Home Futebol Palmeiras tropeça na ansiedade e num valente Atlético-GO, mas título parece apenas uma questão de tempo

Palmeiras tropeça na ansiedade e num valente Atlético-GO, mas título parece apenas uma questão de tempo

Luiz Ferreira analisa as escolhas de Eduardo Souza e Abel Ferreira e a partida desta segunda (10) na coluna PAPO TÁTICO

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

A conquista do título brasileiro de 2022 pelo Palmeiras já deixou de ser uma questão de “se” há algumas rodadas. Na prática, a impressão que fica é a de que não há tempo para que o escrete comandado por Abel Ferreira tropece a ponto de permitir a chegada de clubes como Internacional, Corinthians e Flamengo. Dito isto, nada impede que outros clubes fora da briga pela taça aprontem pra cima do líder do Brasileirão. Caso do valente e aplicado time do Atlético-GO de Eduardo Souza. Já são sete pontos conquistados nos últimos nove disputados e muita garra para arrancar um pontinho de um Palmeiras ansioso e mais desconcentrado do que o normal no Estádio Antônio Accioly.

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Abel Ferreira repetiu seu 4-2-3-1 usual com Gustavo Scarpa como “10”, Mayke como ponta pela direita, Rony no comando de ataque e Dudu pela esquerda. Do outro lado, o Atlético-GO apostava num bloco mais baixo para retomar a posse e acionar o argentino Churín entre Gustavo Gómez e Murilo nas jogadas de pivô e nas ultrapassagens de Wellington Rato, Dudu (o lateral do Dragão) e Luiz Fernando às costas dos laterais. Com Willian Maranhão recuando para a última linha, houve momentos em que o time de Goiânia jogou com uma linha de três zagueiros.

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Com o meio bem preenchido e a entrada da área bem vigiada, o Atlético-GO obrigou o Palmeiras a trabalhar bastante a bola para chegar no gol defendido por Renan. Ainda que o camisa 1 do Dragão tenha feito pelo menos duas grandes defesas na primeira etapa, o time de Eduardo Souza conseguiu se defender bem e conter os avanços do Palmeiras por pelo menos algum tempo. Estava nítido que os comandados de Abel Ferreira pecavam pela ansiedade de resolver logo o jogo, visto que a equipe alviverde errava lances que não costumava errar.

Formação inicial das duas equipes. O Palmeiras explorava os lados do campo e o Atlético-GO fechava a entrada da área.

Certo é que o Palmeiras conseguiu descomplicar as coisas apenas no segundo tempo, quando Murilo finalmente venceu o goleiro Renan e abriu o placar no Estádio Antônio Accioly logo aos três minutos. Aliás, o trabalho feito por Abel Ferreira nas jogadas de bola parada é algo impressionante. Poucos times na América do Sul são tão consistentes nesse quesito como o atual líder do Brasileirão. E com o placar favorável, o escrete alviverde pôde finalmente colocar mais a bola no chão e explorar os espaços que o Atlético-GO deixava às costas dos alas Dudu e Arthur Henrique. Além disso, o time de Eduardo Souza sentiu o gol por alguns minutos e demorou um pouco para retomar a concentração.

A sensação que a partida passava até aquele momento é que o time de Abel Ferreira não teria muitas dificuldades para superar mais um adversário e dar mais um passo rumo ao título nacional. Foi aí que Eduardo Souza fez duas mudanças que deixaram o Atlético-GO muito mais ofensivo. Edson Fernando e Arthur Henrique deixaram o jogo para as entradas de Jorginho e Shaylon respectivamente. O 3-4-2-1 foi mantido, mas o Dragão ganhou força ofensiva e muito mais profundidade pelos lados do campo. Foi dessa maneira que Marlon Freitas encontrou Dudu às costas de Piquerez no lance do gol de empate do Atlético-GO, marcado por Shaylon após bola rebatida de Weverton para o meio da área.

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Marlon Freitas acha Dudu às costas de Piquerez no lance do gol de empate do Atlético-GO. Foto: Reprodução / Premiere

O que se via a partir dos 15 minutos da segunda etapa era um Palmeiras mais afobado e que esbarrava nas tomadas de decisões erradas. Não foi por acaso que Abel Ferreira mandou Wesley, Merentiel, Rafael Navarro e Breno Lopes para o jogo. Além da falta de concentração, os titulares sentiam demais o ritmo intenso desse final de temporada e precisaram ser preservados. Enquanto isso, o Atlético-GO apenas fechava a entrada da sua área (tendo em Dudu muito mais um meia do que um lateral pela direita) com muita intensidade, entrega e dedicação. Se o Palmeiras não fez a sua melhor partida, muito se deve à boa execução dos conceitos do interino Eduardo Souza.

O Atlético-GO fechou sua área e criou dificuldades para o Palmeiras atacar no final do jogo. Foto: Reprodução / Premiere

É verdade que o estrago foi mínimo para o Palmeiras. Conforme mencionado anteriormente, não é mais uma questão de “se”, mas de “quando” o time de Abel Ferreira vai finalmente confirmar o título. O que se vê, no entanto, é um elenco que se entregou ao máximo nos últimos meses, que superou desfalques importantes e todas as dificuldades que esse nosso calendário insano proporciona. Ao mesmo tempo, o Atlético-GO encaixou seu terceiro jogo sem derrotas e vem mostrando poder de reação nessa briga contra o rebaixamento. Nomes como Churín, Jorginho, Marlon Freitas e Dudu estiveram muito bem e mereciam até melhor sorte na partida desta segunda-feira (10). Sem exagero.

A ansiedade do time por conta da contagem regressiva para o título brasileiro é mais do que natural e só deve acabar quando o Palmeiras finalmente levantar a taça. De resto, o time de Abel Ferreira deve manter a pegada e a estratégia até o final. É lógico que os tropeços podem acontecer e é nisso que os adversários se prendem. Mas será que há tempo para tantos tropeços?