Home Futebol Amigos de longa data, Saletti defende Edinho e diz que foi prejudicado no Inter por ironia de ex-treinador: “Palavras não voltam”

Amigos de longa data, Saletti defende Edinho e diz que foi prejudicado no Inter por ironia de ex-treinador: “Palavras não voltam”

Torcedores.com publica entrevista com o ex-zagueiro Tiago Saletti, que, além do Inter, atuou em Guaratinguetá, Caxias, Lajeadense e Chapecoense

Eduardo Caspary
Jornalista formado pela PUCRS em agosto de 2014. Dupla Gre-Nal.

Em uma era onde despontavam da base atacantes do porte de Nilmar, Diego, Daniel Carvalho e Rafael Sobis, Tiago Saletti se tornou uma das esperanças de que o Celeiro de Ases do Beira-Rio também entregasse bons defensores. Mas o ex-zagueiro nascido em Rolante-RS, já aposentado dos gramados, acabou prejudicado – e marcado – por uma ironia feita pelo então treinador do clube na abertura de 2004, Lori Sandri.

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A verdade é que Lori tinha realmente motivos para estar furioso naquele 21 de fevereiro. O sol forte em Caxias do Sul iluminou apenas o Juventude, que, em ritmo de treino, aplicou 4×1 dentro do Estádio Alfredo Jaconi ainda pela primeira fase do Gauchão. Na coletiva de imprensa pós-jogo, o treinador não protegeu os seus jogadores e ainda foi além ao falar da atuação de Saletti: “O Figueroa quer sair jogando e entrega dois gols, eu vou fazer o quê?”.

Ao Torcedores.com, o antigo defensor admite mágoa pela situação e se vê injustiçado pelas palavras do técnico, que durou no Inter apenas até o meio daquela temporada e veio a falecer em 2014. O polêmico episódio é o pano de fundo de uma entrevista que tem um interessante ponto de vista sobre Edinho, com quem Saletti morou junto durante o início no Inter, além de uma opinião sobre o atual titular da função no time de Eduardo Coudet, Bruno Fuchs.

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Torcedores.com: Quais as melhores lembranças que você tem do Inter? Ficou uma mágoa ou um sentimento de que poderia ter ficado mais tempo?

Tiago Saletti: As minhas maiores e melhores lembranças do Inter são exatamente do início dessa caminhada que se inicia lá no ano de 1997. Foi naquela época que cheguei com 13 anos para morar no alojamento e desde lá vivi o sonho de todo garoto, que era poder estrear no profissional do clube que você cresceu, viveu a infância e sempre torceu. Não, não digo que ficou mágoa nenhuma do Inter. Até porque a decisão de sair naquele momento foi apenas minha. Eu tinha mais quatro anos de contrato com o clube, mas entendi que era melhor encerrar o vínculo e encarar um novo desafio.

Saletti fez o primeiro gol do Inter na campanha do Gauchão de 2004 – confira:

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T: Como de fato ocorreu aquele episódio, em uma derrota para o Juventude, fora, no Gauchão de 2004, que o Lori Sandri, treinador, te ironiza na coletiva falando algo como “o Figueroa sai jogando lá atrás e a gente toma gol”? Qual a sua versão do fato? Ficou muito chateado na oportunidade?

TS: Bom, vamos lá. Aquele episódio realmente tomou uma dimensão maior do que eu esperava (risos). Nós sofremos uma derrota de 4×1 para o Juventude no Alfredo Jaconi, em Caxias, onde em uma situação de o placar terminar 4×1, obviamente que a defesa não se saiu bem. Até pouco tempo atrás eu tinha a fita guardada desse jogo, assim como tinha a de todos que joguei. Eu não sei se foi pelo fato de o Lori Sandri se referir ao Figueroa que logo ligaram ao quarto zagueiro, que era eu na oportunidade. Mas, analisando o jogo, tem um lance que eu erro um passe, mas o Juventude faz uma troca de no mínimo dez passes antes de sair o lance de um dos gols deles. O que me lembro nitidamente, e não é desculpa pois foi uma tarde horrível para mim, é que o nosso volante Marabá, aí sim em um passe errado e depois em um passe vertical do Juventude, saiu o gol. De repente, o Lori quis usar o Figueroa como referência a um lance, mas não a mim. Só que depois que as palavras são lançadas, elas não voltam mais. Nos reapresentamos e eu e o Lori conversamos e tocamos o trabalho. Óbvio que ele foi muito infeliz na sua fala. Depois com o tempo e trabalhando com outros treinadores, a gente via a diferença de como se deve agir quando se tem um erro individual, que é proteger o jogador.

T: Já naquele momento em que você surgia no clube, entre 2003 e 2004, era possível perceber que o trabalho que vinha sendo feito colocaria o Inter na rota dos grandes títulos pouco tempo depois?

TS: Sim, realmente. Ainda estava em um processo lento. O clube sofria com muitas heranças negativas de gestões passadas, mas se via um esforço enorme de ir arrumando a casa, e principalmente por ter o Fernando Carvalho (presidente da época), que conhece muito de futebol e contratações.

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T: Você, na base, manteve uma grande amizade e chegou a morar junto com o Edinho, certo? Você ainda fala com ele? De que forma você analisa o recente desabafo dele pedindo desculpas à torcida do Inter por ter dito, em 2015, que o 5×0 do Grêmio no Gre-Nal era o maior título da carreira?

TS: Sim, é verdade. Nós dividíamos um apartamento logo quando saímos do alojamento do Beira-Rio. Tenho contato de vez em quando com ele. Nós ainda trocamos algumas mensagens sim, não perdemos o contato (risos).
Esse assunto sobre a polêmica entrevista ele até evita, porque sabe que deu mancada. Mas uma coisa eu posso te dizer com clareza. Em todas as oportunidades que temos e que conversamos, ele demonstra uma enorme gratidão ao Inter. Sempre cita a sua chegada ao clube. O Edinho sempre relembra que trabalhava como servente de pedreiro no Rio de Janeiro e o Inter abriu as portas para a oportunidade da vida dele.

T: Mais de 15 anos depois, o Inter volta a revelar um zagueiro e o coloca como titular, que é o Bruno Fuchs. Inclusive, parecido fisicamente com você. O que você acha deste jogador? Vê potencial nele para o futuro?

TS: Eu acho o Bruno Fuchs um zagueiro com uma técnica muito refinada e bom posicionamento. Óbvio que, por ser jovem, ele vai evoluir bastante principalmente nos embates de força e bola aérea. Na ordem, vejo esses itens mais importantes que a técnica. Mas isso só com o trabalho e o tempo para adquirir. Vejo um jovem muito promissor se corrigir esses pontos.

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T: Para encerrar. Fora do Inter, qual você avalia ter sido o seu melhor momento no futebol e como define a carreira que teve?

TS: O meu melhor momento foi em 2013 na Chapecoense. Consegui fazer um ano muito bom, participei de 35 partidas na Série B entre ser titular e ficar na reserva. Foi um ano especial. Conseguimos o acesso e o vice-campeonato brasileiro. Eu me sinto muito orgulhoso da minha carreira. Dei o meu melhor dentro das minhas limitações. Sempre fui um cara do bem e tive minhas conquistas. Então, não posso me queixar. Fui um menino que saiu aos 13 anos de Riozinho, no interior do estado, carregando um sonho. E hoje olho tudo que conquistei e me sinto muito orgulhoso.

Além de Tiago Saletti: confira outras entrevistas do autor com ex-jogadores do Inter:

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Fabiano – Do “cachaça” à faixa-fake antes de Gre-Nal, Fabiano revive história construída no Inter: “Representa tudo na minha vida”

Renan – Vida dentro do Inter, decisão de sair do clube e Kidiaba duas vezes no Olímpico: conversamos com o goleiro Renan

Rubens Cardoso – Campeão com a dupla Gre-Nal, Rubens Cardoso relembra conquistas, gol com ajuda do vento e escolhe lado: “Amo o Inter”

Daniel Carvalho – Daniel Carvalho crê em vitória sobre o Cruzeiro, relembra Gre-Nal histórico e resume Inter: “Foi tudo pra mim”

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Michel – Autor de gol no Nacional em 2006 aposta em nova vitória e recorda título: “Marcante”

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Wilson – Ex-zagueiro fala com orgulho do Inter, lamenta lesão no “ano dourado” e projeta títulos: “Torço muito”

Flavio – Com gol de título e comemoração-saci, ex-volante cita ano da “reviravolta” no Inter e lamenta: “Só queria ter ficado”

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