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Seleção Feminina derrota a Colômbia e dá a resposta que todos nós esperávamos

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a boa atuação do Brasil e as escolhas de Arthur Elias na partida deste domingo (25)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.
Seleção Feminina derrota a Colômbia e dá a resposta que todos nós esperávamos

Leandro Lopes / CBF

A atuação coletiva da Seleção Feminina diante da Colômbia foi um alento diante da vitória magra sobre Porto Rico. Mais do que isso. Foi a resposta que todos nós esperávamos da equipe comandada por Arthur Elias. O Brasil jogou bem, anulou as armas ofensivas das adversárias e quase não sofreu em San Diego.

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É verdade que essa diferença no desempenho de um jogo para outro faz parte desse início de ciclo. A busca pela formação que melhor acomode as jogadoras em campo e pelos nomes que melhor executem as propostas do treinador brasileiro são partes desse processo iniciado depois da Copa do Mundo Feminina. É mais ou menos o que se viu neste domingo (25). Não é apenas uma resposta às críticas (incluindo as deste que escreve), mas a certeza de que esse time pode jogar bem.

Fato é também que o time ainda está longe do ideal. A Seleção Feminina ainda precisa corrigir uma série de problemas como as tomadas de decisão e uma certa falta de criatividade no meio-campo. Por outro lado, a vitória sobre a Colômbia e a classificação antecipada dão mais tranquilidade nessa sequência de trabalho.

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Mudanças na formação e no desempenho dentro de campo

Arthur Elias retornou ao esquema com três zagueiras, mas o ponto aqui não está na formação, e sim na execução dos movimentos e na postura das jogadoras em campo. Gabi Nunes foi uma espécie de “enganche” no Brasil, fechando em cima de Bedoya e dando boas opções para Bia Zaneratto e Adriana. Gabi Portilho e Tarciane vigiavam Linda Caicedo de perto e as “Dudas” Santos e Sampaio fechavam em cima de Montoya e Ilana Izquierdo. Um 3-4-1-2 bem nítido.

Formação inicial das duas equipes em San Diego. Gabi Nunes vigiou Bedoya de perto e liberou Bia Zaneratto e Adriana para o ataque no 3-4-1-2 proposto por Arthur Elias.
Formação inicial das duas equipes em San Diego. Gabi Nunes vigiou Bedoya de perto e liberou Bia Zaneratto e Adriana para o ataque no 3-4-1-2 proposto por Arthur Elias.

É interessante destacar aqui o papel feito por Duda Santos. Além do gol marcado logo aos quatro minutos de partida, a camisa 21 da Seleção Feminina desempenhou uma função importantíssima. Além de fechar os espaços por dentro (junto de Duda Sampaio), a jogadora da Ferroviária pisava na área com frequência ocupando justamente o espaço aberto por Adriana na frente da zaga da Colômbia. Todo o lance do gol mostra bem isso.

O gol brasileiro nasce da pressão alta na saída de bola. Bia Zaneratto intercepta e Gabi Nunes deixa Duda Santos na cara do gol. Imagens: Reprodução / YouTube / CONCACAF
O gol brasileiro nasce da forte pressão na saída de bola. Bia Zaneratto intercepta e Gabi Nunes deixa Duda Santos na cara do gol. Imagens: Reprodução / YouTube / CONCACAF

Com o cenário favorável, a Seleção Feminina conseguiu controlar mais o jogo e frear as investidas do time comandado por Angelo Marsiglia. Se o sistema ofensivo funcionava bem, o trio de zagueiras fazia partida de manual. Tarciane esteve precisa nos botes em cima de Linda Caicedo, Antônia foi muito bem jogando por dentro e Rafaelle ainda “tirou onda” de meia de criação em alguns momentos da partida. Ótima atuação do nossos sistema defensivo.

Seleção Feminina “ataca defendendo” e conquista um belo resultado

Vale destacar também que o gol de Duda Santos nasceu da forte marcação na saída de bola um dos pilares das equipes de Arthur Elias. Fazendo um paralelo com o futebol masculino, é o que Tite quer dizer com o “atacar defendendo”. Iniciar a marcação no campo de ataque com dobras e cobertura encaixada para que a bola seja retomada o mais rápido possível e a equipe possa reiniciar as jogadas ofensivas. Foi assim que o Brasil conseguiu se impor em campo.

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A Seleção Feminina jogou com aproximação entre as jogadoras de ataque, linhas de passe fechadas e passes rápidos na retomada da posse. Imagens: Reprodução / YouTube / CONCACAF
A Seleção Feminina jogou com aproximação entre as jogadoras de ataque, linhas de passe fechadas e passes rápidos na retomada da posse. Imagens: Reprodução / YouTube / CONCACAF

O ritmo caiu um pouco na segunda etapa com a exigência física da partida, mas o Brasil não abandonou completamente o plano de Arthur Elias. O time seguiu forte na marcação e ligado nos encaixes da pressão. Foi assim que a equipe conseguiu criar mais chances de balançar as redes. Uma pena que as tomadas de decisão ainda não sejam as melhores. É um ponto que precisa de atenção nos treinamentos. Mais tranquilidade e menos afobação.

Mesmo mais desgastada no segundo tempo, a Seleção Feminina manteve a marcação encaixada e levou perigo quando acelerou as jogadas. Imagens: Reprodução / YouTube / CONCACAF
Mesmo mais desgastada no segundo tempo, a Seleção Feminina manteve a marcação encaixada e levou perigo quando acelerou as jogadas. Imagens: Reprodução / YouTube / CONCACAF

A Seleção Feminina caiu de produção quando Gabi Nunes e Duda Santos deixaram o jogo. Por mais que Geyse tenha entrado bem, o mesmo não pode ser dito sobre Debinha. A camisa sete não se achou no ataque e deixou o setor mais sobrecarregado na marcação. Arthur Elias corrigiu esse problema com as entradas Aline Milene, Ary Borges e Vitória Yaya. Além disso, Luciana foi bem quando exigida (mesmo dando alguns sustos jogando com os pés).

Classificação garantida e mais tranquilidade para testes

O resultado conquistado e o bom desempenho diante do adversário mais forte do grupo dão sim um pouco mais de tranquilidade para Arthur Elias seguir com seus testes. É possível que vejamos mais uma nova formação e outras jogadoras ganhando minutos na partida contra o Panamá. Apesar do foco estar na disputa dos Jogos Olímpicos, fato é que uma boa campanha nos Estados Unidos pode trazer ainda mais confiança nessa caminhada até Paris.

Por outro lado, ainda é o momento de segurar um pouco a euforia. A Seleção Feminina mostrou que pode competir em alto nível e jogar mais do que vinha jogando. A formação escolhida por Arthu Elias deixou as atletas muito mais à vontade em campo e ajudou nesse processo. Agora, é seguir corrigindo os erros e buscar melhorar ainda mais o desempenho até as Olimpíadas.

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