Home Futebol Movimentação, intensidade e gols: Gabriel Martinelli prova que pode ser opção para Tite na Seleção Brasileira

Movimentação, intensidade e gols: Gabriel Martinelli prova que pode ser opção para Tite na Seleção Brasileira

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação do atacante brasileiro na goleada do Arsenal sobre o Leeds United dentro de Elland Road

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Por incrível que pareça ainda há quem diga que a geração mais nova de atletas brasileiros é fraca e não possui nomes de talento. Isso depois de um bicampeonato olímpico e diante do sucesso de jovens como Vinícius Júnior, Antony, Bruno Guimarães, Matheus Cunha, Guilherme Arana, Raphinha e vários outros. Um deles é Gabriel Martinelli. O camisa 35 do Arsenal foi fundamental na goleada por 4 a 1 sobre o Leeds United de Marcelo Bielsa neste sábado (18), dentro de Elland Road. Foram dois gols, muita movimentação, muita intensidade e um ótimo entendimento com Lacazette, Saka e Ødegaard jogando a partir do lado esquerdo do 4-2-3-1/4-2-4 de Mikel Arteta. A boa atuação na partida também deixou bem claro para todos que Gabriel Martinelli pode sim se transformar em mais uma opção para Tite montar a sua Seleção Brasileira apesar da forte concorrência que deve encontrar. Quem disse que essa geração é ruim?

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É verdade que o Leeds United facilitou demais a vida do Arsenal. Mesmo jogando nos seus domínios, o escrete comandado por Marcelo Bielsa passava uma certa insegurança (talvez por conta dos 7 a 0 sofridos diante do Manchester City de Pep Guardiola) e se mostrava completamente desorganizado nas suas transições. Não era raro ver os comandados de Mikel Arteta ocupando bem os espaços que apareciam entre as linhas dos Peacocks e trabalhando bem a bola com seu quarteto ofensivo (às vezes quinteto, com a chagada de Xhaka ou Partey mais por dentro). Ødegaard era o principal organizador das jogadas de ataque. Lacazette era a referência móvel do 4-2-3-1 dos Gunners. E Saka e Gabriel Martinelli (os pontas com os “pés invertidos” do time de Mikel Arteta) abriam o campo e buscavam o jogo mais por dentro quando o cenário exigia. Tudo para aproveitar essa desorganização do Leeds United no jogo deste sábado (18).

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Gabriel Martinelli (no destaque), Ødegaard, Saka e Lacazette se projetavam para o ataque e ocupavam os espaços entre as linhas do 4-1-4-1 de Marcelo Bielsa. O Leeds United se mostrava afobado e desorganizado nas suas transições defensivas. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

Diante do contexto da partida em Elland Road, Gabriel Martinelli foi importantíssimo para ocupar os espaços no terço final. Principalmente aqueles encontrados às costas do lateral Cody Drameh pelo lado esquerdo de ataque e nos espaços entre os zagueiros Robin Koch e Luke Ayling. Com tantos problemas defensivos, o Leeds United não encontrava meios de aplicar a intensidade e a pressão constante tão característica dos times de Marcelo Bielsa. A lesão de Jack Harrison enfraqueceu ainda mais o sistema ofensivo do time de Ellan Road que, na prática, contava apenas com Raphinha para puxar os contra-ataques a partir do lado direito. Enquanto isso, Gabriel Martinelli, Lacazette, Saka e Ødegaard levavam ampla vantagem sobre a defesa do Leeds sem precisar forçar muito. A pressão pós-perda estava muito bem encaixada e o time comandado por Mikel Arteta conseguiu se impor com certa facilidade no jogo em Elland Road.

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Não é exagero nenhum afirmar que o Arsenal poderia ter aplicado uma goleada histórica em cima do Leeds United se não fossem as grandes defesas do goleiro Meslier. De acordo com o SofaScore, os Gunners finalizaram onze vezes na direção do gol (recorde na Premier League). O volume ofensivo nascia da facilidade com que os jogadores do time de Mikel Arteta encontravam espaços na defesa dos Peacocks. Gabriel Martinelli, que já havia aberto o placar aos 16 minutos do primeiro tempo, após bola roubada por Lacazette na entrada da área do Leeds. O segundo gol (marcado aos 28 minutos) nasceu de nova interceptação e belo passe de Xhaka para o camisa 35 tocar na saída de Meslier. E a grande verdade é que o brasileiro se encaixou como uma luva no 4-2-3-1/4-2-4 de Mikel Arteta por entender o momento certo de ocupar o espaço aberto pela movimentação de Lacazette ou arrastar a marcação adversária para seu lado.

Lacazette puxa a marcação para o lado e abre o espaço para Gabriel Martinelli infiltrar por dentro num dos muitos ataques do Arsenal contra o Leeds United. A leitura de jogo do brasileiro foi importantíssima na construção do resultado final. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

Bukayo Saka fez o terceiro do Arsenal após puxar contra-ataque pela direita aos 42 minutos da primeira etapa. O panorama do jogo em Elland Road após o intervalo mudou um pouco, com o Leeds United melhor posicionado, mais agressivo nas transições e diminuiu o placar com Raphinha cobrando penalidade com bastante firmeza aos 30 minutos do segundo tempo. Do outro lado, Mikel Arteta ia trocando suas peças e mexendo um pouco com a dinâmica ofensiva dos Gunners com a entrada de Smith-Rowe e Cédric Soares e a mudança de posicionamento de Gabriel Martinelli no ataque do escrete londrino. Ao invés de abrir o jogo pela esquerda e fazer as ultrapassagens com Tierney e Lacazette, mais profundidade pelo lado direito e a inteligência para arrastar a zaga do Leeds United e abrir espaços. Martin Ødegaard viu Smith-Rowe se projetando às costas da última linha e fez o passe que resultou no quarto gol do Arsenal.

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Com Smith-Rowe no lugar de Saka, Gabriel Martinelli foi jogar mais pelo lado direito no segundo tempo da goleada em Ellan Road. Ao invés das jogadas de ultrapassagem com Tierney, mais profundidade, movimentação constante e ocupação dos espaços. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

Se Mikel Arteta tinha em Ødegaard e Xhaka as suas grandes “cabeças pensantes”, o espanhol tinha em Gabriel Martinelli a grande válvula de escape do Arsenal. E o atacante brasileiro mostrou todo seu potencial ao fazer aquilo que se espera de um jogador quando se depara com defesas frágeis e desorganziadas. Aliás, os números do camisa 35 são excelentes. Foram quatro gols e duas assistências nas últimas seis partidas do Arsenal (atual quarto colocado da Premier League) e a conquista da confiança da comissão técnica e da torcida dos Gunners. O segundo gol marcado diante do Leeds United foi o de número 7.000 da história do clube londrino. Por conta de toda essa evolução (e também da ótima) fase, não é difícil imaginar Gabriel Martinelli ganhando chances com Tite na Seleção Brasileira. A concorrência no setor é grande, mas a experiência no futebol inglês e a passagem pela Seleção Olímpica pode ajudar no processo.

Certo é que jovens como Vinícius Júnior, Rodrygo, Antony, Bruno Guimarães, Matheus Cunha, Guilherme Arana, Raphinha vêm ganhando mais e mais espaço na Seleção Brasileira. O próprio Tite já levantou a possibilidade de realizar mais testes nos últimos jogos das Eliminatórias da Copa do Mundo. É por isso que não seria nenhum absurdo vermos Gabriel Martinelli ganhando oportunidades com a camisa amarelinha. Ainda mais diante da ótima fase do atacante brasileiro no Arsenal.

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