa forma mostrando que nossa luta tem que ser maior ainda do que nós já imaginávamos. Mas eu espero que isso não represente nada.”
“Eu espero que isso não influencie em nada. Para que nós possamos ainda, de cabeça erguida, juntos, conseguir fazer com que isso minimize ou pare de vez. E que as pessoas não tirem de exemplo esse ato horrendo para que consigam, sim, continuar caminhando na luta contra esse crime. A minha esperança é que esses atos não influenciem em nada e sim nos dêem mais força para que possamos caminhar juntos.”
“O racismo é crime. Independente da data, do momento, do local, ele é crime. Ele tem que ser punido severamente. Não por nós estarmos próximos de uma data muito significativa, de uma data muito poderosa, mas ele tem que ser julgado e punido em qualquer circunstância e em qualquer momento. O que ficou muito vago para nós foram os argumentos usados. Isso que realmente nos deixou muito mais tristes do que a decisão tomada por eles. “
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