Home Futebol Classificação do Atlético-MG não veio, mas esquema com três zagueiros pode indicar caminho interessante para Dudamel

Classificação do Atlético-MG não veio, mas esquema com três zagueiros pode indicar caminho interessante para Dudamel

Galo fez boa partida, mas esbarra no nervosismo e não consegue tirar vantagem do Unión Santa Fe na Copa Sul-Americana; gols do Atlético-MG foram marcados por Otero e Hyoran ainda na primeira etapa

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Até mesmo o torcedor mais otimista da Arena Independência sabia que a missão do Atlético-MG não era nada fácil. Os comandados de Rafael Dudamel precisavam tirar uma vantagem de três gols do Unión Santa Fe nesta quinta-feira (20). O time teve garra, lutou bastante, mas a vitória por 2 a 0 não foi suficiente e o Galo acabou eliminado da Copa Sul-Americana logo na sua primeira fase. No entanto, existem derrotas que ensinam muito mais do que a grande maioria das vitórias. A aposta de Dudamel para tentar o milagre no Horto foi um 3-1-4-2 que soltava os alas para o ataque e defendia com uma linha de cinco jogadores à frente da área atleticana. Tivemos vários momentos na partida em que a equipe se comportou bem nessa disposição tática, aproximando os jogadores e abrindo bem o campo com as descidas de Guga e Guilherme Arana. É, sem dúvida, uma estratégia que indica um caminho interessante para o restante de temporada do Atlético-MG.

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O esquema com três zagueiros não é novidade no Atlético-MG (clique aqui para relembrar). Ele já foi usado com Rodrigo Santana na temporada passada com relativo sucesso congestionar a intermediária defensiva e dar mais consistência ao setor. A estratégia de Dudamel, no entanto, tinha um outro objetivo: liberar os alas para encostar na dupla de ataque formada por Di Santo e Otero (o melhor do Galo enquanto teve fôlego) e dar opção de passe para Hyoran e Nathan no meio-campo. Com a posse de bola, Guga e Guilherme Arana se lançavam ao ataque como pontas à moda antiga e também participavam da construção das jogadas. Nos momentos em que o Unión Santa Fe tinha a posse da bola, os alas se alinhavam a Igor Rabello, Réver e Gabriel na variação do 3-1-4-2 para um 5-3-2 bem compactado. À frente da zaga, o volante Jair também ajudava saída de bola com bom passe. Os gols de Otero (em belíssima cobrança de falta) e Hyoran davam a impressão de que o Galo conseguiria o milagre.

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Linha de cinco à frente da área do Atlético-MG. Guga e Guilherme Arana fechavam os lados do campo, Jair protegia a zaga e Otero se posicionava para receber a bola roubada e iniciar os contra-ataques em alta velocidade. Foto: Reprodução / DAZN

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O grande problema desse desenho tático é que ele exige muito dos jogadores. Principalmente de quem joga pelas alas. Enquanto teve fôlego para manter a intensidade nas transições, o Atlético-MG foi superior ao Unión Santa Fe. De acordo com o SofaScore, o Galo teve 71% de posse bola em toda a partida, mas finalizou relativamente pouco ao gol de Moyano (o melhor da equipe argentina em campo). Foram apenas cinco finalizações na direção do gol contra três do adversário. O Galo tinha a bola, controlava as ações, mas pecou pela falta de movimentação para abrir espaços no ataque e para bagunçar a defesa do Unión Santa Fe, que se fechava num 4-5-1 bem definido e saía em alta velocidade quando recuperava a bola. Ao mesmo tempo, Otero sentiu a falta de ritmo e deixou o jogo aos 23 minutos da segunda etapa. Com isso, o Atlético-MG acabou perdendo muita força nas jogadas de bola parada e acabou apelando para os cruzamentos e ligações diretas. O tão esperado milagre na Copa Sul-Americana não veio.

Enquanto teve fôlego, Otero comandou as ações do time do Atlético-MG circulando por todo o campo e abrindo espaços a partir do lado esquerdo. Sem velocidade nas transições, o Galo acabou apelando para as ligações diretas e para os cruzamentos na área. Foto: Reprodução / DAZN

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Apesar da bronca do torcedor, a eliminação logo na primeira fase da Copa Sul-Americana indica que o time do Atlético-MG ainda está em formação e que Rafael Dudamel ainda precisa de tempo. O discurso pode ser batido, mas é a mais pura realidade. Mas já é possível dizer que o treinador venezuelano encontrou o desenho tático que mais se adapta às características dos seus jogadores. Ainda mais com a possibilidade de renovação com o equatoriano Cazares e o retorno de Diego Tardelli ao clube. Dudamel começa a ganhar opções bastante interessantes para montar o escrete atleticano em cima dessa espinha dorsal. Zagueiros construtores (Igor Rabello e Gabriel estiveram bem nesse quesito), meio-campo brigador e leve (destaque para Hyoran e Jair), alas rápidos no apoio (Guga e Guilherme Arana) e jogadores rápidos se movimentando a partir da referência no ataque (Di Santo). Nomes que podem ser Otero, Tardelli ou até mesmo Cazares.

A pressão sobre Dudamel deve aumentar consideravelmente nos próximos dias após a eliminação precoce na Copa Sul-Americana. Mas há males que vem para o bem. O treinador venezuelano pode ter encontrado a formação ideal para o Atlético-MG. Agora, é colocar tudo em prática e retomar o caminho das vitórias.

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