Home Futebol Do “cachaça” à faixa-fake antes de Gre-Nal, Fabiano revive história construída no Inter: “Representa tudo na minha vida”

Do “cachaça” à faixa-fake antes de Gre-Nal, Fabiano revive história construída no Inter: “Representa tudo na minha vida”

Reportagem do Torcedores.com publica entrevista com o ex-atacante colorado Fabiano Souza

Eduardo Caspary
Jornalista formado pela PUCRS em agosto de 2014. Dupla Gre-Nal.

Se há alguma bebida que você jamais verá o ex-atacante Fabiano tomando é a que ele, de forma divertida, já aceitou fazer parte do nome. Símbolo do Inter no final da década de 90, ele viu o “cachaça” não apenas se tornar apelido como também virar faixa e cânticos entre os colorados – os mesmos colorados que vibraram muito com o seu gol na final do Gauchão de 1997 contra o Grêmio e no verdadeiro show dado no clássico no Olímpico, vencido por 5×2, pelo Brasileirão do mesmo ano.

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“Sinceramente não sei. Também não tenho ideia de onde surgiu isso. Primeiro, não gosto de cachaça. E segundo, o fato de eu sair para curtir, não queria dizer que eu bebia”, alega, aos risos, em exclusiva ao Torcedores.com.

Faixa na perna para enganar o Grêmio

Julho de 1997. Em uma das décadas mais dolorosas para a torcida do Inter, que via o rival empilhar grandes títulos, o Gauchão virou verdadeiramente uma Copa do Mundo – e todas as armas eram válidas na tentativa de sair em vantagem. Fabiano era um das grandes esperanças na final contra o Grêmio e, por ideia do médico colorado à época, o Dr. Rabelo, apareceu com a perna enfaixada antes do clássico decisivo no Beira-Rio.

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Época “raiz” do futebol, treinamentos de portões fechados eram raridade e todos viram Fabiano mancando, entendendo que a faixa, que o acompanhava no pátio do estádio às vésperas do jogo, indicava que ele não teria condições de estar em campo. O objetivo não era esconder da torcida, da imprensa e do adversário, pelo contrário. Tudo fazia parte de uma armadilha criada pelo médico, que, com o aval do técnico Celso Roth, orientou Fabiano a simular uma lesão no treino.

“Tínhamos à época, no departamento médico, o conceituado médico, Dr. Rabelo, o qual era sócio de um médico que trabalhava no rival. E numa conversa descontraída entre eles, o tal médico do rival, deixou escapar que a equipe adversária se preocupava comigo, já que eu, assim como nossa equipe, vivia um bom momento. Sendo assim, o Dr. Rabelo veio com a ideia, a pedido da comissão técnica, que eu simulasse uma lesão, causando dúvida para o jogo decisivo. E o resto da história vocês já sabem… (risos)”, brincou.

Para quem não sabe, o Torcedores ajuda. Fabiano foi o nome da final ao fazer o golaço que deu o 1×0 ao Inter, no Beira-Rio, no celebradíssimo título gaúcho de 1997. No mesmo ano, “Cachaça” brilharia no Gre-Nal dos 5×2 no Olímpico, mas não tem dúvidas sobre qual é o seu Gre-Nal preferido.

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“Ambos são especiais para mim. Porém, o Gre-Nal da final do Gauchão de 97 tem sabor especial, pois, conseguimos conquistar um título para Inter depois de cinco anos e resgatar a autoestima do torcedor colorado”

Década complicada e sonho de ter participado do 2006 do Inter

Fabiano não guarda ressentimento ou tristeza por não ter conseguido um grande título pelo Inter. Ele entende que, dentro do que era possível, marcou a sua história no clube sendo lembrado até hoje. A “gangorra” no Rio Grande do Sul começou a virar a partir de 2003, ano do bicampeonato gaúcho colorado, quando o atacante já não estava mais no plantel.

“O Internacional representa tudo na minha vida. Foi o clube que projetou para o futebol, que me deu visibilidade nacional. Nutro um carinho grande não só pelo clube, mas pela torcida também. Sou colorado de coração”, disse, antes de acrescentar:

“Eu cheguei em 1996 no Inter e sabia que o clube não estava num bom momento. O clube vinha de uma seca de títulos, de cinco anos sem vencer nada. É sabido que o rival vinha de títulos importantes e no ano de 1997, o Inter montou um time competitivo, onde tivemos a oportunidade de disputar a final do Gauchão contra eles e sair vitorioso. Teve um sabor especial, pois tive a felicidade de ser o autor do gol que quebrou a hegemonia gremista no RS, onde o nosso torcedor voltou a sentir orgulho de ser colorado”.

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Fernandão, Sobis, Iarley, Rentería, depois Luiz Adriano, Alexandre Pato… o “cartel” colorado era forte para o sistema ofensivo de 2006, mas Fabiano abriu aquela temporada esperançoso de que poderia se juntar a eles. Com 30 anos na ocasião, acertou contrato para jogar o Gauchão na já extinta Ulbra, que chegou a ganhar do Inter de 1×0 na primeira fase daquele estadual.

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“Sim, com certeza (queria voltar) Eu tava bem fisicamente e a intenção era fazer um bom campeonato para, assim, ter alguma chance de compor o plantel em 2006. Seria um sonho fazer parte daquele grupo vencedor”.

Antes de pendurar de vez as chuteiras, Fabiano realizou o sonho de um jogo de despedida no Beira-Rio, em 2011, ao lado de nomes que fizeram parte da sua história no Inter, como o ex-centroavante Christian. Hoje, aos 45 anos, integra o Relacionamento Social do clube participando de festas no interior do estado e em outras cidades angariando mais sócios colorados. E, claro, sem cachaça.

Além de Fabiano: confira outras entrevistas do autor com ex-jogadores do Inter:

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