Home Extracampo Copa do Mundo: delator de situação trabalhista no Catar foi torturado, diz a família

Copa do Mundo: delator de situação trabalhista no Catar foi torturado, diz a família

Homem trabalhou na construção do Estádio Cidade da Educação; organização humanitária diz que jordaniano sofreu tortura na prisão

Bruno Bravo Duarte
Bruno Bravo Duarte é um jornalista que atua como editor, redator e repórter há mais de dez anos. Formado em Comunicação Social com habilitação em jornalismo pela Universidade Estácio de Sá em 2004, teve passagens por EQI Investimentos, Naspistas.com, Jornal Povo, Jornal do Rock e Niterói TV. Atualmente no Torcedores.com

O jordaniano Abdullah Ilbahis pode ter sido torturado durante as obras dos estádios da Copa do Mundo, no Catar. De acordo com a família do homem, Abdullah sofreu agressões na prisão pouco antes do início do Mundial. O cidadão foi detido em 2019 e cumpre pena de três anos por ter denunciado os maus tratos aos trabalhadores, em especial os imigrantes.

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Segundo a organização FairSquare, que luta por direitos humanos, Ilbahis escreveu uma carta e citou como é o seu tratamento no sistema carcerário catari. O homem ficou detido por quatro dias em uma cela, que só contava com um buraco, que era utilizado como banheiro. Para agravar a situação, o espaço era propositalmente refrigerado, para que Ilbahis sentisse frio e desconforto enquanto estive no local.

O governo do Catar alegou que a detenção está associada à possíveis fraudes, associadas a produção de conteúdo do torneio nas redes sociais. O jordaniano, que também trabalha com gerenciamento de páginas na internet, teria entrado em contato com a Fifa para denunciar as condições trabalhistas, porém não obteve uma resposta da entidade.

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A FairSquare solicitou auxílio para ONU, no intuito de tentar libertar o homem da prisão. Segundo a organização, Abdullah Ilbahis não teve um julgamento imparcial e ainda foi obrigado a confessar um crime.

Sobre o caso

O jordaniano foi entrevistado em um documentário sobre as obras do mundial do Catar, em 2019. Na ocasião, Ilbahis teceu críticas ao Comitê Organizador da Copa, que tentava negar um possível movimento popular contra as condições trabalhistas nas arenas do torneio.

De acordo com o detento, cerca de 300 trabalhadores do Estádio Cidade da Educação ficaram sem receber por quatro meses e trabalhavam sem acesso à água potável.

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A lei do Catar tende a beneficiar os empregadores locais. Um imigrante só pode residir e trabalhar no país caso tenha uma recomendação de um cidadão nativo. Desta forma, o questionamento relacionado a ausência de salários ou a maus-tratos com estrangeiros são ignorados pelas autoridades.

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