Home Futebol Gurias Coloradas superam o aplicado time do Cruzeiro na base do controle de espaços e da intensidade nas transições

Gurias Coloradas superam o aplicado time do Cruzeiro na base do controle de espaços e da intensidade nas transições

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a vitória do Internacional de Maurício Salgado sobre as Cabulosas neste sábado (29) pelo Brasileirão Feminino

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Antes de mais nada, é preciso dizer a partida entre Internacional e Cruzeiro é mais uma prova da evolução do futebol feminino nesses últimos anos. Equipes bem organizadas, intensas e voltadas para o ataque além da qualidade de jogadoras como Fabi Simões, Mariana Pires, Lucero, Mariana Santos, Duda, Juliana (a melhor em campo na humilde opinião deste que escreve) e Leidi (a autora do gol da vitória das Gurias Coloradas). Só que o escrete comandado por Maurício Salgado foi mais feliz nas tomadas de decisão e se mostrou muito mais concentrado do que a equipe de Marcelo Frigério. Não que as Cabulosas tenham feito uma partida ruim na sede do SESC Campestre, em Porto Alegre. O Cruzeiro criou muitos problemas para a goleira Vivi e todo o sistema defensivo do Internacional. Faltou, no entanto, mais capricho e acabamento no último passe e nas conclusões a gol. Principalmente no primeiro tempo.

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Embora estivesse jogando na casa do adversário, as primeiras boas chances de gol foram do Cruzeiro. Lucero e Mayara Vaz aceleravam bastante pelos lados do campo e abriam o corredor para as subidas de Rebeca Prado e Eskerdinha ao ataque. Ao mesmo tempo, a ótima Mariana Santos empurrava a defesa do Internacional para trás gerando profundidade e abrindo ainda mais espaços para Duda e Vanessinha organizarem o jogo no meio-campo. Em termos práticos, Marcelo Frigério optou por um 4-2-3-1 que se desdobrava num 4-1-4-1 com o recuo de Carol para a proteção da zaga e as “ponteiras” prontas para atacar caso as Cabulosas recuperassem a posse da bola. O Internacional, por sua vez, demorou um pouco para entender como suas adversárias jogavam e impor seu estilo. Não foi por acaso que Maurício Salgado mexeu no posicionamento das Gurias Coloradas ainda no primeiro tempo diante da superioridade do Cruzeiro.

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Mariana Santos empurrava a zaga colorada para trás e gerava o espaço que Lucero, Duda e Mayara Vaz queriam para armar o jogo no meio-campo. O Cruzeiro teve mais volume de jogo nos primeiros minutos e causou alguns problemas para o Internacional. Foto: Reprodução / Youtube / Desimpedidos

O Internacional subiu de produção quando Djeni e Juliana passaram a participar mais do jogo. Fabi Simões saiu do lado do campo e foi jogar mais próxima do ataque sempre entrando em diagonal no espaço entre as laterais e zagueiras do Cruzeiro. Ao mesmo tempo, a lesão de Mayara Santos praticamente acabou com a velocidade das Cabulosas nas transições para o ataque. A camisa 5 das Cabulosas era a jogadora que mais incomodava a defesa colorada e criava problemas para Leidi e Bruna Benites. Por mais que as Gurias Coloradas tenham melhorado seu jogo, ainda faltava trabalhar mais a bola e ter mais capricho nas trocas de passe no terço final. Mesmo assim, Mileninha seguia muito bem marcada e Rafa Travalão não estava numa noite lá muito inspirada no SESC Campestre. O 4-2-3-1 de Maurício Salgado precisava de mais intensidade e concentração para conseguir furar o bloqueio defensivo celeste.

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Fabi Simões passou a jogar mais próxima do ataque e as volantes Juliana e Djeni passaram a participar mais da construção das jogadas. A saída de Mayara Vaz (por lesão) ainda no primeiro tempo também facilitou demais a vida das Gurias Coloradas. Foto: Reprodução / Youtube / Desimpedidos

O gol de Leidi (marcado aos nove minutos da segunda etapa) nasceu de uma das primeiras jogadas bem trabalhadas pelas Gurias Coloradas em toda a partida. O Internacional, a essa altura, já havia subido de produção com Shashá no lugar de Rafa Travalão e Fabi Simões quase como uma “camisa 10” no escrete de Maurício Salgado. E ainda precisamos falar de Juliana. Seu trabalho no meio-campo foi qualquer coisa de fenomenal. A camisa 5 das Gurias Coloradas participava da saída de bola, vigiava Duda, Mariana Santos e companhia de perto e ainda tinha fôlego para aparecer no ataque e pressionar as adversárias ainda no campo de defesa. Do outro lado, o Cruzeiro lutava para sair do seu campo e tentar chegar no campo ofensivo com um mínimo de qualidade para tentar o gol de empate. No entanto, as mexidas de Marcelo Frigério pouco somaram numa equipe que perdeu a sua válvula de escape ainda no primeiro tempo.

Juliana aparecia no ataque, pisava na área, participava da criação das jogadas e ainda participava da pressão na saída de bola do Cruzeiro. A camisa 5 das Gurias Coloradas foi a melhor em campo e comandou o meio-campo com muita qualidade. Foto: Reprodução / Youtube / Desimpedidos

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É verdade que o Internacional ainda apresenta alguns problemas no seu sistema defensivo. As jogadoras ainda tentam se adaptar ao estilo de perseguições mais curtas adotado por Maurício Salgado. Além disso, as Gurias Coloradas tendem a sofrer mais contra equipes mais organizadas. Mas nada disso diminui a boa atuação das comandadas de Maurício Salgado. Ainda mais quando o Cruzeiro de Marcelo Frigério valoriza ainda mais os três pontos conquistados nesse sábado (29) na sede campestre. As Cabulosas, por sua vez, também mostraram uma boa evolução desde o início do Brasileirão Feminino e contam com nomes bastante talentosos como Lucero, Mayara Vaz, Mariana Santos, Duda e Eskerdinha. A campanha pode não ser das melhores (o Cruzeiro é o 11º colocado na tabela com apenas nove pontos conquistados em onze rodadas), mas o futuro pode ser muito promissor para as Cabulosas. Assim como para as Gurias Coloradas.

O Internacional venceu porque controlou melhor os espaços, foi mais intenso nas suas transições e esteve mais organizado em campo do que o Cruzeiro. A equipe comandada por Marcelo Frigério vão se consolidando na zona de classificação para as quartas de final do Brasileirão Feminino e abrindo uma boa margem de diferença para as outras equipes. Ao mesmo tempo, as Gurias Coloradas também estão ocupando seu lugar no seleto grupo dos times mais fortes do país.

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