Home Futebol Entenda por que Juventus e Fiorentina, rivais deste sábado, nutrem ‘ódio mortal’

Entenda por que Juventus e Fiorentina, rivais deste sábado, nutrem ‘ódio mortal’

Animosidade entre Juve e Viola nem sempre existiu, mas começou a se intensifcar a partir da década de 1980

Álvaro Logullo Neto
24 anos, formado em Jornalismo pela Universidade de São Paulo e, desde 2021, redator de esportes no Torcedores.com. Por aqui, um pouco de tudo: tênis, basquete, NFL, Fórmula 1, esportes olímpicos e Fiorentina... digo, futebol!

Juventus e Fiorentina. Fiorentina e Juventus. Embora sejam times de cidades diferentes, a rivalidade entre ambas é fruto de uma longa construção histórica. Para os torcedores da Juve, a desavença existe, mas se ofusca diante de adversários mais robustos em território italiano — como Milan e Inter, e até mesmo o Torino, que é um rival local. No entanto, para os fãs da Viola, o duelo com a esquadra de Turim é, sem dúvidas, o mais importante da temporada. Neste sábado, às 14h (de Brasília), veremos mais um episódio deste tradicional confronto.

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Contudo, há de se observar que este ‘ódio mortal’ espalhado por Florença e Turim nem sempre foi tão latente. A relação entre Viola e Juve, neutra durante muitas décadas, acabou se deteriorando devido a alguns episódios específicos. O resultado disso foi o crescimento da antipatia (dos dois lados), o que sempre apimenta este duelo, onde quer que ele aconteça. Mas, afinal, o que tornou Juventus e Fiorentina equipes arqui-inimigas?

Anos de ‘trégua’ entre Juventus e Fiorentina

Durante a década de 1950, Fiorentina e Juventus brigaram, com frequência, por títulos italianos. Ainda assim, a ‘concorrência’ não afetou a relação extra-campo entre as fortes equipes naquela época. Na verdade, Enrico Befani, um dos maiores presidentes da história da Viola, não dispensava um cigarro ao lado da família Agneli, proprietária da Juve. Os cartolas eram costumeiramente vistos juntos nas arquibancadas sem qualquer tipo de problema.

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Já em 1969 um pequeno atrito se deu na fase final do Campeonato Italiano. A Viola precisava vencer a Juve para ser campeã italiana. Sendo assim, na noite anterior ao confronto, torcedores da Vecchia Signora fizeram a maior algazarra na frente do hotel, em Turim, onde estavam alojados os jogadores da Fiorentina. A tentativa de atrapalhar o adversário, porém, foi em vão. A Viola venceu o jogo por 2 a 0, sagrando-se, assim, campeã da Itália pela segunda vez em sua história. Apesar deste episódio, a relação entre os times não havia sido completamente deteriorada.

Campeonato Italiano de 1981-82

O problema, no entanto, começou a surgir a partir da temporada de 1981-82. Novamente, após muitos anos, a Fiorentina brigava pelo título italiano. A grande rival no caminho era, justamente, a Juventus. Na última rodada, ambas tinham chances de título. Caso as duas vencessem, ficariam empatadas na tabela e, dessa forma, uma ‘final’ seria marcada para decidir a campeã do torneio de pontos corridos.

Não foi o que aconteceu. Jogando na Sardenha, contra o Cagliari, a Fiorentina marcou um gol legítimo, mas teve o tento anulado por uma suposta falta na jogada. O jogo já estava no fim e, portanto, não houve tempo para mudanças no placar. O empate por 0 a 0 também se mantinha no jogo da Juve contra o Catanzaro. No entanto, um pênalti (mal-marcado) nos minutos derradeiros deram o título para a equipe de Turim.

Esses dois lances jamais foram esquecidos em Florença. Revoltada, a torcida da Viola pichou muros da cidade com dizeres: “melhor ser segundo do que ladrão”. Daí em diante, a relação com a Juventus estava estremecida para sempre. O campeonato foi parar na justiça e muitas teorias conspiratórias envolvendo a máfia (e compra de juízes) surgiram do lado roxo da história. Enfim, o resultado final não foi mudado, e a Juve acabou mantida campeã.

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Roberto Baggio vendido ‘na calada da noite’ à Juventus

Anos mais tarde, um novo episódio apimentou de vez a rivalidade entre Juventus e Fiorentina. Ambas se classificaram para a final da Copa da UEFA de 1989-90, naquela que seria uma final inédita: jamais dois times italianos haviam decidido uma competição europeia. No entanto, a finalíssima não gera nenhuma boa lembrança nos torcedores da Viola. Além de perder o título para a rival, dias depois, Florença também viu o craque do time, Roberto Baggio, ser vendido na surdina para a própria Juventus.

Baggio, na Fiorentina desde 1985, não sabia da negociação e, na verdade, já havia manifestado o desejo de permanecer no time. No entanto, a família Pontello, dona do clube roxo, não quis saber: negociou o craque na maior transação da história para aquela época (cerca de 13 milhões de euros). Obviamente, tal atitude revoltou torcedores da Viola, que vandalizaram as ruas de Florença. A pressão foi tamanha que forçou, inclusive, a venda da Fiorentina ao final daquela temporada.

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Jogadores ‘vira-casaca’ da Fiorentina

Com o passar dos anos, a distância entre Juventus e Fiorentina, em termos de protagonismo no futebol italiano, somente aumentou. Sendo assim, casos como o de Roberto Baggio se tornaram mais frequentes, na medida em que muitos jogadores da Viola passaram a ‘mudar de lado’. Nos últimos anos, são alguns exempos. Para se prender somente ao elenco atual da Juventus, Federico Bernardeschi e o xará, Federico Chiesa, se enquadram nesse perfil.

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Ambos são crias da Fiorentina, mas que acabaram sendo atraídos pela rica rival do norte. Hoje, a dupla é odiada em Florença por conta da ‘traição’. E a impressão é de que toda vez que a Viola revela um bom jogador, ele está automaticamente ‘no radar’ da Juve. Esta lógica de mercado incomoda os torcedores da Fiorentina, que gostariam de ver seus ídolos permanecerem mais tempo na equipe roxa.

Torcida juventina em Florença

Por fim, outro fator que dissemina o ‘ódio’ dos fãs violeta é a grande presença de torcedores da Juventus na cidade de Florença. A Vecchia Signora tem, disparada, a maior torcida da Itália. Estima-se que são mais de 8 milhões de pessoas, quase o triplo da Inter, que fica em segundo. A Fiorentina, por sua vez, é 6ª nessa lista. Uma boa posição, mas difícil de competir com a Juve, que tem muitos fãs no ‘território violeta’.

Sem um grande rival local na região da Toscana, a Viola acaba por projetar o ódio quase que completo na Juventus. Isso, apesar da distância entre Florença e Turim (mais de 400 quilômetros). Enfim, nitidamente, a rivalidade é encarada de maneiras diferentes. Enquanto os fãs da Viola enxergam a Juventus como a principal ‘inimiga’, os fãs bianconeros não compartilham dessa percepção. Ainda assim, nutrem certo ódio pela Fiorentina e, com certeza, não querem ser derrotados pelo adversário violeta. Principalmente em casa.

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