Home Futebol Vitória sobre o Chile nos apresenta uma Seleção Brasileira mais madura e muito mais inteligente; entenda

Vitória sobre o Chile nos apresenta uma Seleção Brasileira mais madura e muito mais inteligente; entenda

Luiz Ferreira analisa as escolhas de Tite e a classificação do Brasil para as semifinais da Copa América na coluna PAPO TÁTICO

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

É possível dizer sem nenhum medo de errar que a vitória por 1 a 0 sobre o Chile em partida disputada nesta sexta-feira (2), no Estádio Nilton Santos, nos apresentou uma Seleção Brasileira mais madura, mais concentrada e muito mais inteligente para superar as adversidades e conquistar a classificação para a semifinal da Copa América. Principalmente no segundo tempo, quando Gabriel Jesus levou um cartão vermelho infantil (e correto) e deixou sua equipe jogando com um a menos por quase 50 minutos. Esse contexto completamente contrário ao escrete canarinho foi respondido com muita organização defensiva e as grandes atuações de Casemiro (o melhor em campo disparado na opinião deste que escreve), Ederson, Neymar e Lucas Paquetá (autor do único gol da partida). Tite, por sua vez, mostrou mais uma vez que tem o grupo na mão e que todos compraram suas ideias na Seleção Brasileira.

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O primeiro tempo foi marcado pelo equilíbrio e pela boa organização do Chile no campo ofensivo. Armado num 5-3-2 de muita compactação defensiva e bastante velocidade por Martín Lasarte, “La Roja” (que jogou de branco) pressionavam a saída de bola da equipe comandada por Tite e levavam certo perigo ao gol de Ederson. Aos poucos, a Seleção Brasileira foi se encontrando no 4-4-2/4-2-4 já costumeiro e contou com a aplicação tática de Gabriel Jesus e Richarlison na perseguição aos alas Mena e Isla. Consequentemente, os espaços foram aparecendo na mesma medida em que o time fazia a bola circular na frente da área com mais rapidez e mais mobilidade do quarteto ofensivo. Mas tudo era feito se que o sistema defensivo ficasse desprotegido. Renan Lodi, conhecido pelo apoio ao ataque, foi muito mais prudente no apoio. Neymar distribuía bem o jogo e Casemiro tomava conta do meio-campo.

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A Seleção Brasileira teve certas dificuldades para conter o ímpeto do Chile no início da primeira etapa. O quarteto ofensivo formado por Neymar, Firmino, Richarlison e Gabriel Jesus acelerou mais as jogadas e os espaços foram aparecendo. Foto: Reprodução / YouTube / Copa América

É interessante notar que, embora Renan Lodi não apoiasse tanto o ataque, Tite pedia que Danilo se juntasse a Firmino e Gabriel Jesus no lado direito e arriscasse algumas subidas. Tudo para empurrar a linha de cinco defensores do Chile para trás e criar ainda mais espaços para a circulação do quarteto ofensivo. A entrada de Lucas Paquetá após o intervalo, no entanto, mudava um pouco a característica da Seleção Brasileira. Não somente por liberar Neymar das obrigações defensivas e posicioná-lo como uma espécie de “nove de movimentação” na frente da zaga chilena, mas para que existisse um elo entre ataque e meio-campo mais descansado. Na prática, o 4-4-2 dava lugar a 4-3-3. Logo no primeiro minutos do segundo tempo, Fred recebeu no lado esquerdo e passou para Casemiro que mandou de primeira para o camisa 17 tabelar com Neymar, vencer a marcação e fazer o único gol da partida.

A entrada de Lucas Paquetá deixou a Seleção Brasileira jogando em algo mais próximo de um 4-3-3 com as já conhecidas inversões para um 3-2-5 quando a equipe a posse de bola. Tudo para empurrar a zaga chilena para trás e abrir mais espaços na frente da área. Foto: Reprodução / YouTube / Copa América

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Dois minutos depois de abrir o placar, Gabriel Jesus levou um cartão vermelho justo (e tolo) depois de levantar demais a perna e acertar o rosto de Mena. O contexto favorável à Seleção Brasileira caía por terra e o Chile, com um jogador a mais e muito volume de jogo, passou a ocupar mais o campo de ataque. Foi a senha para Tite organizar sua equipe numa espécie de 4-4-1 com Richarlison bem próximo de Renan Lodi e emulando a linha de cinco defensores chilena. Muita compactação na frente da área com os atacantes adversários encaixotados, muita atenção em cada pedaço de campo e bastante inteligência para segurar a bola na frente e fazer o tempo passar. O Chile ainda teve um gol de Vargas anulado pelo VAR (após impedimento de Pulgar) no início da jogada e teve em Ederson, Marquinhos, Thiago Silva, Danilo e (principalmente) Casemiro uma fortaleza quase impossível de ser vencida.

Tite organizou a Seleção Brasileira numa espécie de 4-4-1 após a expulsão de Gabriel Jesus. O escrete canarinho compactou as suas linhas, fechou os lados do campo com Richarlison e Lucas Paquetá e teve em Casemiro o grande líder do meio-campo. Foto: Reprodução / YouTube / Copa América

Ainda houve tempo para as entradas de Everton Cebolinha e Éder Militão no finalzinho da partida. Tudo com o objetivo de manter a organização defensiva da Seleção Brasileira, ganhar alguns minutos e um pouco mais de fôlego para garantir a vaga nas semifinais da Copa América. E talvez essa seja mesmo a tônica de qualquer análise que se possa fazer da partida desta sexta-feira (2). A equipe comandada por Tite mostrou muita maturidade e muita inteligência para segurar o ímpeto chileno após a expulsão de Gabriel Jesus. Ao mesmo tempo, o 4-4-2/4-2-4 de Tite parece ter ganhado ainda mais liga com a boa atuação de Richarlison (importantíssimo no balanço defensivo) e eficiente nas subidas ao ataque pelo lado esquerdo. E isso sem falar em Neymar, que vem jogando muito mais para o time do que para si. E sua atuação no segundo tempo foi a prova dessa evolução tática do nosso principal jogador.

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O futebol apresentado pela Seleção Brasileira pode não ser o mais vistoso e o mais agradável de se ver. Mas é altamente eficiente e tem bases firmes num modelo de jogo muito bem executado por todos os jogadores. Ainda que a equipe precise de um teste mais complicado (contra Uruguai, Argentina ou qualquer equipe do primeiro escalão mundial), fato é que a equipe comandada por Tite mostrou ainda mais repertório. E desta vez num cenário completamente adverso.

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