Home Futebol Atlético-MG consolida boa fase, vence mais uma dentro do seu novo estádio e escancara a apatia do Botafogo

Atlético-MG consolida boa fase, vence mais uma dentro do seu novo estádio e escancara a apatia do Botafogo

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Luiz Felipe Scolari e Bruno Lage e a partida deste sábado (16)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

É possível dizer que, se o Botafogo vive sua fase mais complicada nesse Campeonato Brasileiro, o Atlético-MG vive seu melhor momento sob o comando de Luiz Felipe Scolari. E não é para menos. A atmosfera favorável da torcida atleticana na Arena MRV e a boa atuação do Galo diante do líder da competição mostram o que foi a partida deste sábado (16) e o tamanho do feito da equipe da casa. E nem mesmo a apatia do escrete comandado por Bruno Lage é capaz de diminuir o tamanho da vitória obtida diante de um adversário fortíssimo e que só havia perdido duas vezes fora de casa no Brasileirão. A defesa funcionou muito bem e o ataque foi preciso na melhor chance que teve.

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A boa atuação do Galo também ajudou a escancarar a apatia de um Botafogo que parece sentir demais a pressão dos últimos dias. Difícil não pensar na desastrada entrevista coletiva dada por Bruno Lage depois da derrota para o Flamengo. No entanto, é preciso reconhecer que o Glorioso não vem bem há algum tempo. A questão é que os resultados maquiavam um pouco as atuações mais abaixo do esperado e a “gordura” para o segundo colocado permitia um pouco mais de calma com relação a um tropeço ou outro. Só que o clima não é mais o mesmo depois nesses últimos dias.

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O que se viu neste sábado (16) foi uma equipe apática, sem brilho e que parecia apenas jogar a responsabilidade para seu adversário. Um certo desinteresse que se mostraria fatal no final da partida na Arena MRV. E o Atlético-MG aproveitou bem esse cenário e foi preciso nas decisões que tomou. Principalmente na segunda etapa, quando o jogo ficou um pouco mais aberto e muito menos monótono do que na primeira etapa. Destaque para as boas atuações de Otávio, Battaglia, Pedrinho e Paulinho, talvez o grande nome da partida pelo gol e pela movimentação ofensiva.

Sem Hulk (lesionado), Luiz Felipe Scolari apostou no seu velho 4-2-3-1 com Alan Kardec no comando de ataque, Paulinho e Pavón pelos lados e Pedrinho mais livre para circular por todo o campo. Mais atrás, Otávio e Battaglia organizavam a saída de bola e faziam o encaixe na marcação em cima de Tchê Tchê e Marlon Freitas. Pelos lados do Botafogo, o que se via era um time mais estático, sem a mesma movimentação e triangulações vistas nas últimas partidas. Difícil entender porque Eduardo se posicionou tão à frente em alguns momentos, já que Tiquinho Soares tinha que baixar para buscar a bola com bastante frequência. Era na base dos encaixes que o Atlético ia se impondo.

Formações iniciais das duas equipes. Felipão apostou em Alan Kardec à frente de Paulinho, Pedrinho e Pavón. Do outro lado, Tiquinho Soares precisava sair muito da área.
Formações iniciais das duas equipes. Felipão apostou em Alan Kardec à frente de Paulinho, Pedrinho e Pavón. Do outro lado, Tiquinho Soares precisava sair muito da área.

De fato, foi um primeiro tempo sem grandes emoções além, é claro, da falta cobrada por Mauricio Lemos que Lucas Perri defendeu e das finalizações de Pavón e Paulinho. Na volta do intervalo, o Atlético-MG começou a encontrar espaços nos lançamentos em profundidade para os pontas. Principalmente no espaço entre Marçal e Victor Cuesta. Mais atrás, o Galo conseguia organizar suas jogadas de ataque sem sofrer muito. Otávio baixava entre os zagueiros e distribuía bem o jogo com Battaglia e Pedrinho mais por dentro e às costas dos volantes. Inexplicavelmente, o Botafogo apenas assistia seu adversário trocar passes sem sequer fazer uma pressão. E isso seria fatal nos minutos seguintes.

Otávio recebe a bola entre Bruno Fuchs e Mauricio Lemos, Pedrinho e Battaglia aparecem por dentro e Paulinho se lança às costas de Marçal. Foto: Reprodução / SPORTV / GE
Otávio recebe a bola entre Bruno Fuchs e Mauricio Lemos, Pedrinho e Battaglia aparecem por dentro e Paulinho se lança às costas de Marçal. Foto: Reprodução / SPORTV / GE

Além da entrada de Gatito Fernández no lugar de Lucas Perri por necessidade, o técnico Bruno Lage ainda mexeu em quase todo o sistema ofensivo da sua equipe. Victor Sá, Tiquinho Spares e Júnior Santos deixaram o jogo para as entradas de Luis Henrique, Diego Costa e Segovinha. Apesar da intenção do treinador português, o que se viu foi um Botafogo que perdeu toda a (pouca) profundidade que tinha com os “pontas com os pés invertidos”. O time continuou apático e manteve a postura mais “blasé” diante de um adversário que ia ganhando confiança. Tudo isso vem contribuindo para a falta de combatividade do Bota nos jogos realizados fora de casa. E esse cenário não é novo.

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A grande sacada de Luiz Felipe Scolari foi a entrada de Zaracho no lugar de Alan Kardec. O meio-campo atleticano ganhou mais força e o deslocamento de Paulinho para o comando de ataque permitiu que o Galo ganhasse mais agressividade nas bolas lançadas às costas da última linha botafoguense. Não é por acaso que o único gol da partida saiu de uma dessas jogadas. Pedrinho vem até o campo de defesa sem ser incomodado, vê o camisa 10 se lançando entre Di Plácido e Adryelson e faz o lançamento. Notem que o escrete atleticano se organiza numa espécie de 3-4-3 com Mariano E Guilherme Arana espetados, Otávio entre os zagueiros e o trio ofensivo arrastando os zagueiros adversários.

Pedrinho aparece na defesa e faz o lançamento para Paulinho no lance do gol do Atlético-MG. O time se organizou numa espécie de 3-4-3. Foto: Reprodução / SPORTV / GE
Pedrinho aparece na defesa e faz o lançamento para Paulinho no lance do gol do Atlético-MG. O time se organizou numa espécie de 3-4-3. Foto: Reprodução / SPORTV / GE

Daí para o final da partida, a única polêmica foi o gol anulado de Diego Costa. Este que escreve também anularia o lance por entender que o camisa 19 tirou proveito da posição de impedimento no lance. Mas o ponto que mais chama a atenção foi a maneira como o Botafogo reagiu à desvantagem no marcador. A entrada de Janderson só embolou ainda mais o meio-campo e nem mesmo uma mudança eventual para um 3-5-2 com Marçal alinhado a Adryelson e Victor Cuesta conseguiu resolver os problemas do Glorioso. Vitória justa da equipe que entendeu melhor o cenário e que mais se dispôs a jogar futebol. Simples assim. E não é nenhuma reclamação de Bruno Lage que vai mudar esse pensamento.

Enquanto o Atlético-MG consolida a boa fase com Luiz Felipe Scolari, o Botafogo vive talvez seu momento mais delicado no Brasileirão. Somando a derrota para o Defensa y Justicia na Copa Sul-Americana, o Glorioso já chega a três derrotas seguidas e vê o Palmeiras se aproximar perigosamente no retrovisor. É bem possível que estejamos falando apenas de uma oscilação normal nas atuações do time. Mas a forma como jogadores e comissão técnica vêm reagindo a isso é preocupante. É preciso ter calma e entender o que vem dando errado.

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