Home Futebol Que tal reconhecermos que Rogério Ceni está sim fazendo o Flamengo evoluir taticamente?

Que tal reconhecermos que Rogério Ceni está sim fazendo o Flamengo evoluir taticamente?

Luiz Ferreira analisa a vitória tranquila e sem sustos da equipe rubro-negra sobre o Coritiba na coluna PAPO TÁTICO

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.
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Marcação alta, pressão pós-perda encaixada, muita mobilidade no setor ofensivo e a recuperação da consistência defensiva. Estes foram apenas alguns dos trunfos do Flamengo na vitória tranquila sobre o Coritiba, nesta quarta-feira (16), em jogo válido pela terceira fase da Copa do Brasil. Ainda que o time tenha sido comandado por Maurício Souza nesses últimos dias, precisamos reconhecer que Rogério Ceni tem uma parcela considerável em tudo aquilo que vimos dentro de campo. A defesa parece mais ajustada (já são cinco jogos sem levar gols), o meio-campo vem se adaptando bem a cada situação que o jogo apresenta e o ataque segue letal. Seja com Gabigol, Pedro, Rodrigo Muniz ou… Bruno Henrique. Difícil não ver no crescimento de produção do camisa 27 e nas ótimas atuações de Matheuzinho na lateral-direita as boas notícias de um Flamengo que impõe muito respeito aos adversários.

Tudo bem que o Coritiba fez muito pouco nas duas partidas e dava a impressão de estar completamente atônito diante de tanto volume de jogo. O ponto aqui, no entanto, é observar como o escrete comandado por Maurício Souza (na beira do gramado) e Rogério Ceni (na base do “trabalho remoto”) conseguiu se impor com tanta facilidade. Muita coisa passa pela construção das jogadas pelos zagueiros na variação do 4-4-2 para o 3-2-5. Willian Arão inicia a saída de bola junto com Rodrigo Caio e Renê. Ao mesmo tempo, Diego Ribas e Gerson (um dos melhores em campo na opinião deste que escreve) se revezam no apoio ao ataque e na proteção da zaga. Vitinho abria o corredor para Matheuzinho (no lado direito) e o trio ofensivo formado por Bruno Henrique, Rodrigo Muniz e Michael se movimentava constantemente para abrir espaços na zaga do Coritiba com muito volume de jogo e intensidade.

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Willian Arão inicia as jogadas na variação do 4-4-2 para o 3-2-5 já conhecida de Rogério Ceni. O Flamengo ocupava bem os espaços, tinha profundidade com Michael e Matheuzinho pelos lados do campo e conseguia abrir espaços com muita movimentação no terço final. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

Interessante notar que Vitinho cumpria bem o papel de Everton Ribeiro no meio-campo ao permitir que Gerson descesse com mais frequência ao ataque. Exatamente como no lance do primeiro gol do Flamengo, marcado pelo próprio camisa 11 aos 26 minutos do primeiro tempo. A equipe fazia exatamente aquilo que se esperava dela em jogos contra equipes menos qualificadas: dominar as ações no campo, manter a bola no ataque e seguir pressionando. Foram incríveis 22 finalizações a gol contra apenas três do Coritiba de Gustavo Morínigo em toda a partida no Maracanã. Mas talvez a melhor notícia esteja no sistema defensivo. Com o ataque mais ajustado e com os movimentos mais coordenados, os zagueiros rubro-negros sofreram menos já que a equipe adversária chegava com menos qualidade. Fruto dos treinamentos e do trabalho implementado por Rogério Ceni e sua comissão técnica nas últimas semanas.

Com o ataque mais ajustado e com os movimentos mais coordenados, a defesa do Flamengo passou a sofrer menos. O quinto jogo sem sofrer gols da equipe de Rogério Ceni foi marcado pela consistência e pela concentração em cada ataque realizado pela equipe do Coritiba. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

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João Gomes entrou no lugar de Diego Ribas e manteve a (altíssima) qualidade do meio-campo rubro-negro com bons passes e ótima visão de jogo. O Flamengo seguia abusando de todos os artifícios possíveis para chegar ao gol de Wilson. Infiltrações, chutes de média distância (coisa bem rara no futebol atual), tabelas, intensidade nos movimentos e ultrapassagens e jogadas em profundidade. Exatamente como no golaço “de videogame” marcado aos 20 minutos da segunda etapa. O time circulou a bola, mexeu e remexeu a defesa do Coritiba até encontrar o momento certo para acelerar. João Gomes achou Matheuzinho se lançando às costas do lateral-esquerdo Romário e fez o passe. O camisa 34 foi até a linha de fundo e fez o cruzamento rasteiro. Rodrigo Muniz arrastou a zaga e Bruno Henrique apenas escorou para as redes. Gol com a cara de um Flamengo cada vez mais intenso e envolvente nas tramas ofensivas.

É bem verdade que o Coxa Branca pode (e deve) reclamar de um pênalti de Vitinho em cima de Dalberto completamente ignorado pela arbitragem aos seis minutos do segundo tempo. Por outro lado, a impressão que fica é a de que, mesmo se a penalidade fosse assinalada, o Flamengo não teria muitos problemas para vencer o jogo desta quarta-feira (16) e se garantir nas oitavas de final da Copa do Brasil. O volume de jogo imposto pela equipe rubro-negra nas últimas partidas (somando Copa do Brasil e Brasileirão) foi altíssimo. E é exatamente por isso que precisamos valorizar e reconhecer que Rogério Ceni e sua comissão técnica possuem muitos méritos nos últimos resultados. Ainda mais com os desfalques de Isla, Pedro, Gabigol, Arrascaeta e Everton Ribeiro. O “mistão quente” do Flamengo manteve o nível técnico na estratosfera e conquistou vitórias convincentes e tranquilas sem sofrer muito na defesa.

Rogério Ceni pode não ser o treinador preferido de muitos torcedores, mas seu trabalho tem sim qualidade e ele merece mais reconhecimento. O Flamengo (mesmo desfalcado) segue como uma das equipes mais difíceis de serem batidas no cenário nacional e vem recuperando a consistência de tempos não longínquos assim. E o melhor de tudo: sem comparações com o time comandado por Jorge Jesus. Ceni vem conseguindo deixar sua marca sem perder o equilíbrio nos setores. E isso não é pouca coisa.

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