Home Futebol Avaí/Kindermann e Corinthians fazem jogo quente no primeiro “round” da final do Brasileirão Feminino; confira a análise

Avaí/Kindermann e Corinthians fazem jogo quente no primeiro “round” da final do Brasileirão Feminino; confira a análise

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa o jogo realizado na Ressacada e as ideias de Arthur Elias e Jorge Barcellos

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Este que escreve avisou na prévia tática da decisão que tanto Arhtur Elias e Jorge Barcellos poderiam “tirar coelhos da cartola” no primeiro confronto entre Avaí/Kindermann e Corinthians. E o que eu e você vimos na partida deste domingo (22) na Ressacada foi o mais puro suco do futebol feminino brasileiro: belas jogadas, lances de efeito, equipes consistentes e emoção do início ao fim. O único “porém” da partida foi a arbitragem confusa e enrolada de Rodolpho Toski Marques (profissional escolhido pela CBF para apitar a partida depois de uma sucessão de erros no Brasileirão Masculino). No mais, as equipes comandadas pelos excelentes e competentes Arthur Elias e Jorge Barcellos nos presentearam com um jogo de altíssimo nível em aspectos técnicos, táticos e com uma consistência enorme até mesmo para os padrões brasileiros. E olha que é apenas o primeiro jogo da final.

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É bem verdade que Jorge Barcellos não contava com Zoio e Pat para montar o Avaí/Kindermann para encarar um Corinthians forte e coeso. E quem pensava que veríamos as Avaianas Caçadoras se limitando a marcar, vimos uma equipe que tentou a todo momento encaixar o contra-ataque através da velocidade de Catyellen e Lelê e dos passes de Duda e Júlia Bianchi. O grande problema do escrete catarinense é que as suas adversárias simplesmente não deixavam as jogadoras respirarem. Muito por conta da disposição tática do time comandado por Arthur Elias e a já conhecida variação do 4-1-4-1 para o 2-3-5 com os avanços de Tamires e Gabi Zanotti. Vale destacar também a grande atuação de Adriana no lado esquerdo de ataque do Timão. A camisa 16 simplesmente não deu sossego para a sempre competente e talentosa Bruna Calderan, uma das principais válvulas de escape do Avaí/Kindermann.

Se Adriana levava a defesa adversária à loucura jogando com extrema inteligência (com e sem a bola), Andressinha dava o tom das jogadas no meio-campo do Corinthians, Yasmin chegava com frequência na intermediária ofensiva e Katiuscia vigiava Catyellen de perto no lado direito. Tanto que pouca gente entendeu quando Arthur Elias mexeu no time tão cedo. Por mais que Tamires e Gabi Zanotti não estivessem rendendo o esperado, havia como (pelo menos) dar mais minutos para algumas jogadoras sacadas durante a segunda etapa. Do outro lado, Jorge Barcellos apenas corrigia o problema na escalação inicial com a entrada de Stephanie no lugar de Thaini e o recuo de Camila para a lateral-esquerda. Mesmo assim, o panorama mudou pouco na segunda etapa. Ainda mais quando o Corinthians voltava do intervalo com ainda mais intensidade e agressividade nas tramas ofensivas.

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Mesmo assim, é impossível não notar a afobação das comandadas de Arthur Elias e também no equívoco do treinador nas saídas de Andressinha e Yasmin da equipe. Ainda mais num momento em que o jogo exigia calma e mais trabalho com a bola diante de um verdadeiro paredão montado por Jorge Barcellos na frente da área das Avaianas Caçadoras. Os números levantados pelo ótimo De Primeira – Futebol Feminino mostram bem a importância de Yasmin nesse contexto (e também de como o Avaí/Kindermann perdeu força no ataque sem o apoio de Bruna Calderan). Lelê e Bárbara ainda se destacaram com boas defesas. Mesmo assim, o zero não saiu do placar. Nem mesmo quando o Corinthians se lançava ao ataque com até sete jogadoras. Impossível não notar a dedicação e a aplicação tática do time catarinense. Principalmente de Júlia Bianchi, Duda e Kah, incansáveis na marcação e na recomposição.

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Se o Avaí/Kindermann sentiu demais o nível de exigência do seu adversário, é possível dizer que o Corinthians pecou demais pela afobação em determinados lances. E nesse ponto, o time de Jorge Barcellos “saiu na frente” na decisão do Brasileirão Feminino justamente por ter mantido a concentração nos momentos decisivos. E dentro desse contexto todo, a fala de Júlia Bianchi ao final da partida é o melhor resumo desse primeiro “round”: ainda está tudo em aberto. As Avaianas Caçadoras conseguiram incomodar o Timão em alguns momentos (mesmo podendo jogar mais do que jogaram) e mostraram que a equipe de Arthur Elias deixa espaços. E se há espaços, o Corinthians não é uma equipe invencível como alguns gostam de apregoar. Ainda há muito em jogo e a partida de volta (marcada para o dia 6 de dezembro na NeoQuimica Arena, em São Paulo) pode nos reservar algumas ótimas surpresas.

É verdade que ninguém gosta de zero a zero. Mesmo assim, Avaí/Kindermann e Corinthians provaram mais uma vez que o futebol feminino segue evoluindo a passos largos aqui no Brasil. Ainda mais quando temos a oportunidade de ver tantas jogadoras talentosas desfilando qualidade e técnica nos nossos gramados. O futuro da modalidade sorri largamente para todos nós. É manter o trabalho e o foco.

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