Home Futebol Cruzeiro tropeça nos próprios erros e sucumbe diante de um organizado e aguerrido CRB

Cruzeiro tropeça nos próprios erros e sucumbe diante de um organizado e aguerrido CRB

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação dos times comandados por Felipe Conceição e Allan Aal no jogo deste domingo (6)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Não é exagero nenhum afirmar que Cruzeiro e CRB fizeram o melhor jogo do Campeonato Brasileiro da Série B até o momento. Muito por conta de tudo o que foi visto nos noventa e poucos minutos de partida num ainda vazio Mineirão. Organização e aplicação tática, muita entrega e disposição por parte das duas equipes além (é claro) da chuva de gols na partida deste domingo (6). Acabou que os comandados de Felipe Conceição tropeçaram nos próprios erros mais uma vez e perderam a chance de ao menos conquistar um pontinho suado dentro de casa. Do outro lado, o Galo da Pajuçara (comandado por Allan Aal) mostrou boa consistência em determinados momentos apesar de também ter apresentado problemas na marcação das bolas aéreas (até certo ponto natural pelo pouco tempo de trabalho do treinador à frente da equipe). Seja como for, quem riu por último no Mineirão foi o CRB. E com toda a justiça.

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Logo aos três minutos de partida, o volante Marthã (que foi muito bem na proteção da zaga) abriu o placar para o CRB após cobrança de escanteio. Tinha início aí uma série de erros individuais que custariam muito ao Cruzeiro (o primeiro veio do goleiro Lucas França logo no lance do primeiro gol do Galo da Pajuçara). Mas o escrete de Felipe Conceição ainda tinha problemas crônicos de posicionamento no meio-campo e na defesa. Ainda que Airton tenha empatado o jogo cinco minutos depois e que Bissoli e Rafael Sóbis tenham desperdiçado ótimas oportunidades de virar o jogo, o Cruzeiro também sofreu com a falta de sorte. Aos 31 minutos, Diego Torres cobrou falta e a bola desviou na barreira antes de entrar. Com as duas equipes organizadas num 4-3-3 com variações para o 4-2-3-1, quem mostrava mais concentração e mais consistência era mesmo o CRB de Allan Aal.

CRB vs Cruzeiro - Football tactics and formations

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Enquanto o Cruzeiro se lançava ao ataque com Rafael Sóbis encostando em Airton, Bissoli e Bruno José, o CRB se fechava num 4-1-4-1 e explorava bem os espaços às costas dos volantes celestes. Além disso, a Raposa de Felipe Conceição sofreu demais com os erros individuais.

Embora ainda precise de ajustes, é preciso dizer que o CRB mostrou poder de reação e força mental para manter seu posicionamento e brecar as investidas de um afobado Cruzeiro no Mineirão. O técnico Allan Aal apostou num 4-3-3/4-1-4-1 bem fechado na frente da área defendida pelo goleiro Diogo Silva e que negou espaços para um Cruzeiro que se lançava ao ataque com até cinco jogadores ocupando o último terço. Rafael Sóbis quase abriu o placar no início da segunda etapa, mas o CRB manteve sua organização defensiva e bloqueando a entradas da área. Não é por acaso que o escrete comandado por Felipe Conceição só conseguia levar perigo ao gol de Diogo Silva na base das bolas levantadas na área e nos chutes de media e longa distância. Ao mesmo tempo, em mais um erro individual, a Raposa via o Galo da Pajuçara marcar o terceiro com Hyuri aproveitando bobeira de Ramon na intermediária.

O técnico Allan Aal apostou num 4-1-4-1 mais nítido com o retorno dos pontas Alisson Farias e Ewandro pelos lados. Tudo para conter as subidas de Raúl Cáceres e Matheus Pereira pelos lados e conter as investidas do Cruzeiro por dentro. Boa atuação coletiva do CRB. Foto: Reprodução / Premiere

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É verdade que o Cruzeiro conseguiu empatar a partida com gols de Ramon e Matheus Barbosa e ainda reclama bastante de uma bola que teria ultrapassado por inteiro a linha fatal após toque de Gum. Enquanto o escrete comandado por Felipe Conceição mostrava resiliência e poder de reação (apesar dos problemas na marcação e na recomposição defensiva), o técnico Allan Aal fazia as mexidas na sua equipe para conter os avanços do seu adversário e manter algum poder ofensivo. Dois minutos de empatar a partida no Mineirão, o sistema defensivo do Cruzeiro deixou Jean Patrick dominar a bola vinda da esquerda, ajeitar o corpo e acertar belo chute no ângulo esquerdo de Lucas França. Mais um erro (este coletivo) de uma equipe que ainda está buscando a melhor formação e a melhor maneira de jogar. Do outro lado, o CRB mostrava evolução e executava bem o plano de jogo do técnico Allan Aal.

Cruzeiro vs CRB - Football tactics and formations

Embora Felipe Conceição tenha colocado o Cruzeiro no ataque, a equipe seguiu abrindo espaços demais na frente da sua área e fazendo a recomposição defensiva com muita lentidão. O CRB precisou de apenas uma única oportunidade para marcar o gol da vitória no Mineirão.

A impressão que fica do jogo deste domingo (6) e da reação dos jogadores após a derrota para o CRB é a de que Felipe Conceição ainda não conseguiu encontrar um caminho. Sempre que o Cruzeiro mostra uma evolução, a equipe sucumbe aos próprios erros (sejam eles individuais ou coletivos). O desabafo de Rafael Sóbis após ser substituído é emblemático. Aliás, há como se questionar o treinador cruzeirense pela saída de um das referências técnicas do jogo num dos momentos em que a Raposa mais precisava. Seja como for, o problema do escrete celeste é muito maior. A segunda derrota seguida na Série B é o perfeito retrato de um clube que tropeça nas próprias pernas e sucumbe aos próprios erros há pelo menos dois anos. A maneira como o CRB construiu a vitória no Mineirão não foi obra do acaso. A equipe de Allan Aal cumpriu bem o plano de jogo e aproveitou as chances que teve.

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É bem possível que a pressão sobre Felipe Conceição aumente bastante nesses próximos dias. A gestão do elenco e as reclamações públicas de jogadores mais experientes começam a fazer eco na torcida celeste. E a derrota para o CRB neste domingo (6) foi o retrato perfeito de um time que não consegue manter um bom nível de futebol dentro de campo. Mesmo com os mais experientes e mesmo com o peso da camisa da Raposa. São erros (dentro e fora de campo) que podem custar muito caro lá na frente.

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