Home Futebol Início de trabalho de Hernán Crespo no São Paulo nos brinda com uma equipe extremamente agradável de ser ver em campo

Início de trabalho de Hernán Crespo no São Paulo nos brinda com uma equipe extremamente agradável de ser ver em campo

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a vitória do Tricolor Paulista sobre o Rentistas pela Copa Libertadores da América

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Este que escreve sabe muito bem que o título desta humilde análise pode indicar um grau mais acentuado de empolgação com um trabalho que ainda não chegou a três meses. Só que o São Paulo de Hernán Crespo tem provocado esse efeito em todos aqueles que apreciam times que sabem exatamente o que fazer com e sem a bola. E por mais que o processo de entendimento entre o treinador argentino e o elenco tricolor ainda esteja num processo inicial, é praticamente impossível não apreciar o que vem sendo feito nas últimas partidas. A vitória por 2 a 0 sobre o Rentistas (em jogo válido pela segunda rodada da fase de grupos da Libertadores) nos brindou com uma equipe que está se tornando extremamente agradável de ser ver em campo. Ainda mais com Dani Alves fazendo chover jogando na sua posição de origem e com Benítez cada vez mais adaptado a um São Paulo intenso, vertical e envolvente.

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Os números finais da partida (fornecidos pelo SofaScore) mostram bem o que foi a partida desta quinta-feira (29) no Morumbi. O São Paulo teve 75% de posse de bola, 18 finalizações a gol (com seis indo no alvo) e 23 desarmes na vitória sobre um aplicado Rentistas. Um volume de jogo impressionante de uma equipe que une marcação alta, posse de bola, muita agressividade no ataque e que deixa a certeza de que os conceitos de Hernán Crespo já começam a ser bem assimilados e executados. Só que o jogo contra a equipe uruguaia trouxe mais dificuldades do que o esperado. Vale lembrar que o Rentistas criou muitos problemas para o Racing na primeira rodada da fase de grupos. Era exatamente esse o motivo que fez Hernán Crespo repetir seu 3-5-2 com até sete jogadores empurrando a defesa para trás. E nesse ponto, os dribles de Benítez foram importantíssimos para vencer a retranca dos “Bicheros”.

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Benítez deu muito mais força e velocidade ao meio-campo e se aproximar de Luciano e Pablo no 3-5-2 proposto por Hernán Crespo num São Paulo muito envolvente e muito intenso nas suas transições. O camisa 8 aparecia por dentro e dividia a responsabilidade na criação das jogadas. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

Só que o recital de Dani Alves já havia começado. O camisa 10 voltou para a sua posição de origem e armava o jogo num pedaço do campo que não costuma ser tão povoado com o meio-campo (posição onde jogou na temporada passada com Fernando Diniz). Sempre que dava um passo para dentro, ele encontrava bastante espaço entre as linhas do Rentistas, já que Benítez ajudava a puxar a marcação para seu lado. Ao mesmo tempo, Arboleda, Miranda e Bruno Alves avançavam para o meio-campo e davam opção de passe quando era necessário. Tudo para tirar o espaço de ação do Rentistas e ajudar na pressão. É Dani Alves quem inicia a jogada, tabela com Luciano (que se movimentava muito a partir do lado direito e cortando para dentro) e dá o passe milimétrico para Pablo no meio da defesa adversária no primeiro gol do São Paulo na partida. Lance que tem a marca de um Dani Alves em altíssimo nível.

O início do lance do primeiro gol do São Paulo (marcado por Pablo) começa com Dani Alves saindo do lado para dentro e buscando a tabela com Luciano entre as linhas do Rentistas. O trio de zagueiros também sobe para dar opção de passe e fazer o balanço defensivo. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

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A importância de Dani Alves no esquema tático de Hernán Crespo é imensa. O camisa 10 é o “ala armador” que vai explorar uma faixa do campo que conhece como poucos e ainda vai cortar para dentro para buscar a chegada de Luciano (que pode abrir pelo lado), Benítez (que aproveita o espaço aberto pelo camisa 11 na entrada da área), Pablo (que puxa a marcação para a esquerda), Luan (volante que, assim como Liziero, aparece na frente para concluir a gol) e Reinaldo (o ala que dá a amplitude necessária para se esgarçar as linhas do Rentistas). E o que mais impressiona nessa equipe de Hernán Crespo é saber que Joao Rojas, Igor Gomes, William e Vítor Bueno entraram no jogo e não deixaram o ritmo cair. Tanto que o lance que originou o pênalti (muito bem) convertido por Reinaldo nasce de uma troca de passes no lado direito, com Dani Alves participando ativamente das ações ofensivas.

Dani Alves é o grande maestro do time do São Paulo. O camisa 10 participa ativamente das ações do jogo e “carimba” cada bola saindo do lado direito e cortando para dentro na direção do espaço vazio. Toda a dinâmica ofensiva do escrete de Hernán Crespo passa pelos pés do veterano. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

Vale lembrar que, assim como no Palmeiras comandado por Abel Ferreira, o 3-5-2 não foi a formação escolhida por mera obra do acaso. Hernán Crespo compreendeu que esse é o desenho tático que melhor encaixa os talentos que tem à disposição no elenco do São Paulo. Com bons volantes como Luan, Liziero e Rodrigo Nestor, com um Benítez que distribui bem as jogadas e acelera nos momentos certos e com um trio de zagueiros bem posicionados e atentos no balanço defensivo, Dani Alves pode jogar “na sua” sem ficar sobrecarregado na organização da equipe. É lógico que o trabalho de Hernán Crespo ainda está no começo e que as oscilações (naturais) vão acontecer até que essa equipe consiga encontrar soluções para as mais diferentes situações de jogo. Mesmo assim, ver o São Paulo jogando sob a batuta de Dani Alves tem sido sim uma das coisas mais agradáveis desse início de temporada aqui por estas bandas.

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Os primeiros meses de Hernán Crespo são sim promissores e deixam no torcedor tricolor a esperança de que a época de vacas magras finalmente chegou ao fim. O que se vê é uma equipe que sabe exatamente o que fazer com e sem a bola e oferecer um bom espetáculo dentro de campo. O São Paulo pode não chegar longe nessa temporada. Mas o que fica a certeza de que a semente de um trabalho que pode gerar ótimos frutos daqui a algum tempo.

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