Home Futebol Massacre sobre o Olimpia é o resultado de um Internacional cada vez mais acostumado e adaptado ao “jogo de posição”

Massacre sobre o Olimpia é o resultado de um Internacional cada vez mais acostumado e adaptado ao “jogo de posição”

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a goleada do time comandado por Miguel Ángel Ramírez sobre o Rey de Copas nesta quarta-feira (5)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Quem acompanha a coluna PAPO TÁTICO aqui no TORCEDORES.COM já deve ter percebido que este que escreve é um dos mais árduos defensores do chamado “jogo de posição”. Essa maneira de se pensar o futebol já foi explicada mais de uma vez numa série de reportagens que podem ser relembradas aqui. Você também já leu aqui que todo novo sistema e estratégia demanda um certo tempo para ser assimilada pelos jogadores de qualquer clube. Não é e nunca foi algo automático. Prova disso é o Internacional de Miguel Ángel Ramírez. Mais do que a surra em cima de um fragilizado e desorganizado Olimpia, o que fica da partida é a maneira como os jogadores vêm assimilando e se adaptando ao “jogo de posição” proposto e defendido pelo treinador espanhol. Os movimentos estão ficando cada vez mais naturais e a equipe colorada joga com muito mais fluidez com e sem a bola. Grande noite do Internacional na Libertadores.

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Talvez a grande sacada de Miguel Ángel Ramírez tenha sido o posicionamento de Taison ao lado de Edenílson no 4-3-3 preferido do técnico espanhol. Por mais que o Internacional tenha feito um primeiro tempo apenas razoável, é preciso dizer que a equipe criou inúmeras chances e controlou todas as ações desde o começo da partida do Beira-Rio. O camisa 10 mostrou muita desenvoltura saindo da esquerda e vindo jogar mais por dentro, dando mais velocidade na circulação da bola e acionando seus companheiros de equipe com muita inteligência. Vale lembrar, inclusive, que Taison desempenhou essa função várias vezes nos seus oito anos no Shakhtar Donetsk. Apesar do volume de jogo, no entanto, faltou um pouco de agressividade e contundência perto da área do Olimpia nos primeiros 45 minutos. Mesmo assim, é difícil não conluir que o que vem se desenhando no Internacional é algo bastante promissor a longo prazo.

Olimpia vs Internacional - Football tactics and formations

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Taison saiu do lado esquerdo e foi jogar por dentro no 4-3-3 de Miguel Ángel Ramírez. O camisa 10 foi a grande novidade de um Internacional intenso, insinuante e muito organizado. A impressão que fica é que toda a equipe parece estar assimilando muito bem os conceitos do “jogo de posição”.

O gol marcado por Victor Cuesta após cobrança de escanteio da direita (marcado aos 28 minutos do primeiro tempo) ajudou a acalmar um pouco o escrete colorado. O que faltava era encaixar os contra-ataques. E é nesse momento que o “jogo de posição” pôde ser melhor observado no Beira-Rio. Maurício abria o campo para liberar espaço de infiltração para o meia que vem mais pelo lado esquerdo. Já Marcos Guilherme saía da direita para o centro para abrir o corredor para Rodinei chegar na linha de fundo. Ao mesmo tempo, Thiago Galhardo abria espaços na defesa do Olimpia com muita movimentação. Aliás, esse é um dos princípios do “jogo de posição”: atrair o adversário, fixar ou prender os marcadores num setor, arrastar esse marcador e levá-lo para outro lugar do campo e encontrar o “homem livre”. Foi assim que o Internacional construiu pelo menos quatro dos seis gols marcados sobre o Olimpia.

Por mais que o Olimpia tenha facilitado demais a vida do escrete comandado por Miguel Ángel Ramírez, e preciso dizer que o Internacional já se movimenta com muito mais naturalidade e fluidez. É como se toda a equipe já estivesse muito mais adaptada ao “jogo de posição” que, como já foi dito anteriormente, precisa de tempo e paciência para ser implementado por completo. Aliás, os dois gols marcados por Thiago Galhardo na goleada sobre o Olimpia foram o resumo perfeito da movimentação e intensidade que essa forma de se pensar o futebol exige. Nem mesmo as cinco mexidas promovidas por Miguel Ángel Ramírez diminuíram o ritmo do Internacional. Praxedes, Caio Vidal e Yuri Alberto entraram ligados e mantiveram a intensidade facilmente percebida na equipe colorada. É verdade que Rodrigo Dourado cometeu pênalti tolo no final da partida. Mas nem isso diminui o tamanho da atuação do escrete colorado.

Internacional vs Olimpia - Football tactics and formations

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Praxedes, Caio Vidal e Yuri Alberto entraram muito bem na partida e mantiveram o ritmo intenso do Internacional. O técnico Sergio Ortemán ainda tentou organizar o Olimpia num 4-4-2 com Recalde jogando próximo do veterano Roque Santa Cruz, mas apenas facilitou a vida do escrete de Miguel Ángel Ramírez.

É óbvio que o Internacional ainda precisa de ajustes em todos os setores. Sempre que a equipe paraguaia forçou o erro na saída de bola, o escrete de Migue Ángel Ramírez encontrou alguns problemas. Principalmente Rodrigo Dourado, jogador que apresentou algumas dificuldades no posicionamento corporal sempre que recebia a bola sendo pressionado pelos atacantes adversários. Por outro lado, como já foi dito anteriormente, o “jogo de posição” precisa de tempo para ser assimilado e bem compreendido. O Internacional vem mostrando uma adaptação rápida ao “jogo de posição”. E nesse ponto, a chegada de Taison vem sendo importantíssima para dar mais fluidez nas transições junto com a polivalência de Edenílson. O futuro retorno de Patrick ao lado esquerdo de ataque pode dar ainda mais consistência para uma equipe que tem todas as condições de brigar por coisas grandes nessa temporada.

Difícil não concluir que esse time do Internacional vai ficar muito interessante daqui a algum tempo. Não somente pelos conceitos bem aplicados e executados do “jogo de posição”, mas pela rapidez com que os jogadores colorados vêm assimilando tudo. Por mais que a derrota para o Always Ready na rodada de abertura da Libertadores da América tenha sido frustrante, a goleada sobre o Olimpia deixa a certeza de que o time de Miguel Ángel Ramírez está se transformando num oponente muito difícil de ser batido.

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