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Arthur Elias convoca a Seleção Feminina em meio à busca por soluções rápidas

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a lista de convocadas para a disputa da Copa Ouro da CONCACAF

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.
Arthur Elias convoca a Seleção Feminina em meio à busca por soluções rápidas

Leandro Lopes / CBF

O técnico Arthur Elias divulgou a lista de convocadas da Seleção Feminina para a disputa da Copa Ouro da CONCACAF. Além da oportunidade dada a sete jogadoras que ainda não haviam sido chamadas nesse ciclo, chama a atenção a ausência das veteranas Tamires, Marta e Cristiane. Mas não do jeito que você pensa.

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O anúncio das vinte e três atletas convocadas nesta quinta-feira (1) e as respostas dadas na entrevista coletiva indicam a busca de soluções rápidas. Vale lembrar que o Brasil apresentou uma série de problemas coletivos nas partidas contra Canadá, Japão e Nicarágua e que a mudança brusca na filosofia de jogo e a falta de tempo de adaptação pode ser uma das explicações pelo desempenho ruim da equipe comandada por Arthur Elias.

No entanto, vale lembrar também que algumas jogadoras (principalmente as mais veteranas) sentiram demais a intensidade pedida pelo treinador da Seleção Feminina. A chance dada para sete “novatas” nesse ciclo também aponta nessa direção. Arthur Elias quer soluções. O quanto antes.

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Será que esse era o momento certo para testes na Seleção Feminina?

O grupo chamado nesta quinta-feira (1) algumas peculiaridades interessantes. Este que escreve não deve ter sido o único a coçar a cabeça quando ouviu Arthur Elias chamar APENAS duas laterais. No entanto, analisando com mais calma, já se sabe que a lista traz nomes que podem exercer mais de uma função em campo. E esse parece o caminho que o treinador da Seleção Feminina deseja seguir. A lista de convocadas é a seguinte:

GOLEIRAS => Amanda (Fluminense), Letícia (Corinthians) e Luciana (Ferroviária)
LATERAIS => Bia Menezes (São Paulo) e Yasmim (Corinthians)
ZAGUEIRAS => Antônia (Levante/ESP), Lauren (Kansas City Current/EUA), Rafaelle (Orlando Pride/EUA), Tarciane (Corinthians) e Thaís Ferreira (Tenerife/ESP)
MEIO-CAMPISTAS => Aline Milene (São Paulo), Ary Borges (Racing Louisville/EUA), Duda Sampaio (Corinthians), Julia Bianchi (Chicado Red Stars/EUA) e Vitória Yaya (Corinthians)
ATACANTES => Adriana (Orlando Pride/EUA), Aline Gomes (Ferroviária), Bia Zaneratto (Kansas City Current/EUA), Debinha (Kansas City Current/EUA), Duda Santos (Ferroviária), Gabi Nunes (Madrid CFF/ESP), Gabi Portilho (Corinthians) e Geyse (Manchester United/ING)

Antônia, Júlia Bianchi e Thaís Ferreira são algumas dessas jogadoras que podemos chamar de “polivalentes”, isto é, que exercem mais de uma função em campo. A questão mais problemática aqui está na escolha dos nomes e no momento destes testes. Se o critério é “merecimento” e “desempenho”, a ausência de Nycole Raysla, atacante do Benfica que vem em grande fase e que sabe jogar em várias posições do setor ofensivo, não faz o menor sentido.

Também é dificil entender a presença de veteranas como Rafaelle, Debinha e Bia Zaneratto no meio de uma lista considerada “aberta” para testes pelo próprio Arthur Elias. Lembrem-se de que a Copa Ouro da CONCACAF vai reunir as jogadoras por vinte e três dias. Diante disso, por que não abrir ainda mais o leque e testar outros nomes? Ou se realiza testes em várias posições, ou se mantém o grupo que vinha sendo convocado.

Analisando os problemas coletivos da Seleção Feminina

A grande questão que fica para este que escreve está na busca de Arthur Elias por soluções rápidas dentro daquilo que ele pensa e defende para suas equipes. Quem acompanha o treinador da Seleção Feminina sabe que ele tem predileção por um jogo ofensivo e intenso nas trocas de passe. No entanto, a linha alta de marcação também abre espaços às costas da defesa e entre as linhas da equipe. Esse tem sido um dos grandes problemas da equipe brasileira.

A Seleção Feminina sofre com os espaços entrelinhas e às costas da última linha defensiva. Foto: Reprodução / TV Globo
A Seleção Feminina sofre com os espaços entrelinhas e às costas da última linha defensiva. Foto: Reprodução / TV Globo

Outro ponto que merece destaque é a sobrecarga em cima das volantes por conta do 3-4-3 escolhido por Arthur Elias. A formação exige demais de quem está no meio-campo na criação das jogadas e na recomposição, já que o ataque tem contado com jogadoras mais pesadas. Além disso, as alas também precisam percorrer grandes distâncias para fechar a última linha. Não é por acaso que o Brasil sofre demais para controlar a profundidade quando é atacado.

O 3-4-3 escolhido por Arthur Elias sobrecarrega as volantes e deixa espaços na defesa. Foto: Reprodução / SPORTV / GE
O 3-4-3 escolhido por Arthur Elias sobrecarrega as volantes e deixa espaços na defesa. Foto: Reprodução / SPORTV / GE

Diante do que se viu nas partidas contra Canadá e Japão, Arthur Elias fez algumas pequenas adaptações na Seleção Feminina. A mais significativa foi a presença de Marta fugindo da marcação adversária para que as alas Tamires e Eudmilla pudessem ter espaço para se juntar a Gabi Nunes e Bia Zaneratto. Um 3-4-1-2 que lembrava até um 3-5-2 por conta do posicionamento da nossa Rainha, mas que encontrou dificuldades para criar.

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Marta jogou mais recuada no 3-4-1-2 utilizado pela Seleção Feminina na goleada sobre a Nicarágua. Foto: Reprodução / SPORTV
Marta jogou mais recuada no 3-4-1-2 utilizado pela Seleção Feminina na goleada sobre a Nicarágua. Foto: Reprodução / SPORTV

Este que escreve sente falta de um jogo mais centralizado e que não dependa tanto das alas e pontas brasileiras. As inversões para um 2-3-5 ou um 3-2-5 quando se tem a posse da bola são muito úteis DESDE QUE a equipe saiba o que fazer. E esse não parece ser o caso. Ainda mais com os constantes (e irritantes) erros nas tomadas de decisão que eu e você vimos nas ultimas cinco partidas da Seleção Feminina no ano passado.

E o que esperar da equipe na Copa Ouro da CONCACAF?

O desejo de Arthur Elias em abrir o leque de opções é louvável e pode ser muito proveitoso para sua equipe. No entanto, conforme já mencionado, o momento que a Copa Ouro da CONCACAF vai proporcionar seria mais útil para que a assimilação dos conceitos do treinador da Seleção Feminina com o grupo que com certeza deve ganhar vagas nos Jogos Olímpicos de Paris 2024. Este que escreve não acredita, por exemplo, que alguma das novatas vá tomar o lugar de alguma das veteranas.

Seja como for, a lista divulgada na quinta-feira (1) segue mais do mesmo do que eu e você vimos das últimas convocações. Existe sim uma busca por soluções e essa deve ser a tônica nessa próxima Data-FIFA. Este que escreve só fica imaginando como estariam as redes sociais e a imprensa esportiva se essa mesma lista fosse divulgada por uma certa treinadora sueca…