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Torcida “Marias de Minas” envia propostas para combater a LGBTfobia no futebol mineiro

O grupo quer clubes e instituições a favor de um estádio mais seguro para todos os públicos.

Julliana Paulino
Colaborador do Torcedores

O futebol brasileiro está vivenciando constantes mudanças em prol da igualdade no mundo da bola. É visando essa igualdade que a torcida “Marias de Minas” promete lutar. O grupo é composto por cerca de 60 membros que defendem os direitos LGBTQ+ (lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, travestis, transexuais, queer) no futebol mineiro.  

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Recentemente a torcida protocolou propostas para combater a LGBTfobia dentro dos estádios, visando também instruir a equipe de arbitragem e segurança do local, para procederem corretamente em uma situação de ódio contra este público durante a partida.

As propostas foram enviadas ao Cruzeiro, América, Tombense, Tupynambás, Patrocinense, Caldense, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), à Federação Mineira de Futebol (FMF), ao Tribunal de Justiça Desportiva de Minas (TJD-MG) e ao Mineirão. O contato com o Atlético ainda está sendo feito. 

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“Queremos poder sentar com os times e instituições o mais breve possível. A resposta mais rápida nos acreditamos que será do Mineirão, que já tem feito ações em prol da luta”, afirmou um participante da torcida, que preferiu não se identificar, em conversa com o Torcedores

Como surgiu as “Marias de Minas”

Criada em 2019 com o intuito de torcedores LGBTQ+ se conhecerem, a torcida se adequou às demandas. Um episódio que impulsionou a mudança de rumo do movimento foi o caso de homofobia no Mineirão em setembro de 2019, onde dois rapazes, namorados, foram vítimas de ameaças e mensagens de ódio após assistirem ao jogo Cruzeiro x Vasco abraçados.  Em conversa com o Torcedores, uma das vítimas conta que na época o Cruzeiro telefonou para declarar apoio e solidariedade. 

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Hoje, as “Marias de Minas” trabalha a favor de uma arquibancada mais plural, acessível e segura para todos os torcedores – e é inspiração para novos movimentos! “Há contatos de várias torcidas LGBTQ+ do Brasil para fazer algo maior, lá tem representante de times da Série A, B, C e D”. O entrevistado citou clubes como Corinthians, Bahia, Paysandu, Athletico Paranaense e Coritiba. 

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As propostas

  • Solicitar ao STJD a correção da Recomendação 01/2019, publicada em 01 de agosto de 2019 que cita opção sexual ao invés de orientação sexual e identidade de gênero.
  • Apoiar a inclusão em pauta do legislativo da atualização do artigo 243-G do CBJD que não cita orientação sexual e identidade de gênero.
  • Disponibilização de aplicativo para denúncia de casos de LGBTfobia nos estádios. O aplicativo poderia estar diretamente ligado a órgãos de segurança pública.
  • Desenvolver e transmitir nos intervalos das partidas vídeos educacionais de combate a LGBTfobiano futebol, tanto nas TVs do estádio quanto no telão.
  • A garantia de revista de mulheres trans por policiais femininas nas entradas dos estádios, e homens trans por policiais homens.
  • Clubes promoverem ações em suas redes sociais sobre o combate à LGBTfobia e comunicar formalmente aos torcedores sobre este ofício e a intolerância a todo e qualquer tipo de preconceito.
  • Respeito ao nome social das pessoas travestis e transexuais nos registros de associados e associadas dos clubes, bem como no tratamento por parte de qualquer agente envolvido no futebol do estado.
  • Estímulo para a criação de grupos e movimentos, multidisciplinares, que ajudem a debater e criar soluções para o combate a LGBTfobia nos clubes e estádios, assim como acolhimento dos movimentos e torcidas LGBTQI  que já têm surgido de forma independente. 
  • Campanhas, workshops, cursos e demais ações de caráter educativo para as entidades e agentes do futebol (federação, árbitros, jogadores, seguranças, etc.) sobre o que é a LGBTfobia e seus males.
  • Reforçar orientação aos árbitros e auxiliares de arbitragem para interromper partidas quando identificada qualquer ação de caráter LGBTfóbico (como uso de termos pejorativos ou canto de músicas de teor homofóbico) por parte de torcedor, jogador ou qualquer membro de comissões técnicas. Tais atos devem ser relatados na súmula e responsáveis julgados e devidamente punidos de acordo com orientações do STDJ. 
  • Que medidas e protocolos sejam adotados a fim de garantir a segurança de pessoas LGBTQI durante as partidas de futebol nos estádios, como seguranças qualificados e aptos para atender demandas desse público, além do posicionamento firme e coerente dos agentes que promovem e executam o futebol em Minas Gerais (times, órgãos públicos e privados, estádios) contra esse tipo de preconceito.

O Torcedores entrou em contato com o Mineirão e com a Federação Mineira de Futebol (FMF) para buscar um posicionamento, mas ainda não obteve retorno.