Home Futebol Corinthians repete roteiro do ano passado e mostra ótimo jogo coletivo e muita consistência em todos os setores

Corinthians repete roteiro do ano passado e mostra ótimo jogo coletivo e muita consistência em todos os setores

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a boa vitória sobre o Palmeiras e as escolhas de Arthur Elias no primeiro Derby da temporada

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Quem acompanha o espaço aqui no TORCEDORES.COM sabe muito bem que este que escreve é fã confesso e de carteirinha do Corinthians de Arthur Elias. Não era por acaso que a expectativa pela estreia da equipe na temporada era bem grande. E a vitória por 3 a 0 sobre o Palmeiras de Hoffmann Túlio repetiu o roteiro do ano passado com a precisão de um microscópio eletrônico. Grande atuação coletiva, boas trocas de passes na frente da área, intensidade nas transições e muita organização em todos os setores. Destaque para a estreia da excelente Liana Salazar e para as ótimas atuações de Gabi Portilho e Tamires jogando pelos lados do campo. E isso sem mencionar a dinâmica colocada por Gabi Zanotti na ocupação do espaço entre zagueiras e volantes Palestrinas. O Corinthians inicia o ano de 2022 como terminou 2021: vencendo, jogando bem e deleitando os amantes do futebol.

PUBLICIDADE

Antes de entrar na análise do jogo deste domingo (6), é preciso deixar bem claro que estamos falando do primeiro jogo da temporada e que muita coisa pode mudar até o final do ano. O próprio Palmeiras pode se acertar, Hoffman Túlio pode encontrar a formação preferida e os reforços podem render aquilo que se espera de cada um deles. É possível que as Palestrinas possam recuperar o futebol do primeiro semestre quando bateram de frente com o próprio Corinthians e tiveram em Bia Zaneratto a melhor jogadora do país naquele momento. Tudo vai depender de uma série de fatores que envolvem tempo, treinamento, adaptação entre jogadoras e comissões técnicas e a paciência de dirigentes e torcedores.

Mas certo é que o Corinthians teve uma daquelas atuações que nos fizeram lembrar do ano mágico de 2021 e da “Tríplice Coroa”. O que inicialmente parecia ser um 4-3-3se transformou num 4-2-4 que tinha Salazar e Diany na armação das jogadas, Gabi Zanotti pisando na área e as infiltrações em diagonal de Tamires e Gabi Portilho. Esta última mostrou oportunismo no lance do primeiro gol do Timão e boa leitura dos espaços na jogada que originou o segundo. Principalmente por ver Adriana arrastando a marcação e esperar o momento certo para fazer o passe para Adriana. A camisa 16 passou para Zanotti que atraiu a marcação de Bruna Calderan e passou para Diany deixar Tamires na cara do gol. Uma verdadeira aula de futebol.

PUBLICIDADE

Katiuscia abre o campo, Gabi Portilho temporiza e Adriana arrasta a marcação. Toda a construção da jogada do segundo gol do Corinthians mostra como o time de Arthur Elias teve uma leitura quase perfeita dos espaços que apareceram na defesa do Palmeiras. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

Este que escreve entende bem o fato do trabalho de Hoffmann Túlio ainda estar no início (é apenas o quarto jogo oficial do treinador à frente do Palmeiras) e a necessidade de tempo para se implementar conceitos táticos e conseguir atingir um nível de entendimento satisfatório entre ele, sua comissão técnica e as jogadoras. Mesmo assim, as dificuldades que as Palestrinas tinham para levar a bola ao ataque eram claras. Por mais que Camilinha buscasse o jogo por dentro para abrir o corredor para Bruna Calderan e por mais que Chú tentasse acelerar pela esquerda em cima de Katiuscia, o que se via era um Palmeiras sem muitos recursos e ideias para conseguir vencer a pressão do Corinthians na saída de bola. Thaís esteve sobrecarregada na marcação e Andressinha não conseguiu se encontrar diante de tanto volume de jogo e da alta intensidade da sua antiga equipe.

Jully inicia a saída de bola por baixo e vê todas as companheiras de time próximas a ela muito bem vigiadas. O Palmeiras teve sérios problemas para colocar seu jogo em prática diante de um Corinthians que sufocava, perseguia e pressionava a todo momento. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

É verdade que o Palmeiras cresceu de produção no início do segundo tempo quando Arthur Elias sacou Diany e mandou Jaqueline para o jogo. Camilinha e Chú desperdiçaram oportunidades claras e de deixar as Palestrinas numa situação um pouco mais confortável na Neo Química Arena. No entanto, a partir do momento em que o Corinthians se acertou em campo, essa reação alviverde acabou e os problemas dos primeiros 45 minutos retornaram ainda mais evidentes. Gabi Zanotti formou dupla com Salazar na “volância”, Jaqueline se mandou para o ataque e Tamires virou muito mais uma “camisa 10” do que propriamente uma ponta pela esquerda. A construção da jogada do terceiro gol corintiano prova bem isso. A capitã do Timão carrega a bola e espera Yasmim fazer a ultrapassagem no espaço que Bruna Calderan não fecha. O cruzamento sai perfeito e preciso e Jaqueline subiu com estilo para fechar o placar.

Com Jaqueline em campo, o Corinthians se organizou numa espécie de 4-3-3 com Tamires mais próxima de Gabi Zanotti e abrindo o corredor para as subidas de Yasmim. Foi dela o cruzamento de manuel para Jaqueline acertar belíssima cabeçada no canto direito de Jully. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

A verdade é que o Corinthians inicia a temporada de 2022 exatamente como terminou a do ano passado: com vitórias convincentes e ótimas atuações coletivas. Por mais que a temporada esteja no início, eu e você já temos a certeza de que será muito difícil bater o time de Arthur Elias por conta de todo o trabalho realizado há bastante tempo e pela maneira como cada jogadora assimilou seus conceitos. É um processo já consolidado. Bem diferente do cenário que Hoffmann Túlio encontrou no Palmeiras. Bia Zaneratto, Andressinha, Day Silva, Sochor, Sâmia e Byanca Brasil podem somar muito num elenco já bastante qualificado, mas todo o entrosamento e o processo de adaptação entre as jogadoras e comissão técnica ainda precisa de tempo e paciência de todos para acontecer de verdade e para dar resultado em campo. Na prática, é um trabalho iniciado do zero. Sem exagero de parte alguma.

O primeiro Derby do ano teve todo um contexto diferenciado e isso precisa ser levado em consideração. Por outro lado, ver o Corinthians de Arthur Elias em campo sempre abre um sorriso no rosto deste que escreve. Não somente pelo resultado em si, mas pela maneira como as jogadoras desfrutam de cada momento das partidas que disputam. É uma característica de todo grande time da história deste velho e rude esporte bretão. E com esse cada vez mais histórico e poderoso Timão não poderia ser diferente.

PUBLICIDADE

CONFIRA OUTRAS ANÁLISES DA COLUNA PAPO TÁTICO:

Flamengo supera a ESMAC sem muitos problemas, mas primeiro jogo do ano não pode servir de parâmetro; entenda

Grêmio supera o Cruzeiro em jogo marcado pela falta de entrosamento e pela imposição de estilos

Internacional sofre com a arbitragem e com a própria falta de efetividade na derrota para o Real Brasília

PUBLICIDADE

Al Ahly apresenta suas armas e mostra que está muito longe de ser considerado “apenas” uma surpresa