Home Futebol Com força ofensiva e organização, Alemanha reforça desejo de deixar a má fase no passado

Com força ofensiva e organização, Alemanha reforça desejo de deixar a má fase no passado

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as atuações da “Nationalelf” na Data-FIFA de março e as ideias de Julian Nagelsmann

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.
Com força ofensiva e organização, Alemanha reforça desejo de deixar a má fase no passado

A Alemanha venceu a Holanda por dois a um em Frankfurt. Foto: Reprodução / X / DFB-Team

Desde que este que escreve se entende por amante do futebol, a Alemanha sempre apareceu no grupo das seleções favoritas a qualquer título. No entanto, as eliminações na fase de grupos das duas últimas Copas do Mundo e nas oitavas de final da última Eurocopa deixaram o torcedor meio desconfiado com relação à “Nationalelf”.

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Por outro lado, as atuações da equipe comandada por Julian Nagelsmann nas vitórias sobre a França e a Holanda nessa última Data-FIFA contrastam com a campanha ruim nas competições internacionais (e também com os resultados do ano passado). A equipe sem ideias e sem brilho dos últimos meses deu lugar à Alemanha que eu e você conhecemos bem: um time consistente, organizado, frio, calculista ao extremo e que dificilmente se abala. E isso sem falar na nova e altamente promissora geração da “Nationalelf”.

É óbvio que as duas primeiras partidas da Alemanha em 2024 são um recorte pequeno para análises mais profundas. Mesmo assim, vencer seleções como França e Holanda e apresentando bom desempenho dentro é um alento e tanto para o futuro. Ainda mais com a oportunidade de conquistar a Eurocopa novamente depois de 28 anos.

Os conceitos trabalhados por Julian Nagelsmann na “Nationalelf”

A virada sobre a Holanda em Frankfurt é um bom exemplo do ponto central dessa análise. Mesmo depois de levar o gol de Veerman aos três minutos de partida, a Alemanha manteve a calma e o foco no plano de jogo. Com a posse da bola, a equipe germânica jogava numa espécie de 3-2-5 para tirar a superioridade numérica do seu adversário. Vale destacar aqui a movimentação do jovem Musiala e o posicionamento de Gündogan, que jogou quase como um “camisa 10”.

Uma das formações ofensivas da Alemanha
Musiala recua por dentro e Gündogan ataca as costas da última linha. A Alemanha tentou criar superioridade numérica no ataque. Foto: Reprodução / SPORTV

A “Nationalelf” mantinha o nível de intensidade na estratosfera e concedia pouco espaço para a Holanda. Por mais que Julian Nagelsmann ainda precisa fazer alguns ajustes na recomposição defensiva, o escrete germânico se comportou bem. O retorno de Toni Kroos e a experiência de Thomas Müller somados com a dinâmica implementada por Musiala, Andrich, Mittelstädt (autor do gol de empate) e Kimmich (que jogou na lateral) elevaram bastante o nível da Alemanha.

Outra formação ofensiva da Alemanha
Kroos volta ao time e Mittelstädt parte por dentro enquanto o quarteto ofensivo abre espaço para a infiltração do lateral. Foto: Reprodução / SPORTV

A diferença de tempos não tão longínquos assim é que agora vemos uma Alemanha mais próxima dos times dos anos 1990. Um time mais letal e mais direto nas suas ações ofensivas. O golaço-relâmpago de Florian Wirtz contra a França mostra isso com clareza. O 4-2-3-1 que vira um 4-2-4 dependendo da movimentação dos pontas que cortam para dentro e acham o espaço às costas dos volantes adversários foi fatal contra os atuais vice-campeões mundiais em Lyon.

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Gol-relâmpago de Florian Wirtz contra a França
A Alemanha dá a saída, Toni Kroos recebe e lança Florian Wirtz atrás de Tchouaméni, Rabiot e Zaïre-Emery. Foto: Reprodução / YouTube / Germany Football

As vitórias sobre Holanda e França não deixam de ser ótimos resultados diante do passado recente da “Nationalelf”. Além disso, nomes mais jovens como Musiala e Florian Wirtz são a renovação tão pedida na Alemanha nesses últimos anos. Não que a geração de Toni Kroos, Manuel Neuer, Thomas Müller e companhia tenha deixado de entregar desempenho. Mas fato é que essa mescla entre juventude e experiência era algo que faltava na equipe tetracampeã mundial.

E o que esperar da Alemanha na Eurocopa 2024?

Anfitriã da próxima Eurocopa, a Alemanha precisa vencer a desconfiança do seu torcedor antes mesmo de superar seus adversários. O escrete germânico está num grupo “acessível” com Escócia, Hungria e Suíça e tem plenas condições de se classificar para as oitavas de final em boas condições. No entanto, o passado recente nos mostra que as coisas não funcionaram bem para a equipe mesmo em grupos considerados menos complicados do que o normal.

Deixar esse passado para trás também é uma das tarefas de Julian Nagelsmann. Por outro lado, a união de experiência e juventude pode ser incrivelmente útil para a “Nationalelf” na quebra do jejum de 28 anos. Só que a pressão interna por bons resultados pode ser um adversário ainda mais forte do que algumas das seleções mais fortes do continente.