Home Futebol Afinal de contas, qual é a versão do Palmeiras que vai estrear na Libertadores?

Afinal de contas, qual é a versão do Palmeiras que vai estrear na Libertadores?

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a derrota para o Santos e as opções de Abel Ferreira às vésperas do jogo do Verdão contra o San Lorenzo no torneio sul-americano

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.
Afinal de contas, qual é a versão do Palmeiras que vai estrear na Libertadores?

O Palmeiras sofreu a sua primeira derrota no ano diante do Santos na Vila Belmiro. Foto: Fabio Menotti / SE Palmeiras

Um certo colega de redação afirmou que “o Santos entrou em campo para disputar uma final e o Palmeiras apenas disputava um jogo de meio de tabela”. Analisando friamente, o jogo de ida da final do Paulistão pode sim ser resumido dessa forma. Ainda que o time de Abel Ferreira tenha melhorado depois da metade da segunda etapa.

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No entanto, o ponto central desta humilde análise é outro. Este que escreve já havia levantado essa bola na vitória sobre o Novorizontino nas semifinais da competição.

A grande dúvida aqui é saber qual será a “versão” do atual bicampeão brasileiro que vai estrear na Libertadores e fazer o jogo de volta contra o Santos. Afinal de contas, não é a primeira vez que vemos um Palmeiras passivo e inerte em um tempo, enquanto apresenta uma faceta mais intensa e ligada em outro.

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É óbvio que essa pergunta pode ser respondida de várias maneiras. Primeiro, não podemos tirar o mérito dos comandados de Fábio Carille na partida do último domingo (31).

Por outro lado, eu e você sabemos bem que esse Palmeiras pode (e deve) jogar mais e melhor do que vem jogando. Ou pelo menos melhorar a postura dentro de campo.

Palmeiras demora para engrenar e Santos se impõe na Vila Belmiro

Não era novidade pra ninguém que o Verdão encontraria uma atmosfera extremamente hostil na Vila Belmiro. No entanto, além da torcida rival, a equipe alviverde se deparou com um adversário muito competitivo e organizado.

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Abel Ferreira manteve o 3-4-2-1 das semifinais contra o Novorizontino, mas viu o Peixe se impor no 4-2-3-1/4-2-4 costumeiro de Fábio Carille. A defesa teve dificuldades para conter Guilherme, Giuliano e companhia.

Formação defensiva do Palmeiras
Mayke e Piquerez voltam pelos lados e o Palmeiras se fecha num 5-3-2. A equipe de Abel Ferreira sofreu diante do Santos na Vila Belmiro. Foto: Reprodução / YouTube / Paulistão

A passividade do Palmeiras se refletia também nas escapadas no ataque. Raphael Veiga passou a maior parte do tempo escondido no lado esquerdo de ataque. Endrick ficou encaixotado na direita junto com Mayke.

Os volantes Aníbal Moreno e Zé Rafael pareciam sobrecarregados na contenção do meio-campo (principalmente quando Diego Pituca e João Schmidt saltava para a pressão). Faltava ao time de Abel Ferreira uma postura mais competitiva e concentrada.

Formação ofensiva do Palmeiras
O Palmeiras pouco fez para furar o eficiente bloqueio defensivo do Santos no primeiro tempo. Endrick e Mayke foram encaixotados na direita. Foto: Reprodução / YouTube / Paulistão

Na segunda etapa, Abel Ferreira manteve o time que iniciou a partida e viu o Santos construir um belo gol através de uma bola interceptada pela defesa e uma virada de jogo precisa de JP Chermont para Guilherme.

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Do drible em cima de Marcos Rocha até o cruzamento que encontrou Otero aparecendo às costas de Piquerez, o lance do gol do Peixe escancarou essa postura mais desatenta e passiva do Palmeiras. E o preço a ser pago foi bem alto.

Lance do gol do Santos
Guilherme escapa pela esquerda e faz toda a jogada do gol de Otero. O Palmeiras pagou caro pela passividade e pela desatenção no lance. Foto: Reprodução / YouTube / Paulistão

Além da atitude mais frouxa em uma decisão, o Palmeiras também se mostrava desorganizado e insistindo demais nos lançamentos longos buscando Piquerez, Mayke e Endrick.

A estratégia equivocada praticamente consagrou Diego Pituca, João Schmidt e a dupla de zaga formada por Joaquim e Gil (que atuaram em posições invertidas no clássico). Difícil compreender como um time conhecido por sua consistência vem devendo tanto em termos de desempenho.

Há uma luz no final do túnel?

A resposta é sim. E essa luz no fim do túnel apareceu depois das entradas de Lázaro, Richard Ríos, Rony e Vanderlan nos lugares de Endrick, Flaco López, Zé Rafael e Piquerez.

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Abel Ferreira abandonou o esquema com três zagueiros e apostou num 4-3-3 altamente ofensivo, vertical e que povoava bem os lados do campo. A equipe ficou mais agressiva e só não empatou a partida porque João Paulo fez defesas incríveis em chutes de Rony, Lázaro e Marcos Rocha.

Formação ofensiva do Palmeiras no final da partida contra o Santos
O Palmeiras recuperou a consistência com as entradas de Lázaro, Richard Ríos, Rony e Vanderlan, e a mudança do 3-4-2-1 para um 4-3-3 mais veloz. Foto: Reprodução / YouTube / Paulistão

A questão aqui é entender como o Verdão pode melhorar seu desempenho e ganhar mais regularidade. Este que escreve entende que o cansaço existe e que a reta final dos estaduais misturado com o início da Libertadores exige muito da força mental de qualquer equipe. Mas lembrem que estamos falando de um time que já surpreendeu muita gente.

Para o torcedor alviverde, a boa notícia é que Abel Ferreira vem encontrando soluções dentro do próprio elenco. Resta saber apenas qual “versão” do Palmeiras vai encarar o San Lorenzo na Argentina na quarta-feira (3) e o Santos no Allianz Parque no domingo (7).

Será o time passivo e desatento do primeiro tempo contra Santos e Novorizontino? Ou será a equipe vertical e intensa que encerrou as duas partidas? A resposta será dada unicamente dentro de campo, meus consagrados.

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