Home Futebol Intensidade e consistência foram os trunfos do Remo de Paulo Bonamigo na vitória sobre o Paysandu; entenda

Intensidade e consistência foram os trunfos do Remo de Paulo Bonamigo na vitória sobre o Paysandu; entenda

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira conta como o Leão Azul venceu o clássico contra o Papão da Curuzu neste domingo (10)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Não há dúvidas de que o Re-Pa é um dos clássicos mais disputados e mais subestimados do Brasil. É bem verdade que a opinião deste colunista pode soar um pouco exagerada para aqueles que acompanham apenas os clubes da Série A ou para quem considera que as equipes da região norte do país não produzem um futebol de qualidade. É nesse contexto que entra o Remo de Paulo Bonamigo. O escrete azulino não só venceu o Paysandu de João Brigatti por 1 a 0 (gol de Salatiel) neste domingo (10). A equipe garantiu matematicamente a vaga nas semifinais do Campeonato Brasileiro da Série C e o tão sonhado acesso para a Série B de 2021 depois de 13 longos anos (após o empate entre Ypiranga e Londrina). As atuações na competição não deixam dúvidas de que muito desse sucesso vem da ótima campanha de Paulo Bonamigo à frente de um Remo intenso, organizado e consistente tanto na defesa como no ataque.

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A começar pela disposição tática da equipe azulina. Um 4-2-3-1 que fecha as suas linhas na frente da área do bom goleiro Vinícius, que acelera bastante o jogo pelos lados do campo com as subidas dos laterais Ricardo Luz e Marlon, que tem em Lucas Siqueira e Charles dois volantes com muito trato com a bola e em Felipe Gedoz o responsável por fazer a bola chegar em Salatiel com qualidade. Este último (autor do único gol no Re-Pa) tem a missão de dar profundidade às jogadas junto com os “pontas” Hélio Borges e Tcharles. A atuação coletiva do Remo no clássico deste domingo (10) mostrou uma equipe que sabe o que fazer e quando fazer com e sem a posse da bola. Nos momentos ofensivos, o escrete azulino abre o campo, aplica muita intensidade nas transições e acelera as jogadas. E tudo isso aproveitando os espaços generosos que encontrou entre as linhas do seu grande rival.

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Felipe Gedoz é o responsável por fazer a bola chegar com qualidade no ataque. Salatiel empurra a defesa para trás e abre espaços para as chegadas dos “pontas” Hélio Borges e Tcharles e o avanço dos laterais Ricardo Luz e Marlon. O Remo de Paulo Bonamigo sabe o que fazer e quando fazer com e sem a bola. Foto: Reprodução / DAZN

O Remo também é uma equipe que sabe se defender muito bem. Para se ter uma ideia de toda essa eficácia, o escrete comandado por Paulo Bonamigo teve a melhor defesa da primeira fase do Brasileirão da Série C com apenas dez gols sofridos em dezoito partidas. A segurança começa a partir da dupla de zaga formada por Fredson e Rafael Jansem e termina no goleiro Vinícius. Linhas compactadas, “pontas” voltando para auxiliar os laterais na marcação, espaços fechados e muita coordenação nos movimentos sem a bola são alguns dos conceitos trabalhados à exaustão por Paulo Bonamigo no escrete azulino. Não foi por acaso que o Paysandu só conseguiu criar chances de perigo na base do “abafa” e das bolas levantadas para a área. O Remo se mostrou ser uma equipe consistente e que sabe muito bem como atacar e como se defender. Ainda mais com toda a pressão do seu rival no final da partida no Mangueirão.

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Linhas compactadas na frente da área, “pontas” ajudando na marcação e postura corporal propícia para puxar os contra-ataques nas bolas longas para Salatiel fazer o trabalho de pivô. O Remo mostrou uma consistência muito grande em toda a sua campanha no Brasileirão da Série C. Foto: Reprodução / DAZN

Os números comprovam a qualidade do trabalho de Paulo Bonamigo. Nos dezoito jogos da primeira fase da Série C, o Remo teve oito vitórias, sete empates e apenas três derrotas, com 20 gols marcados e os já mencionados 10 gols sofridos. A vaga nas semifinais (e consequentemente na Série B de 2021) foi confirmada com mais três vitórias, um empate e apenas uma derrota (com sete gols marcados e apenas quatro sofridos). E isso tudo com uma rodada de antecipação. A equipe azulina tem consistência, tem um padrão de jogo muito bem executado, uma comissão técnica que sabe tirar o melhor de cada atleta dentro de campo e jogadores comprometidos com as ideias do seu treinador. É a combinação perfeita. E o prêmio para tanto trabalho e tanta dedicação foi o retorno para a Série B depois de treze temporadas. Impossível não concluir também que o Remo pode ir ainda mais longe nessa temporada que já é histórica.

Acho que é parabéns aos atletas, comissão técnica, diretoria, a todos os envolvidos do Clube do Remo, à nossa torcida pelo incentivo nesse momento. Mesmo não tendo de corpo presente, a gente vê e sente a nação remista nos apoiando nesse momento. Motivo de entusiasmo aos nossos atletas“. As palavras do técnico Paulo Bonamigo resumem bem o espirito de um Remo que soube se organizar, entender suas limitações e trabalhou para superá-las com bom futebol. Ainda mais quando conquista o acesso com uma vitória sobre o igualmente competitivo Paysandu de João Brigatti. É bem verdade que o Papão da Curuzu ficou devendo nesse domingo (10), mas o time não abaixou a cabeça e ainda tem plenas condições de conquistar o acesso na última rodada da segunda fase do Brasileirão da Série C. Destaque para a boa atuação do goleiro Paulo Ricardo, que evitou um placar ainda mais dilatado.

Este que escreve volta a repetir que o Re-Pa é um dos clássicos mais disputados e mais subestimados do futebol brasileiro. Há muita coisa boa sendo feita no norte do país. Remo e Paysandu são dois dos clubes mais tradicionais do país e representam uma parte do Brasil que não ganha muita atenção da imprensa esportiva. É preciso olhar mais para lá. Principalmente para o trabalho de Paulo Bonamigo à frente do escrete azulino.

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