O técnico Luiz Felipe Scolari virou um alvo do Colo-Colo há uma semana. Nesta quinta (05), dirigentes da equipe vieram a capital paulista para tentar a contratação do Felipão. Em entrevista ao Torcedores.com, o presidente do time chileno confirmou a reunião com o treinador, em São Paulo.
“Falamos apenas por telefone, por isso queremos ter uma reunião um pouco mais longa e profunda, para que ele possa nos dizer qual é o seu método de trabalho e nos conhecermos um pouco mais, essa é a ideia”, falou.
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Porém, assim que foi noticiada a possível ida do Felipão para o Chile, a torcida antifascista do Colo-Colo se mostrou contrária a decisão. Nas redes sociais, a “Antifascistas de la Garra Blanca” divulgou uma nota oficial em que mostravam descontentamento com Scolari por defender Pinochet em uma entrevista, em 1998.
QUEM FOI?
Augusto Pinochet foi um ditador chileno que governou de 1973 a 1990. Suas ações no campo econômico são defendidas até hoje, já que creditam a elas o atual desempenho da economia do Chile. Entretanto, esses dados não são consenso entre economistas. Visto que, ao final do governo, 38% da população se encontrava abaixo da linha da pobreza.
Além disso, a ditatura chilena foi uma das mais cruéis do continente americano. O governo de Pinochet é acusado de matar 3,2 mil pessoas, torturado outras 40 mil e estuprado 3,4 mil mulheres.

Pinochet morreu em 10 de dezembro de 2006, sem ser penalizado por nenhum dos crimes cometidos. Fotos: Getty Images
MANIFESTAÇÕES CONTRÁRIAS
O Torcedores.com conversou com a torcida organizada Garra Blanca, que se mostrou bastante descontente com a especulação da contratação de Felipão.
“Não podemos suportar isso, nosso clube tem história popular, rebelde e tem valores, por isso nos pronunciamos o mais rápido possível, tendo uma boa recepção. Os dizeres do Scolari há anos sobre Pinochet, mostra claramente seu apoio a ele. Como também ao seu modo de agir contra as pessoas, aprovando a política de violações sistemáticas dos direitos humanos”, disse.
Em entrevista à rádio Jovem Pan, em 1998, Felipão elogiou as ações do ditador chileno e amenizou as represálias do governo de Pinochet.
“Pinochet fez muita coisa boa também. Ajeitou muitas coisas lá [no Chile]. O pessoal estava meio desajeitado. […] Ele pode ter feito uma ou outra retaliaçãozinha aqui e ali, mas fez muito mais do que não fez. Há determinados momentos que ou o pessoal se ajeita ou a anarquia toma conta”, falou.
POSSÍVEL CONTRATAÇÃO
Sobre a vinda dos dirigentes do Colo-Colo ao Brasil, a Garra Blanca falou que não é surpresa, mesmo após as manifestações opostas, já que eles “pensam somente em negócios”. Além disso, outros torcedores, segundo a organizada, estão olhando somente o currículo de Felipão, ganhador de Copa do Mundo e Libertadores.
“Vemos o Colo-Colo sendo mais do que um clube que deve ganhar títulos a qualquer preço, é um clube popular. Existem pessoas que são cegas por Copas e são capazes de se vender por promessas de tê-las. Acreditam que Scolari nos fará ganhar a Taça Libertadores, mas enquanto a diretoria só pensar em dinheiro, não ganharemos nada”, comentou.
Mesmo indo treinar o time chileno, a torcida antifascista promete guerra à chegada de Felipão.
“Esperamos que caia [a contratação], mas se vier, tornaremos a sua vida impossível. Não queremos fascistas ou pinocchistas em nosso clube”, criticou.
Mesmo com as manifestações contrárias, os dirigentes chilenos estão com as negociações avançadas para contar com Luiz Felipe Scolari para a sequência da temporada. Na Libertadores, o Colo-Colo está no Grupo C, com Athletico-PR, Jorge Wilstermann e Peñarol.
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