Home Esportes Olímpicos Vai ter mais dancinha? Gabriel Araújo cai na piscina em busca da terceira medalha paralímpica

Vai ter mais dancinha? Gabriel Araújo cai na piscina em busca da terceira medalha paralímpica

Atleta de 19 anos já ganhou ouro e prata e quer servir de inspiração para a prática do esporte

Fernando Cesarotti
Jornalista, professor universitário e fã ardoroso de qualquer esporte. Autor do OlimpCast, podcast sobre esportes olímpicos.

Os atletas do Time Brasil comemoram de maneiras variadas as medalhas conquistadas nas Paralimpíadas de Tóquio-2020. E talvez a mais bem-humorada dessas comemorações seja a de Gabriel Geraldo Araújo, o homem das dancinhas no pódio da natação.

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Gabriel tem apenas 19 anos. Mineiro de Santa Luzia, conheceu o esporte pelas mãos de um professor de Educação Física, seu Aguilar. Ele perguntou se o garoto sabia nadar e, ao ouvir a resposta positiva, o inscreveu numa competição. Sem avisar, nem a ele nem à mãe.

Ele foi e diz que venceu três provas. Tinha 13 anos e percebeu que a deficiência não seria obstáculo para que ele se tornasse um atleta de alto rendimento. Começou a treinar para valer e, aos 17 anos, já conhecido no cenário nacional como “Gabrielzinho”, foi selecionado para sua primeira grande competição internacional.

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No Pan de Lima, cinco medalhas

Desde 2007, a organização dos Jogos Pan-Americanos exige a realização, em seguida, dos Jogos Parapan-Americanos. É a mesma condição do COI para sediar Olimpíadas e Paralimpíadas.

Chama-se “uma candidatura, dois Jogos” e vale desde Seul-1988 – embora a última versão formal do acordo tenha sido assinada com o Comitê Paralímpico Internacional em 2001.

Em 2019, Lima recebeu os dois Jogos. E Gabriel Araújo fez parte da seleção brasileira de natação escalada para disputar o Parapan, ao lado de seu grande ídolo no esporte, Daniel Dias. O Brasil liderou o quadro geral de medalhas, com 308 pódios, sendo 124 medalhas de ouro.

Gabrielzinho fez sua parte: ganhou os 50m livre e os 100m livre, foi prata nos 200m livre e bronze nos 50m costas e nos 50m borboleta. Nesta última, mesmo classificado como S2, disputou a prova com atletas de classe S4. Vale lembrar que a classificação vai de S1 a S10. Os números diminuem à medida em que a deficiência é mais severa.

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Alegria sempre

De acordo com o guia do Comitê Paralimpico Brasileiro (CPB), Gabriel tem focomelia. A doença congênita, que impede a formação completa dos membros, é associada ao consumo de um medicamento pela mãe durante a gestação. Mas não afeta o potencial esportivo de Gabriel, nem sua disposição para celebrar.

Na primeira prova, os 100m costas, Gabriel ficou com a medalha de prata. Ao sair da piscina, celebrou dançando e repetiu a festa no pódio. Mas ele queria mais. E, no domingo, foi buscar o ouro nos 200m livre. No pódio, claro, dançou.
E depois, no pódio, claro que dançou.


“Espero que esse seja o primeiro ouro de muitos outros. Era isso que eu queria. Foi para isso que eu vim. Consegui baixar o meu tempo, fiz o novo recorde das Américas. Treinamos forte, estava tudo controlado, eu sabia o que fazer e o resultado veio. Não existe emoção maior”, comemorou Gabriel.

Vem mais dança?

Gabriel ainda disputa os 50m costas, com eliminatórias marcadas para as 22h desta quarta-feira, pelo horário de Brasília. Será o tira-teima com o chinelo Alberto Abarza, que o venceu nos 100m costas, mas ficou com a prata nos 200m livre. As eliminatórias serão na quarta, por volta das 22h (de Brasília), e a final algumas horas depois.

E depois? Bem, há toda uma carreira pela frente. Mas Gabriel espera que, como ele se inspirou em Daniel Dias, possa agora inspirar mais gente, com ou sem deficiência. Em entrevista à Rede do Esporte, do governo federal, avisou:

“Do mesmo jeito que estou aqui, muitas pessoas que estão em casa, deficientes também, podem ter uma chance. Tem espaço para todo mundo. Podem ter certeza de que tem um esporte em que vocês vão se encaixar, em que vão se adaptar bem. Eu espero ter ajudado a incentivar essas pessoas.”

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