Supercopa do Brasil, Taça Guanabara e Recopa Sul-Americana. Três títulos em dez dias. A última taça foi levantada depois de uma das mais inteligentes e sólidas atuações que este que escreve já viu nos últimos anos. O Flamengo de Jorge Jesus fez história mais uma vez. A vitória sobre o Independiente del Valle por 3 a 0 nesta quarta-feira (26) não só valeu o título inédito da Recopa Sul-Americana (a primeira conquista internacional do clube arrematada no Maracanã), mas também mostrou como eu e você devemos desfrutar de cada lance e de cada momento desse time dentro de campo. Além disso, Gabigol e Gerson ditaram os rumos da partida contra o Del Valle e foram simplesmente sensacionais. Principalmente quando o Flamengo perdeu Willian Arão (expulso) ainda no primeiro tempo. Versatilidade, organização e inteligência. Desfrutemos.
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Sem Rodrigo Caio e Bruno Henrique, Jorge Jesus optou pelas simples entradas de Léo Pereira na zaga e Pedro no ataque. O Flamengo se comportava muito melhor do que no jogo de ida e forçava bastante a saída de bola do Independiente del Valle. A estratégia deu certo aos 19 minutos numa falha gigantesca da equipe equatoriana que Gabigol não perdoou. No entanto, parecia que as coisas se complicariam de vez para o Flamengo poucos minutos depois, quando Willian Arão foi expulso de maneira justa depois de acertar um chute no peito de Caicedo. Com um a menos, Jorge Jesus sacou Pedro, mandou Thiago Maia para o jogo e reorganizou o Fla num 4-4-1 bem fechado na frente da área de Diego Alves. A partir desse momento, vimos um time organizado e inteligente para frear o ímpeto do Independiente del Valle (que teve 73% de posse de bola de acordo com o SofaScore) e aproveitar os espaços em contra-ataques em alta velocidade com um Gabigol inspiradíssimo.
Após a expulsão de Willian Arão, o técnico Jorge Jesus mandou o volante Thiago Maia para o jogo e reorganizou seu Flamengo num 4-4-1 bem fechado na frente da área. Gabigol puxava os contra-ataques e Gerson tomou conta do meio-campo. Foto: Reprodução / DAZN
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É preciso dizer que a atuação do Flamengo foi perfeita taticamente. Trata-se de uma equipe madura, organizada, inteligente e ousada a ponto de atacar o Independiente del Valle mesmo com um jogador a menos durante quase uma hora de partida. Tirando uma defesaça (que valeu o título) de Diego Alves num chute de Faravelli quase na linha da pequena área, o escrete comandado por Miguel Ángel Ramírez quase não ameaçou o Fla. Os comandados de Jorge Jesus aproveitavam cada pedaço do campo para buscar o ataque. Tal como Gabigol fez na belíssima jogada que antecedeu o gol de Gerson aos 16 minutos do segundo tempo. E isso numa situação completamente adversa. Thiago Maia se posicionava entre os zagueiros, Rafinha se lançava ao ataque, Filipe Luís ajudava na saída de bola Éverton Ribeiro e Gerson organizavam o jogo e Gabigol se movimentava por todo o campo. Apenas Arrascaeta destoou um pouco do resto do time. Mas é o tipo da atuação coletiva que enche os olhos e merece ser desfrutada.
Thiago Maia recua entre os zagueiros, Éverton Ribeiro, Filipe Luís e Gerson organizam o jogo, Gabigol circula por todo o campo e Rafinha se lança ao ataque. A organização tática do Flamengo foi um dos pontos altos da partida no Maracanã. Foto: Reprodução / DAZN
A entrada de Vitinho (aos 30 minutos do segundo tempo) deu mais fôlego e mais força ao ataque rubro-negro num momento em que o Independiente del Valle já dava sinais de que não teria forças para reagir. E nem controle dos nervos, já que Alejandro Cabeza quase quebrou a perna de Léo Pereira e levou o cartão vermelho aos 40 minutos. O Flamengo seguia diminuindo espaços, compactando seus setores e bloqueando todas as ações do seu adversário. O jogador mais avançado era Gabigol que era preocupação constante da defesa do Del Valle. Mas ainda havia tempo para mais uma aula do time de Jorge Jesus. Desta vez, de contra-ataque. Michael roubou a bola na intermediária, passou para Gabigol que lançou Vitinho. O camisa 11 puxou a marcação e serviu Gerson dentro da área para fazer o terceiro e fechar o placar no Maracanã. Para a alegria de quase 70 mil rubro-negros alucinados e inebriados com mais uma atuação mágica do seu time do coração.
Flamengo compactado na frente da sua área, diminuindo espaços entre as linhas e atento em cada movimento do Independiente del Valle. A superioridade já era clara mesmo com um a menos e ficou ainda mais evidente depois da expulsão de Alejandro Cabeza. Foto: Reprodução / DAZN
Vale lembrar que o Flamengo ainda não havia passado por uma situação como a da decisão da Recopa Sul-Americana. E mais uma vez, o time comandado por Jorge Jesus surpreendeu a todos nós com organização e inteligência para fechar os espaços no meio-campo e acabar com a transição rápida do Independiente del Valle. Ao mesmo tempo, precisamos falar da versatilidade de jogadores como Gerson (o melhor em campo na opinião deste que escreve), que marcou demais e ainda soube tirar o Fla dos momentos de pressão com passe preciso e apoio ao ataque. Vale destacar também a atuação segura de Filipe Luís que, mesmo sem apoiar tanto o ataque, foi um monstro na defesa e ainda organizou a saída de bola com extrema qualidade. Ou Éverton Ribeiro, que cada vez mais justifica a alcunha de craque. Ou ainda Gabigol. O camisa 9 se multiplicou em campo, foi perigo constante para a zaga adversária e foi o principal armador de jogadas de um Flamengo cada vez mais histórico e lendário. Três títulos em dez dias, minha gente. É realmente outro patamar.
Embora o nosso ofício seja a análise tática mais objetiva e mais fria em determinados casos, é praticamente impossível não se encantar com esse time. Desfrutemos de cada lance, de cada momento, de cada defesa, de cada gol marcado por esse Flamengo de Jorge Jesus. Equipes como essas não aparecem todo dia.
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Momento para ver e rever: o primeiro troféu internacional que o rubro-negro levanta no Maracanã! 🏆
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— DAZN BRA (@DAZN_BRA) February 27, 2020
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