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Barbosa, um ícone da luta contra o racismo

No dia da Consciência Negra, o Torcedores.com presta sua homenagem a um dos melhores jogadores da história do futebol

Flavio Souza
Formado em Gestão de TI e cursando Jornalismo. Desde 2006 escrevo sobre esportes em geral, ingressando em dezembro de 2018 no site Torcedores.com, onde atualmente exerço função de Colaborador Sênior. Atualmente meu foco é no futebol brasileiro e internacional, mas procuro falar sobre outras modalidades, como esportes olímpicos, por exemplo. Meu foco é trazer informações relevantes sobre os clubes fora de campo, como entrevistas, análises financeiras, desempenho das equipes em redes sociais e análises táticas.

Caso estivesse vivo, Moacyr Barbosa teria completado 100 anos em março deste ano. Com uma carreira vitoriosa pelo Vasco e seleção brasileira, o goleiro por anos carregou em suas costas o peso, injusto, de ter sido responsável pela perda da Copa do Mundo em 1950, em pleno Maracanã, para a seleção do Uruguai, no chamado ‘Maracanazzo’.

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Boa parte das críticas acontecerão por conta da sua cor. E essa falha afetou diversas gerações. Um fato que mostra que no Brasil o racismo ainda é muito forte. Mesmo no futebol, com vários jogadores negros de sucesso, isso parece longe de acabar, como aconteceu recentemente com o atleta Celsinho, do Londrina e com Adriana, atleta do Corinthians.

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Mas algumas ações mostram que é possível ter mudanças neste cenário. E a cada ano a forma como a história de Barbosa é contada vem mudando. O tom do seu legado vem deixando de tratar o ex-goleiro como “vilão” para contar sua grande carreira e exemplo que ele é para as gerações.

Uma dessas ações é contada na exposição Tempo de Reação – 100 anos do goleiro Barbosa. Em exibição no Museu do Futebol desde 19 de junho deste ano, a mostra busca homenagear os goleiros. Mas mais do que isso, busca promover a reflexão sobre o racismo ao contar a história de Barbosa.

Escolha por Barbosa

Em 2021 completam-se 150 anos que a posição de goleiro surgiu. E a escolha por Moacyr Barbosa diz muito sobre o que é ser craque e ao mesmo tempo negro no Brasil. Ao relembrar o ex-goleiro, a mostra busca valorizar também a importância que os negros tiveram para tornar o Brasil protagonista no mundo do futebol.

Embora Barbosa tenha sido um dos melhores goleiros de sua geração, ele seguiu, por décadas, sendo injustamente responsabilizado pela derrota no Maracanã em 1950. Com o auxílio das lembranças de Tereza Borba, a exposição problematiza a narrativa construída à época e suas consequências para a história do futebol, a partir das especificidades da posição do goleiro, da trajetória do próprio Barbosa e da denúncia do racismo que estrutura o futebol e a sociedade brasileira.

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O peso da cor

A perda daquele que seria a primeira Copa do Mundo para o Brasil, ainda mais em casa, impactou em diversas gerações. Por anos e anos, o racismo velado aparecia na desconfiança contra goleiros negros. Em 2006, o já falecido humorista Chico Anysio discordava da titularidade de Dida na seleção brasileira. Em uma coluna no Diário Lance!, ele citou: “não tenho confiança em goleio negro”.

O preconceito seguiu e segue forte até hoje. Em comparação com outras posições, ainda é raro vermos atletas negros no gol.

“No Brasil, a pena máxima (de prisão) é de 30 anos, mas pago há 40 por um crime que não cometi”, afirmava Barbosa.

Valorização da história de Barbosa

Como citado, aos poucos está sendo possível ensinar para as novas gerações quem realmente foi Moacyr Barbosa. E isso vem acontecendo graças a Tereza Borba, filha de consideração do ex-jogador. Mesmo antes do falecimento do ex-goleiro, ela virou porta-voz, buscando não só preservar sua imagem como lutar pelo fim da injustiça relacionada a sua atuação na Copa.

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Redenção de Barbosa

Para muitos, a pena de Moacyr Barbosa foi paga em 2014. Mais precisamente no dia 8 de julho, no estádio do Mineirão. Nesta data, o Brasil sofreu sua pior derrota na história das Copas. 7 x 1 para Alemanha, nas semifinais da competição.

Tereza Borba, a filha adotiva do ex-goleiro, declarou: “Sou brasileira, queria que o Brasil ganhasse, mas estou vendo de outra forma agora. Muita gente está dizendo que o Barbosa hoje está sendo inocentado. Acho que ele lavou a alma agora. Ele não passou essa vergonha”.

Sobre o 7 a 1 no Mineirão e a redenção de Barbosa, assim escreveu o jornalista Diego Garcia:

“Segundo o falecido cronista Armando Nogueira, Barbosa foi “certamente, a criatura mais injustiçada na história do futebol brasileiro. Era um goleiro magistral. Fazia milagres, desviando de mão trocada bolas envenenadas. O gol de Ghiggia, na final da Copa de 50, caiu-lhe como uma maldição. E quanto mais vejo o lance, mais o absolvo”. Pois agora, tanto Tereza quanto seu pai, onde quer que esteja, podem ficar tranquilos: a ‘maldição’ foi enterrada nesta terça. A sete palmos abaixo da terra. Em cada um dos sete gols alemães. Descanse em paz, Barbosa”.

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Títulos do ex-goleiro

Dentre os principais clubes que defendeu em sua carreira, o maior destaque fica para sua passagem pelo Vasco, além é claro, de anos servindo a seleção brasileira e uma temporada pelo Santa Cruz. Dentre suas principais conquistas, destacam-se:

  • Vasco da Gama
    • 6 vezes Campeão Carioca (1945, 47, 49, 50, 52 e 58);
    • Campeonato Sul-Americano de Campeões (1948);
    • Torneio de Santiago do Chile (1953);
    • Torneio Rio-São Paulo (1958).
  • Seleção Brasileira
    • Copa Roca (1945);
    • Copa Rio Branco (1947 e 50);
    • Copa América (1949).

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