Embora a imprensa tenha colocado a pressão toda no colo do Grêmio nas vésperas do Gre-Nal de número 427 por conta das últimas atuações da equipe, o Internacional terminou a partida desta quarta-feira (23) dando a impressão de que sentiu muito mais as cobranças por bons resultados do que seu maior rival. Isso porque Renato Gaúcho vem garantindo sua sobrevida no comando do Tricolor Gaúcho a partir das vitórias sobre o Colorado. E a tal “pressão” foi muito bem utilizada pelo treinador gremista na escolha da estratégia para a partida válida pela quarta rodada da fase de grupos da Libertadores. Vitória justa pelo placar mínimo com gol do sempre ensaboado Pepê na metade da segunda etapa. A série invicta chega a dez partidas. Muita coisa para um dos clássicos mais disputados do país e a melhor resposta que Renato Gaúcho poderia dar aos seus críticos.
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O Grêmio entrou em campo adotando uma estratégia bem eficiente. A equipe tricolor (escalada com Lucas Silva, Matheus Henrique e Darlan protegendo a zaga e com Alisson e Pepê se movimentando muito atrás de Diego Souza) apertava bastante a marcação na saída de bola do Internacional (que jogava desfalcado de Moisés, Patrick e Edenílson) e brigava muito pelos rebotes. Bola recuperada e passe em profundidade para um dos pontas ou para o camisa 29 fazer o pivô. Interessante que esse cenário mais brigado e mais disputado fez com que os comandados de Eduardo Coudet caíssem na armadilha montada por Renato Gaúcho. Ao “dar a bola” para seu adversário, o Grêmio obrigou o Inter a buscar a bola longa e abrir mão dos passes pelo chão. Com jogadores mais fortes, o escrete tricolor conseguiu ter mais volume de jogo e criar muitos problemas para a defesa colorada.
Renato Gaúcho escalou o Grêmio num 4-3-3 de muita marcação e saídas rápidas para o contra-ataque. Aproveitando o jogo mais pegado e mais brigado, o treinador gremistas conseguiu tirar dois dos pontos fortes do Internacional de Eduardo Coudet: a saída limpa pelo chão e a intensidade nas transições ofensivas.
O Internacional só melhorou na partida quando o Grêmio baixou suas linhas até a área defendida por Vanderlei para explorar as costas da dupla de zaga formada por Zé Gabriel e Victor Cuesta. Ao mesmo tempo, os comandados de Renato Gaúcho exploravam bem o lado direito de ataque, com Alisson e Orejuela forçando o erro de um inseguro e indeciso Matheus Jussa (zagueiro improvisado na lateral-esquerda). Fora que todo o time do Inter sentia muito as ausências de Moisés e Edenílson, dois nomes que fazem o jogo colorado fluir do jeito que “Cacho” Coudet deseja. A boa marcação do Grêmio fazia com que os jogadores colorados abusassem das bolas longas para Thiago Galhardo e Abel Hernández. O camisa 17 ainda teve boa chance em cabeçada defendida por Vanderlei no início do segundo tempo, mas foi só isso. Mesmo com mais posse, o Internacional pouco ameaçou a meta gremista.
🆚| #INTxGRE 0-1
⚽️| Pepê
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📊 Estatísticas:📈 Posse: 58% – 42%
👟 Finalizações: 12 – 10
✅ Finalizações no gol: 3 – 1
👊 Faltas: 16 – 12
🛠 Grandes chances: 0 – 1
☑️ Passes certos: 392 – 254💯Notas SofaScore👇 pic.twitter.com/M4Pwi3TNEP
— Sofascore Brazil (@SofascoreBR) September 24, 2020
A péssima transição defensiva era mais um problema para Eduardo Coudet. Mesmo procurando manter a bola no ataque, o Internacional sofria demais com as bolas longas para Alisson e Pepê. Os dois desperdiçaram boas chances até que o camisa 25 recebeu bom passe de Darlan, cortou para o meio e chutou no canto esquerdo de Marcelo Lomba. Vale destacar aí o espaço que Saravia deixou para que o atacante gremista tivesse tempo para dominar, ajeitar o corpo e marcar o único gol da partida. Enquanto Renato Gaúcho via sua equipe no caminho de mais um resultado positivo contra seu maior rival, Eduardo Coudet tentou dar mais fôlego e qualidade ao setor ofensivo ao sacar Rodrigo Lindoso e Marcos Guilherme para as entradas de D’Alessandro e Leandro Fernández, mas sem sucesso. A estratégia de Renato Gaúcho funcionava mais uma vez e a série invicta aumentava para dez partidas.
Eduardo Coudet só mexeu no Internacional depois que sua equipe levou o gol e, ainda assim, não conseguiu furar a bem postada defesa do Grêmio. Mesmo com mais posse de bola e jogando com praticamente quatro atacantes, o escrete colorado fez tudo o que não poderia fazer: abrir mão do seu estilo de jogo.
Renato Gaúcho tem conquistado sobrevida no comando do Grêmio através das vitórias nos clássicos. Mas o grande mérito do treinador do Grêmio foi a escolha da estratégia que fez com que o Internacional não pudesse impor seu ritmo na partida. Depois de um primeiro tempo com linhas adiantadas, marcação sob pressão, Darlan e Matheus Henrique se “desgarrando” do meio-campo para auxiliar Diego Souza por dentro, o escrete tricolor se fechou em duas linhas (uma com quatro e outra com cinco jogadores) à frente da área defendida por Vanderlei para aproveitar os espaços no campo ofensivo. Ao mesmo tempo, o Internacional foi tomado pela pressão e pela afobação. O jejum de vitórias sobre o maior rival e o fato de ainda não ter marcado gols no Grêmio em 2020 é simbólico. Renato Gaúcho sabe muito bem como usar os clássicos e provou isso mais uma vez nesta quarta-feira (23).
Renato Portaluppi completou 365 jogos como nosso técnico e tornou-se o segundo maior treinador da nossa história. Já são mais de 4 anos ininterruptos desde a sua última chegada. E mais uma vitória em GreNal, fora da nossa casa.
🇪🇪🏆🏆🏆 #GreNal427 #Libertadores #GreNalDasAméricas pic.twitter.com/8T7DLVD1dr— Grêmio FBPA (@Gremio) September 24, 2020
A derrota no Gre-Nal 427 também coloca um pouco de pressão sobre o trabalho de Eduardo Coudet. Por mais que a estratégia de Renato Gaúcho tenha funcionado, o argentino não foi feliz nas suas escolhas e viu sua equipe sucumbir diante da boa marcação do rival. Mas o pior de tudo foi ver o escrete colorado caindo na armadilha gremista. O forte do Inter é a transição ofensiva feita com passes curtos e objetivos. Ao mesmo tempo, vale destacar aqui a boa atuação de Rodrigues, Kannemann e (principalmente) Lucas Silva. O camisa 16 foi um leão no meio-campo e fechou todos os espaços possíveis com muita movimentação e mobilidade. Mais uma aposta de Renato Gaúcho que dá certo. E isso num cenário que se desenhava completamente desfavorável para ele nos dias que antecederam a partida. E nada como uma vitória num clássico para acalmar os ânimos e recuperar o bom ambiente.
Mesmo se perdendo no personagem e confundindo confiança com fanfarronice em vários momentos, Renato Gaúcho sabe muito bem onde está pisando e o que conta realmente lá no Rio Grande do Sul. Seu Grêmio pode não jogar o mesmo futebol vistoso de 2017 e 2018, mas ainda é muito competitivo. Ser reativo ou propositivo é apenas um detalhe da estratégia de cada partida.
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