Home Futebol Enquanto aguarda os reforços, Corinthians supera o Cuiabá com a força dos jovens da base; confira a análise

Enquanto aguarda os reforços, Corinthians supera o Cuiabá com a força dos jovens da base; confira a análise

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como o time comandado por Sylvinho conquistou a vitória sobre o Dourado nesta segunda-feira (26)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Recentemente, o Corinthians anunciou as contratações dos meias Giuliano e Renato Augusto e trabalha para ter Roger Guedes. São três jogadores de muita qualidade e que agregariam demais em qualquer elenco do país. Enquanto eles não entram em campo (ou não são anunciados oficialmente), Sylvinho vai se virando muito bem com a base corintiana. É verdade que a vitória sobre o Cuiabá na Arena Pantanal não ficou marcada por uma atuação coletiva destacada ou por lances de qualidade. Na prática, foi uma partida bem fraca, com erros bobos nos passes, nas tomadas de decisão e até mesmo no domínio da bola em determinados momentos. Por outro lado, serviu para consolidar a boa fase de jovens como João Victor, Adson, Gustavo Mosquito, Roni e outros que já ganharam minutos com Sylvinho. Enquanto aguarda Giuliano e Renato Augusto, os garotos vão dando conta do recado no Corinthians.

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É verdade que o jogo começou muito sonolento e com as duas equipe errando demais. O tetracampeão Jorginho armou o Cuiabá num 4-4-2 que deixava Clayson mais solto e apostava nas descidas de Felipe Marques e Danilo Gomes buscando Élton no comando de ataque. No papel, uma boa ideia para furar o forte bloqueio defensivo do Corinthians no 4-1-4-1 armado por Sylvinho. Na prática, no entanto, o Timão e o Dourado apenas esbarravam nas próprias limitações. O panorama da partida só melhorou mesmo quando Fagner passou a ser mais acionado. E aqui vale um adendo importante. Este que escreve entende bem a fama de jogador violento que o camisa 23 pegou nos últimos anos. Mas é preciso reconhecer que poucos laterais possuem uma capacidade tão grande de desafogar o time com tanta qualidade no passe. Fagner é um dos melhores “laterais-passadores” que existem no futebol brasileiro. Sem exagero nenhum.

Corinthians vs Cuiaba - Football tactics and formations

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Sylvinho armou o Corinthians no seu 4-1-4-1 costumeiro para reforçar o sistema defensivo, povoar o meio-campo e bloquear as saídas do 4-4-2 escolhido por Jorginho para o Cuiabá. Apesar das boas ideias no papel, o jogo começou morno e sem muitos lances de emoção na Arena Pantanal.

O jogo do Corinthians começou a fluir a partir do momento em que Fagner passou a distribuir passes pelas laterais. Como o que iniciou o lance do (belo) gol marcado por Roni, aos 27 minutos do primeiro tempo. O volante corintiano acertou belo chute da entrada da área depois que Adson escorou cruzamento de Gabriel pelo lado direito. Bela jogada que tem a marca do trabalho de Sylvinho. Por mais que o escrete do Parque São Jorge ainda sofra com problemas em todos os setores, é preciso ter muita má vontade para não ver ideias sendo colocadas em prática dentro de campo. Como a presença dos volantes/meias do seu 4-1-4-1 no campo ofensivo e participando ativamente das jogadas de ataque. Ou como a pressão no campo adversário que resultou no segundo gol do Corinthians, marcado por Adson aos 37 minutos. O Corinthians controlava o jogo e via a base descomplicar as coisas contra o Cuiabá.

Fagner distribuiu bem o jogo a partir do campo defensivo e achou Gabriel se lançando ao ataque no 4-1-4-1 de Sylvinho. O Cuiabá, embora estivesse com as linhas bem adiantadas, acabou errando na marcação e não fechou os espaços na sua última linha. Foto: Reprodução / SPORTV / GE

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Logo depois do intervalo, Jorginho sacou Danilo Gomes e Felipe Marques e mandou Camilo e Guilherme Pato para o jogo. O Cuiabá ganhou ainda mais volume nas suas ações ofensivas depois que Rafael Elias (o Papagaio) e Jenilson entraram nos lugares de Élton e Pepê. Mesmo assim, o Corinthians não sofria muitos sustos na sua defesa e tentava segurar a bola no ataque, mas sem ser efetivo. Nem mesmo as entradas de Mateus Vital e Vitinho conseguiram fazer com que o Timão mantivesse mais a posse da bola e ganhasse fluência. Aos 25 minutos da segunda etapa, Clayson recebeu no lado esquerdo e cruzou para a área. Rafael Elias cabeceou meio sem jeito e contou com o desvio em Fábio Santos. O gol do Cuiabá deu um pouco mais de emoção ao jogo nos minutos finais, mas o Corinthians conseguiu se segurar com as entradas de Xavier e Felipe Augusto, mais jovens da base que ganham chances com Sylvinho.

O Cuiabá ganhou mais volume de jogo depois das alterações feitas por Jorginho após o intervalo e diminuiu o placar num gol meio sem querer de Rafael Elias. O Corinthians, por sua vez, não conseguiu tomar o controle da partia e sofreu um pouco nos minutos finais. Foto: Reprodução / SPORTV / GE

A expulsão de Anderson Conceição no final da partida praticamente acabou com as chances que o Cuiabá tinha de empatar o jogo e conquistar um pontinho dentro de casa. Vencedor da partida, o Corinthians finalmente se recuperou de duas derrotas seguidas na competição e agora estaciona no meio da tabela do Campeonato Brasileiro. Sylvinho vai conseguindo pontos importantes apostando na juventude e na vibração de jovens promissores que conseguem (até certo ponto) compensar a falta de mobilidade dos veteranos. É assim com João Victor ao lado de Gil na zaga, com Roni dando boa dinâmica ao meio-campo e com Gustavo Mosquito e Adson dando mais mobilidade ao ataque corintiano e aproveitando as jogadas de pivô feitas por Jô. Enquanto os reforços não fazem as suas estreias, a molecada vai tentando segurar a onda num cenário mais adverso. Mesmo assim, as atuações estão ganhando mais consistência.

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A tendência é que Renato Augusto e Guiliano entrem no time titular do Corinthians. Sylvinho pode manter seu 4-1-4-1 com o primeiro jogando mais por dentro (tal como jogou com Tite em 2015) e o segundo com plenas condições de ser o “ponta-armador” que o treinador corintiano tanto procura. Seja como for, o encaixe dos dois reforços do Timão para a sequência da temporada ainda vão precisar de tempo para se readaptarem ao futebol brasileiro. Até lá, a base vai dando conta do recado e deixando muitas esperanças para o futuro.

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