Home Futebol Vitória suada sobre a LDU nos apresenta um Flamengo capaz de ir ao inferno e voltar para contar a história

Vitória suada sobre a LDU nos apresenta um Flamengo capaz de ir ao inferno e voltar para contar a história

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação da equipe comandada por Rogério Ceni nos dois tempos da partida disputada em Quito

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Não é exagero nenhum afirmar que o Flamengo foi do céu ao inferno e voltou para contar como foi a “viagem” depois de noventa e poucos minutos. A atuação da equipe de Rogério Ceni na primeira etapa foi qualquer coisa de sensacional. Equipe bem organizada na defesa, meio-campo criativo e consistente (com o ótimo João Gomes no lugar do lesionado Gerson) e ataque insinuante e envolvente nas trocas de passe e nas transições. Já no segundo tempo, vimos um Flamengo que desceu às profundezas do reino de Hades (futebol também é cultura), sofreu com os 2.850m de altitude da capital equatoriana, viu a LDU rondar a área rubro-negra (e explorar o lado direito da defesa do escrete de Rogério Ceni) e empatar a partida, mas conseguiu se recuperar nos minutos finais. Gabigol marcou duas vezes e se igualou a Zico com o maior artilheiro do Flamengo na história da Copa Libertadores da América.

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Não é exagero afirmar que o primeiro tempo do escrete comandado por Rogério Ceni foi qualquer coisa de espetacular. E surpreendente também. O Flamengo dosou a velocidade e o fôlego nas tramas ofensivas e mostrou um futebol de altíssima qualidade com Everton Ribeiro ligado e participativo, Bruno Viana muito bem nas antecipações e nos passes que “quebravam as linhas” do 5-4-1 da LDU e o ataque formado por Gabigol, Bruno Henrique e Arrascaeta estava afiadíssimo. Tudo partia da variação já explicada em outra oportunidade sobre a variação do 4-4-2 para um 3-2-5 já característica do time de Rogério Ceni. Tudo para que o ataque rubro-negro ganhasse amplitude e profundidade sem perder o ar por conta da altitude de Quito. Vale destacar também a ótima atuação de João Gomes na proteção da zaga. O garoto da camisa 35 foi brilhante na ocupação de espaços e no desafogo da sua equipe no meio-campo.

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O primeiro tempo do Flamengo foi simplesmente sensacional. Equipe bem distribuída em campo, boas trocas de passe e muita inteligência para encontrar os espaços na defesa da LDU. A jogada do primeiro gol mostra Everton Ribeiro atraindo e Gabigol atacando o espaço. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

O gol logo no início ajudou o Flamengo a controlar o jogo no primeiro tempo e a pintura de Bruno Henrique (aos 30 minutos do primeiro tempo) consolidava a superioridade rubro-negra na altitude de Quito. No entanto, como nem tudo são flores nessa competição chamada Copa Libertadores da América, a equipe comandada por Rogério Ceni voltou do intervalo com outra postura. A intensidade e a ocupação de espaços inteligente ficou para trás e o time passou a sofrer demais com as bolas levantadas na área. Técnico da LDU, Pablo Reppeto acertou a sua equipe com as entradas de Amarrilla e Muñoz nos lugares de Zunino e Luis Caicedo. Com mais gente no ataque, o escrete equatoriano começou a explorar o espaço às costas de Isla e o problema crônico do posicionamento do Flamengo nas bolas levantadas na área. Em pouco mais de 15 minutos de jogo no segundo tempo, a LDU já havia empatado a partida.

As entradas de Amarrilla e Muñoz melhoraram o desempenho da LDU num segundo tempo marcado pela intensidade da equipe equatoriana e pela absurda queda de rendimento do Flamengo. A equipe de Rogério Ceni sofreu com as bolas aéreas e com as investidas pelo lado esquerdo. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

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Se o Flamengo foi ao inferno, quase sofreu a virada e voltou para contar a história, muito se deve às mexidas corretas de Rogério Ceni e à fibra de Arrascaeta, Filipe Luís e Gabigol. Hugo Moura deu mais consistência ao meio-campo, Gustavo Henrique foi importante para contar o jogo aéreo da LDU e Vitinho renovou o fôlego da equipe jogando mais próximo do ataque. Ao mesmo tempo, Arrascaeta foi jogar um pouco mais avançado, como uma espécie de “falso nove” para atrair a defesa adversária e abrir espaços. Exatamente como aconteceu no lance do pênalti sofrido pelo uruguaio e muito bem convertido por Gabigol aos 40 minutos do segundo tempo. Com Renê no lugar do camisa 9, Filipe Luís mais avançado (quase como um lateral adicional) e Bruno Henrique acelerando nos contra-ataques, o Flamengo conseguiu controlar os espaços e garantiu a sua terceira vitória consecutiva na Copa Libertadores da América.

Hugo Moura, Vitinho e Gustavo Henrique deram mais consistência ao time do Flamengo no segundo tempo. Com Arrascaeta jogando como “falso nove”, Gabigol e Bruno Henrique abertos e Filipe Luís fazendo a diferença (mais uma vez), o time de Rogério Ceni garantiu a vitória no final da partida. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

Há como se reclamar da demora de Rogério Ceni para perceber que sua equipe havia caído bruscamente de produção na volta do intervalo. Não se trata apenas dos 2.850 metros de altitude da capital equatoriana. A mudança de postura da LDU no segundo tempo (que forçou o jogo no segundo tempo exatamente como fez na partida contra o Vélez Sarsfield) e a queda de rendimento de um Flamengo que voltou do intervalo completamente apático e desatento. Hugo Moura entrou no jogo nervoso e não passou segurança para a zaga rubro-negra e Isla sofreu demais com o ataque adversário. No final das contas, o Flamengo soube como sair do atoleiro infernal onde havia se enfiado e conquistou três pontos importantíssimos quando ninguém mais acreditava. E se Rogério Ceni demorou a mexer no time, acertou em cheio nas substituições. Mais uma prova de que o treinador rubro-negro tem sim méritos nas últimas vitórias da sua equipe.

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Por fim, não há como deixar de falar do grande jogo de Gabigol. Com os dois gols marcados contra a LDU nesta terça-feira (4), o camisa 9 igualou a marca de Zico na Libertadores da América com APENAS 24 anos de idade. A identificação do jogador com o clube é algo impressionante e a maneira como ele se entrega dentro de campo é louvável. Não é exagero nenhum que Gabigol já está com seu nome marcado na história do Flamengo. Por tudo que fez e ainda faz com a bola no pé.

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