Home Automobilismo O dia em que Massa “ganhou, mas não levou”: relembre como foi a decisão da F1 no GP Brasil de 2008

O dia em que Massa “ganhou, mas não levou”: relembre como foi a decisão da F1 no GP Brasil de 2008

Massa foi campeão mundial de Fórmula 1 por 38,9 segundos, mas Hamilton conseguiu uma reviravolta épica a poucos metros do fim para vencer seu primeiro título

Thiago Chaguri
Apaixonado por esporte desde criança, acompanho diversas modalidades por acreditar na magia e nas boas histórias que seus protagonistas e torcedores proporcionam. Além do entretenimento, admiro também as pluralidades táticas e estratégicas.

O doce da vitória e o amargo da derrota no mesmo minuto. Estes foram os sabores que Felipe Massa e a torcida brasileira experimentaram no encerramento da temporada 2008 de Fórmula 1. Apesar de sua segunda vitória em Interlagos, o piloto da Ferrari “ganhou, mas não levou”. Lewis Hamilton tirou o título das mãos do brasileiro na última curva e conquistou o primeiro de seus sete mundiais.

Massa obteve maior número de vitórias (seis a cinco). Porém, para o piloto da escuderia italiana o fator preponderante para a conquista decidida por apenas um ponto de diferença à favor do inglês (98 a 97) foi o GP de Cingapura. Naquela 15ª etapa do ano ocorreu o famoso caso conhecido como “Crashgate”, ou “Singapuragate”.

PUBLICIDADE

Em um momento lamentável na história do esporte, Flavio Briatore, chefe de equipe, e Pat Symonds, chefe de engenharia da Renault, arquitetaram um acidente de Nelsinho Piquet para ocasionar a entrada do Safety Car e favorecer o posicionamento de pista de Fernando Alonso. No pit stop, a Ferrari provocou uma lambança na parada de Massa, autorizando-o a sair com a mangueira de combustível ainda abastecendo o carro. Metros depois a equipe levou mais de dois minutos para remover parte desta mangueira, jogando fora uma possibilidade do triunfo.

Alonso venceu a prova e Lewis Hamilton, concorrente direto ao título, ficou em terceiro, somando pontos preciosos na competição. Massa finalizou em 13º, fora da zona de pontuação.

PUBLICIDADE

O caso foi julgado em 2009. De acordo com o veredito, Briatore e Symonds foram declarados culpados e penalizados. O primeiro recebeu banimento vitalício da categoria, enquanto o segundo foi suspenso de suas atividades por cinco anos. No entanto, ambos foram liberados para voltarem à F1 no ano de 2013.

Symonds trabalhou nas equipes Marussia e Williams e atualmente atua como consultor técnico da categoria.

Briatore, desde então, não participou efetivamente do circo, mas especula-se nos bastidores sua volta após postagem de Stefano Domenicali, homem-forte da Liberty Media (empresa que cuida da promoção do campeonato), indicando que o italiano fará parte da equipe em 2022.

Piquet Jr. assinou um acordo de delação premiada e não foi punido. Alonso foi absolvido, pois não houve constatações de indícios de sua participação no escândalo.

PUBLICIDADE

FORMAÇÃO DO GRID EM INTERLAGOS

Passada toda a efervescência dos acontecimentos, Interlagos sediou a 18ª e última prova do ano.

Focado para o final de semana decisivo, Massa demonstrou não sentir a pressão de correr em casa e voou, cravando a pole position no sábado. Jarno Trulli surpreendeu e fechou a primeira fila do grid com sua Toyota por 0,3 décimos atrás. Kimi Räikkönen, até então atual campeão mundial e companheiro do brasileiro na Ferrari, saiu em terceiro.

Flertando com o perigo, Lewis Hamilton alinhou seu carro na quarta faixa do grid, à beira do limite da posição necessária para o título inédito, no caso o quinto lugar. Bicampeão da categoria, Fernando Alonso partiu com sua Renault em sexto atrás de Heikki Kovalainen.

Do sétimo posto largou Sebastian Vettel, que havia assombrado o circo da Fórmula 1 ao tornar-se o piloto mais jovem a vencer um Grande Prêmio. Aos 21 anos, três meses e oito dias, o alemão faturou a etapa da Itália, a 14ª do calendário. Pouco tempo depois Vettel viria a tornar-se tetracampeão mundial de forma consecutiva pela Red Bull, de 2010 a 2013.

PUBLICIDADE

Jenson Button, campeão com a Brawn GP do ano seguinte (2009), não foi bem e fez apenas o 17º tempo.

Nelsinho Piquet, companheiro de Alonso, saiu em 11º. Rubens Barrichello fez o 15º tempo.

CORRIDA

A condição climática estava boa anteriormente à saída dos pilotos. Porém, a chuva apareceu e adiou a largada em dez minutos. Com esta mudança, as equipes tiveram de adentrar ao grid para colocar pneus intermediários. Posteriormente, os carros realizaram a volta de apresentação e alinharam-se para a largada.

As luzes vermelhas se apagaram e deram início à última e decisiva corrida da temporada 2008. Os cinco primeiros mantiveram suas posições. No pelotão de trás David Coulthard, em sua despedida da Fórmula 1 após 15 temporadas, foi tocado na curva “S” do Senna pela Renault de Nelsinho Piquet e ambos abandonaram precocemente a prova. O Safety Car entrou e conduziu os pilotos por quatro voltas. Na relargada, a ordem dos carros da frente foi mantida.

PUBLICIDADE

Pela nona volta, algumas equipes resolveram arriscar e colocar pneus de pista seca, tática também adotada logo na sequência pelos carros da frente. Neste pit stop ocorreram mudanças importantes que proporcionaram outro panorama para a corrida.

Massa manteve a ponta. Vettel e Alonso se deram muito bem por ter antecipado suas paradas. O alemão avançou de sétimo para segundo e espanhol saiu do sexto para o terceiro lugar. Trulli, outrora vice-líder, despencou para sexto. Antes da passagem pelos boxes Hamilton ocupava a quarta colocação. Contudo, retornou apenas em sétimo e contou com uma escorregada de Trulli para ganhar a posição do italiano. Ainda assim, este resultado passaria o troféu de suas mãos para Felipe Massa.

Pelo 18º giro, o jovem inglês fez valer a força de sua McLaren-Mercedes e ultrapassou a Force India de Giancarlo Fisichella, tomando-lhe a quinta posição. De momento, o campeonato voltava à seu domínio.

A partir dali a corrida não apresentou mudanças significativas. Somente Vettel, cujo sua Toro Rosso (atual Alpha Tauri) precisou fazer três paradas, caindo da segunda para a sexta posição. Assim, Hamilton herdou o quarto posto, suficiente para lhe dar o título.

PUBLICIDADE

AS REVIRAVOLTAS QUE DECIDIRAM UM DOS CAMPEONATOS MAIS DISPUTADOS DA HISTÓRIA

Entretanto, a chuva retornou, dando novos contornos e dramaticidade à prova a dez voltas do fim. Adotando estratégia diferente dos carros à frente, a Toyota apostou em deixar seus dois pilotos, Timo Glock e Jarno Trulli, com pneus de pista seca, enquanto os demais realizaram as trocas para utilizar o intermediário. A tática estava funcionando, visto que Glock saiu do sétimo ao quarto lugar virando mais rápido que os adversários.

Hamilton caiu para quinto após o pit stop. A três giros para o final, a situação do piloto da McLaren ficou ainda mais difícil: no setor da Junção levou ultrapassagem de Vettel, derrubando-o para sexto e mudando a sorte de lado.

Já Massa, tranquilo, tinha o caminho livre para a vitória e para findar um jejum de 17 anos sem um título brasileiro na Fórmula 1. Desde o tri de Senna em 1991 o país não chegava tão perto de uma conquista. Interlagos era o palco perfeito para o paulistano comemorar em casa, junto da torcida que se inflamou de esperança diante daquele momento histórico.

Contudo, justamente na última volta, a chuva se intensificou. Os pneus de pista seca de Timo Glock não resistiram e o piloto foi lutando para guiar o carro até o fim. Com isso, Sebastian Vettel e Hamilton se aproximaram.

PUBLICIDADE

Lá na ponta a explosão tomou conta da torcida e dos boxes da Ferrari, onde a família de Felipe comemorava efusivamente a bandeirada da vitória do piloto e a conquista do mundial. A felicidade era tanta que todos esqueceram de se atentar à transmissão e perderam o momento fatal da competição: justamente na Junção, onde há duas voltas havia caído para sexto, Hamilton ultrapassou Glock e conseguiu exatamente a colocação mínima que precisava para conquistar o título: o quinto lugar.

Agora, a empolgação saiu do lado vermelho para o lado prateado do pit lane. Nicole Scherzinger, na época namorada de Hamilton e também vocalista do famoso grupo pop Pussycat Dolls, vibrou bastante com a conquista inédita do piloto inglês. A imagem da equipe McLaren contrastava com a repentina mudança de clima no espaço italiano. Foram 38,9 segundos de alegria extrema, transformada em absoluta incredulidade.

Lewis Hamilton, emocionado, chorou em seu carro e agradeceu à sua equipe que lhe proporcionou o título em uma das decisões mais acirradas e incríveis da história da Fórmula 1.

Ovacionado pela torcida e aos prantos, Massa chegou aos boxes e subiu para a cerimônia de premiação da prova junto de Alonso e Räikkönen, segundo e terceiro respectivamente. Bateu no peito, agradeceu o apoio dos torcedores e ainda estourou a champanhe para comemorar sua ótima performance.

PUBLICIDADE

No pit lane, Hamilton, grande fã de Ayrton Senna, comemorava seu primeiro título coincidentemente no autódromo da casa do ídolo. Mesmo fora do pódio, alcançou o topo do mundo pela primeira vez naquela oportunidade, feito que repetiu por mais seis vezes (2014, 2015, 2017, 2018, 2019 e 2020).

RESULTADO FINAL

1- Felipe Massa (Ferrari) / 1:34:11.435

2- Fernando Alonso (Renault) / +13.298s

3- Kimi Räikkönen (Ferrari) / +16.235s

PUBLICIDADE

4- Sebastian Vettel (Toro Rosso-ferrari) / + 38.011s

5- Lewis Hamilton (McLaren-Mercedes) / 38.907s

6- Timo Glock (Toyota) / +44.368s

7- Heikki Kovalainen (McLaren-Mercedes) / + 55.047s

PUBLICIDADE

8- Jarno Trulli (Toyota) / + 68.463s

9- Mark webber (Red Bull-Renault) / +79.666s

10- Nick Heidfeld (Sauber-BMW) / +1 volta

11- Robert Kubica (Sauber-BMW) / +1 volta

PUBLICIDADE

12- Nico Rosberg (Williams-Toyota) / +1 volta

13- Jenson Button (Honda) / +1 volta

14- Sebastien Bourdais (Toro Rosso-Ferrari) / +1 volta

15- Rubens Barrichello (Honda) / +1 volta

PUBLICIDADE

16- Adrian Sutil (Force India-Ferrari) / +2 voltas

17- Kazuki Nakajima (Williams-Toyota) / +2 voltas

18- Giancarlo Fisichella (Force India-Ferrari) / +2 voltas

Abandonaram:

PUBLICIDADE

Nelson Piquet Jr. e David Coulthard.

LEIA TAMBÉM:

Fórmula 1: veja a lista de pilotos e construtores que já venceram no Brasil

Pace e Fittipaldi protagonizaram 1ª dobradinha brasileira da F1 no ano de 1975, em Interlagos

Fórmula 1: Onde assistir, grid de largada e tudo sobre o GP do Brasil

PUBLICIDADE

Bottas vence Sprint no GP de São Paulo e Verstappen chega em segundo

França garante vaga na Copa do Mundo de 2022 após golear Cazaquistão

Aparecidense empata com Campinense e é campeã do Brasileirão Série D

Tite tem veteranos no radar, Flamengo quer lateral de rival, atacante deixa o São Paulo: as últimas do futebol hoje (13)

PUBLICIDADE

Joia do Vasco na Espanha, lateral do Flamengo na Itália e mais: Veja as movimentações do mercado da bola no Brasil neste sábado (13)