Home Futebol Avaí/Kindermann joga o suficiente para vencer um Bahia totalmente desorganizado e quase sem ideias

Avaí/Kindermann joga o suficiente para vencer um Bahia totalmente desorganizado e quase sem ideias

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação dos times de Rodrigo Segundo e Igor Morena em partida válida pela 12ª rodada do Brasileirão Feminino

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

É bom que se diga que o jogo desta quarta-feira (2) no Estádio de Pituaçu não teve lá grandes emoções. Muito por conta da postura tática de Bahia e Avaí/Kindermann e de tudo o que foi visto dentro de campo. Na prática, a equipe comandada por Rodrigo Segundo jogou (apenas) o suficiente para despachar as Meninas de Aço. No entanto, a facilidade com que o escrete catarinense construiu a vitória por 2 a 0 (com gols de Laryh e Zóio) sobre o time da casa chegou a surpreender o mais cético dos torcedores das Leoas. Não que o Avaí/Kindermann tenha feito uma partida brilhante. O problema estava na completa desorganização de um Bahia que vem se mostrando completamente perdido e sem condições de encarar um Brasileirão Feminino de nível de exigência altíssimo. Também chamava a atenção a falta de repertório das comandadas de Igor Morena. Foi difícil até identificar a formação usada na partida.

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Este que escreve já ficou com a sensação de que o Avaí/Kindermann não teria lá muitos problemas para despachar o Bahia poucos minutos depois do apito inicial. As Leoas se organizavam num 4-4-2/4-2-3-1 com o avanço constante das “pontas” Catyellen e Geovana Alves para o ataque e se juntando a Laryh e Paty mais por dentro. Com o corredor aberto, ficava mais fácil para que as laterais Bárbara Melo e Carol aparecerem no campo ofensivo para dar profundidade e empurrar a zaga do Bahia para trás. As Meninas de Aço, por sua vez, jogavam de maneira confusa na frente da área da goleira Anna Bia. A linha defensiva até que estava encaixada, mas o meio-campo concedia espaços demais e não mostrava um mínimo de organização. O problema é que o Avaí/Kindermann (mesmo bem posicionado quando tinha a posse da bola) também encontrava sérios problemas para acelerar as transições e pegar a defesa adversária desarrumada.

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O meio-campo do Bahia se mostrou extremamente desorganizado em quase toda a partida. Do outro lado, o Avaí/Kindermann estava melhor posicionado em campo, mas não conseguia colocar intensidade nas transições para aproveitar os espaços que apareciam. Foto: Reprodução / MyCujoo / Eleven Sports

Se o Bahia de Igor Morena concedia demais no meio-campo (bem diferente do que foi visto na partida contra o Palmeiras), o técnico Rodrigo Segundo apostou em linhas mais compactadas, aproximação e bolas em diagonal para Laryh, Catyellen e Geovana Alves no terço final. Tudo para aproveitar a circulação de Paty entre as linhas das Meninas de Aço. Só que o primeiro gol da partida nasceu de uma falha clamorosa da goleira Anna Bia. Aos 32 minutos do primeiro tempo, a camisa 1 das Meninas de Aço se atrapalhou e largou uma bola nos pés de Laryh (na entrada da área). A camisa 9 entrou na área e tocou para o gol. Apesar da vantagem do Avaí/Kindermann no placar, a partida não ganhou mais em emoção e alternativas. A tônica ainda era o jogo mais pegado no meio-campo, muita marcação e uma certa afobação das duas equipes quando a bola chegava no terço final. Seja na defesa ou no ataque.

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Rodrigo Segundo apostou na compactação e na aproximação entre suas atletas para desafogar o Avaí/Kindermann diante do Bahia. Apesar do gol de Laryh, a partida no Estádio do Pituaçu seguiu amarrada no meio-campo e quase sem criatividade no setor. Foto: Reprodução / MyCujoo / Eleven Sports

Logo depois do intervalo (aos seis minutos do segundo tempo), Zóio aproveitou mais uma bobeira da goleira Anna Bia e de todo o seor defensivo do Tricolor de Aço para marcar o segundo gol do Avaí/Kindermann. Daí para o final da partida, o escrete catarinense ainda tentou levar perigo, mas se limitou a administrar o placar até o apito final. Por outro lado, o técnico Rodrigo Segundo posicionou as Leoas de modo a “matar” a saída de bola do Bahia posicionando seu quarteto ofensivo (já com Lelê e Sthephanie nas vagas de Paty e Geovana Alves) e adotou o 4-2-4 definitivamente. A formação poderia até ter desguarnecido o meio-campo do Avaí/Kindermann, mas vale destacar que o técnico Rodrigo Segundo soube muito bem como explorar a desorganização do Bahia ao colocar uma jogadora forçando o erro de cada defensora das Meninas de Aço. Tudo para não correr riscos e manter a bola no campo de ataque.

O Avaí/Kindermann passou a forçar o erro na saída de bola do Bahia após o gol de Zóio com o objetivo de recuperar a posse e administrar a diferença até o apito final. As Meninas de Aço não tiveram forças para reagir diante de uma equipe mais organizada. Foto: Reprodução / MyCujoo / Eleven Sports

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Acabou que as Leoas foram mais organizadas do que o Bahia e fizeram por merecer o resultado positivo no Estádio do Pituaçu. A partida desta quarta-feira (2) também foi útil para deixar bem claras as pretensões de Avaí/Kindermann e Bahia nesse Brasileirão Feminino. Enquanto a equipe comandada por Rodrigo Segundo vai brigando pelas últimas vagas no G8 da competição (são cinco vitórias, dois empates e cinco derrotas), o time de Igor Morena segue sem vencer na competição e pode ser matematicamente rebaixado em caso de nova derrota. As Meninas de Aço não conseguiram vencer no Brasileirão Feminino e mostram que dificilmente terão força para se livrar da zona da degola. Aliás, também é preciso dizer que o Avaí/Kindermann também sofre com uma certa irregularidade e ainda sente muito a saída de Bruna Calderan e Júlia Bianchi para o Palmeiras. Justamente as válvulas de escape do time no meio-campo.

Nada, no entanto, que abale o escrete catarinense na briga por uma vaga nas partidas eliminatórias do Brasileirão Feminino. Ou que esconda o fato de que o jogo no Estádio do Pituaçu esteve bem abaixo da média. O Avaí/Kindermann jogou o suficiente para vencer um Bahia complemente desorganizado e sem muito brilho. Na prática, é como se as próprias Meninas de Aço já tivessem “chutado o balde” e aceitado o rebaixamento para a Série A2. Ainda há muito em jogo. Mas parece que já tem gente entregando os pontos.

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