Home Futebol Boa atuação do Internacional escancara os problemas coletivos da Ferroviária; confira a análise

Boa atuação do Internacional escancara os problemas coletivos da Ferroviária; confira a análise

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como as Gurias Coloradas construíram a vitória sobre a equipe de Lindsay Camila

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Este que escreve sabe muito bem que ainda não é possível realizar análises mais profundas do trabalho de Lindsay Camila à frente da Ferroviária. São apenas onze jogos no comando das Guerreiras Grenás, sendo seis pela Libertadores Feminina e cinco pelo Brasileirão Série A1. Só que a derrota sofrida diante do organizado Internacional de Maurício Salgado neste sábado (1), no Beira-Rio, ajudou a escancarar os problemas coletivos da equipe de Araraquara. Problemas esses que já eram percebidos na conquista do título sul-americano, mas que acabaram sendo ofuscados pelo título e pela entrega de Aline Milene, Sochor, Barrinha e pelas grande atuações da goleira Luciana debaixo das traves. O Brasileirão Feminino ainda está no começo (assim como o trabalho de Lindsay Camila), mas a impressão que fica é que a Ferroviária pode jogar muito mais do que vem jogando nesses últimos dias.

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O grande achado do técnico Maurício Salgado talvez tenha sido o novo posicionamento de Isa Hass no time do Internacional. A camisa 23 foi jogar na frente da zaga, como a primeira jogadora do meio-campo colorado. Isso não só congestionou o setor como também tirou o espaço de circulação de Aline Milene, Sochor, Ludmila e Amanda no 4-4-2 costumeiro de Lindsay Camila. Djeni, Ju Ferreira, Mari Pires (autora de um belíssimo gol aos 15 minutos da primeira etapa) e Sashá fechavam bem os espaços na frente da área da goleira Vivi e ainda saíam para o ataque em alta velocidade, executando bem os movimentos do 4-1-4-1 de Maurício Salgado. Não era difícil perceber que a Ferroviária sofria com a falta de compactação entre as suas linhas e com a péssima recomposição defensiva. Nesse ponto, as Gurias Coloradas jogavam com muita intensidade e Rafa Travalão e Shashá levavam muita vantagem sobre as zagueiras Yasmin e Ana Alice.

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Maurício Salgado apostou num 4-1-4-1 que trazia Isa Hass como volante à frente da zaga e muita velocidade nas transições ofensivas. A Ferroviária de Lindsay Camila sofreu para se achar em campo e concedeu espaços demais entre as linhas do 4-4-2 costumeiro da treinadora. Foto: Reprodução / YouTube / Desimpedidos

Com muita dificuldade para trabalhar a bola pelo chão, a Ferroviária utilizou as bolas levantadas na área para levar algum perigo ao gol do Internacional. Mesmo assim, a impressão que ficou foi a de que as Guerreiras Grenás utilizavam pouco as subidas de Carol Tavares e Barrinha pelos lados do campo (justamente onde estava o espaço que Aline Milene e companhia tanto queriam para trabalhar as jogadas de ataque). Num dos poucos lances em que a Ferroviária trocou passes em velocidade, a camisa 10 tabelou com Sochor, entrou na área e chutou à direita da baliza da goleira Vivi. Mesmo assim, os problemas na compactação das linhas continuaram e foram muito bem explorados pelo Internacional de Maurício Salgado. E também de Rafa Travalão, que marcou o segundo da equipe gaúcha após bela troca de passes na intermediária e da assistência de Isa Hass aos 21 minutos do segundo tempo no Beira-Rio.

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A Ferroviária de Lindsay Camila tentou se lançar mais ao ataque no segundo tempo, mas pecou pela descompactação e pela desorganização no seu sistema defensivo. O Internacional, por sua vez, era mais intenso e mostrava um volume de jogo muito maior do que as suas adversárias. Foto: Reprodução / YouTube / Desimpedidos

As Guerreiras Grenás ainda poderiam ter diminuído com Aline Milene, em chute perto da linha da pequena área que Bruna Benites salvou. Rafa Mineira (que havia entrado no lugar de Daiana) marcou um belíssimo gol de falta quase da intermediária aos 32 minutos (com uma certa colaboração da goleira Vivi). Mas nem isso foi suficiente para devolver um mínimo de organização para a equipe de Lindsay Camila. Não foi por acaso que as Gurias Coloradas voltaram para o jogo depois que a Ferroviária descontou. Aos 47 minutos do segundo tempo, Djeni viu Juliana se projetando às costas da lateral Carol Tavares e fez o passe. A camisa 5 carregou a bola até a área e tocou na saída da goleira Luciana. Resultado justo que premiava a equipe que buscou jogar de maneira mais organizada e intensa durante os noventa e poucos minutos de partida no Beira-Rio. Méritos de Maurício Salgado e mais problemas para Lindsay Camila.

Djeni vê Juliana se lançando às costas de Carol Tavares e inicia o lance que vai resultar no terceiro gol do Internacional. As Gurias Coloradas “acordaram” depois que a Ferroviária diminuiu o placar e aproveitaram bem os espaços e a desorganização defensiva das Guerreiras Grenás. Foto: Reprodução / YouTube / Desimpedidos

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Mesmo com a goleada sofrida diante do Corinthians na rodada passada, o Internacional deixa a impressão de estar melhorando seu desempenho dentro de campo. A equipe de Maurício Salgado vem se adaptando bem às adversidades de cada partida e o treinador colorado está conseguindo potencializar o talento de nomes como Mari Pires, Rafa Travalão, Isa Hass, Juliana e Shashá. Do outro lado, no entanto, a Ferroviária não mostrou muita evolução desde a conquista da Libertadores Feminina (exaltada aqui mesmo neste espaço mais de uma vez por este colunista). A impressão que fica é a de que Lindsay Camila joga no limite das forças de um elenco sem muitas peças de reposição. Ao mesmo tempo, ficou nítida a falta de jogadas mais trabalhadas pelos lados do campo com Barrinha e Carol Tavares. Aline Milene e Sochor seguem muito sobrecarregadas e o time como um todo concede espaços demais entre as suas linhas. Não deixa de ser uma situação preocupante.

Precisamos lembrar que o trabalho de Lindsay Camila ainda está no início (onze jogos é um recorte muito pequeno para se fazer qualquer avaliação ou julgamento mais profundo). É bem possível que a melhora do desempenho da equipe venha com o tempo. Por outro lado, enquanto o Internacional mostra um conjunto muito forte, a Ferroviária ainda sofre com problemas coletivos que podem comprometer seriamente a campanha da equipe no Brasileirão Feminino. Ainda há tempo. Mas ele não é tão benevolente assim.

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